A educação profissional tem impacto positivo no crescimento econômico do país. A análise foi feita por representantes do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), no primeiro painel do CB Fórum Educação Profissional e o Primeiro Emprego, parceria do Correio Braziliense com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Distrito Federal (Senac-DF), realizado nesta quinta-feira (23/11), no auditório do jornal.
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O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Getúlio Marques, destacou que, se houver o dobro de estudantes nessa modalidade, o Produto Interno Bruto (PIB) dará um salto significativo. "O Plano Nacional de Educação (PNE) mostra que deveríamos ter o triplo da oferta que tínhamos em 2013. Na época, os indicadores eram de 1,6 milhão de alunos. Hoje, temos 2,07 milhões, quando deveríamos ter mais de 4 milhões", disse. "Se nós dobrássemos essa oferta na educação profissional, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentaria 1,34%. E, se triplicarmos, nós iríamos para 2,32%. O PIB aumentaria porque teríamos mais salário, mais emprego, fazendo com que a economia do Brasil girasse ainda mais", explicou o gestor, que é ex-diretor-geral do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).
Marques enfatizou que o fomento à educação profissional é uma tendência mundial. "Na Alemanha, mais de 50% dos alunos do ensino médio saem com formação técnica. No Brasil, uma pesquisa mostra que são 8%. Desde que estou discutindo educação profissional, nós não saímos disso. Nós queríamos atingir as metas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tendo a oferta maior de educação profissional, ao menos chegando perto da meta de 32%. O estado do Piauí acabou chegando na meta, e vamos ver esse resultado mais na frente", exemplificou.
O gestor ressaltou ainda que, apesar de o investimento nessa modalidade ser maior do que nas escolas de ensino médio, o retorno no PIB brasileiro com valores mais robustos no modelo de aprendizagem com foco no desenvolvimento de competências e habilidades técnicas será infinitamente maior. "Se dobrarmos (o investimento) na educação profissional, o investimento dos estados sairia de 1,18% para 1,27%. Se triplicarmos, sairia de 1,18% para 1,35%. Ora, se fazemos essas operações e o PIB duplica e triplica, só corrobora com o discurso do presidente Lula de que educação é um investimento, porque existe retorno. O governo federal está investindo nisso na Qualifica PAC. Nenhum de nós irá fazer essa revolução sozinho", completou Getúlio Marques.
O secretário lembrou que a educação profissional é uma oportunidade de futuro não só para os jovens, mas também para pessoas de mais idade, que queiram progredir em suas carreiras. "Não podemos esquecer que precisamos buscar novos conhecimentos, além de entender que a inteligência artificial está chegando. Ela não se criou sozinha. Por trás de tudo aquilo, somos nós que fazemos. É só para colocar que tudo isso depende de pessoas", assinalou.
Expansão
A chefe da Unidade de Gestão Estratégica da Educação Básica da SEEDF, Maria Susley Pereira, manifestou-se em sintonia com o representante do MEC. Para ela, a educação profissional implica na potencialização da riqueza do país. A educadora, com 34 anos de experiência, defendeu a capacidade do novo ensino médio em possibilitar ao estudante seguir a melhor trajetória profissional conforme seus desejos e convicções.
"Desde a década de 1960, o DF tem a perspectiva de valorizar e investir na educação profissional e tecnológica. Naquela época, começou apenas com a Escola de Música de Brasília, uma instituição que é conhecida internacionalmente", sublinhou. Hoje, o Distrito Federal conta com 18 unidades escolares da rede pública de ensino, que oferecem educação profissionalizante em dez regiões administrativas. Neste ano, a rede pública de ensino ofertou 15,2 mil novas vagas na educação profissional e tecnológica, considerando-se os dois semestres.
Maria Susley avaliou que a oferta de vagas em ensino profissionalizante e tecnológico encontradas em faculdades poderiam ser dobradas ou triplicadas, caso o ensino médio público também adotasse o modelo e reconhecesse sua importância para a formação de futuros profissionais. Por isso, a Secretaria de Educação planeja ações para ampliar esse número, entre elas, a inauguração da Escola Técnica Leste, no Paranoá. "A expectativa, somente para o primeiro semestre de 2024, é chegarmos a 11 mil vagas. Então, a gente quer dobrar o número de ofertas de formação profissional e tecnológica no ano que vem", antecipou.
De acordo com a gestora, as escolas técnicas atendem aos arranjos produtivos locais. Entre as opções de ensino profissionalizante no DF, há cursos de logística, informática e administração, entre outros. "Cada escola tem a sua característica, a oferta dos diversos cursos com as mais diversas especificidades, desde cursos técnicos e de qualificação, bem como especialização, que é o caso da escola de Planaltina", disse. Outros exemplos são as qualificações na área de eletrônica e manicure.
"Posso ter um curso técnico, mas posso buscar ampliar a minha formação. E isso é um dos pontos interessantes da educação profissional. Ela desenvolve, inclusive, o espírito empreendedor em uma perspectiva pessoal, isso é muito interessante", prosseguiu.
*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso
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