Mãe de Julia de Albuquerque Violato, 37 anos, que morreu na tragédia ocorrida nessa sexta-feira (17/11), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Ana Rosa de Albuquerque, 72, classificou a filha, em entrevista ao Correio, como “muito destemida e corajosa”.
“Era o meu amor. A Julia era a caçula, morava comigo e era minha companheira. Fazíamos tudo juntas. Era minha melhor companheira de viagem”, ressaltou. “Ela cuidava de mim, pois, apesar de ser uma pessoa ativa, sou idosa. Ela sempre dizia que não queria morrer antes de mim. Se preocupava muito comigo e me amava demais. Não sei como vou viver sem ela”, desabafou Ana Rosa.
Julia de Albuquerque era formada em artes plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). “Ela estudava para concurso público e trabalhava como fotógrafa. Morou durante dois anos na Alemanha, estudou na Universidade de Siena, na Itália, e morou um ano na Inglaterra”, detalhou a mãe, orgulhosa.
“Sempre foi uma pessoa muito destemida e corajosa, que estava procurando seu lugar no mundo. Inclusive, soubemos após o acidente que ela tinha passado em um concurso na Secretaria de Planejamento (Seplad-DF)”, revelou Ana Rosa.
Ainda segundo a mãe, Julia era extremamente alegre e agregadora. “Sempre juntava as pessoas. Para ela, não tinha distinção, qualquer um poderia ser amigo”, disse. “Também tinha muita participação política. Isso era tão importante quanto o ar que ela respirava”, comparou Ana Rosa.
Processo
Ao Correio, ela contou que, em nenhum momento, recebeu qualquer assistência, seja do Governo do Distrito Federal, seja da empresa de ônibus. “Não foi um acidente e sim uma sucessão de erros e negligência”, diz a mãe de Júlia, que já constituiu advogado para processar o GDF, a empresa de ônibus e o motorista. “Só vou sossegar a hora em que estiverem todos na cadeia”, avisa.
Ana Rosa lista vários pontos de descaso que contribuíram para a tragédia. Primeiro, o fato de a via em que o ônibus trafegava não ter cancela com avisos — dessas que o leitor certamente já viu nos filmes — para obrigar todos os carros a pararem quando os trens se aproximam do cruzamento. Segundo, a companhia de transporte, que não treina os motoristas para essas passagens e mantém em seus quadros as infrações de trânsito. Terceiro, o motorista, ao perceber que seu veículo era grande, não ter parado antes da linha férrea e esperado para fazer a travessia. “O GDF fez a obra sem se preocupar com a segurança e a empresa não estava nem aí para isso. Vou gastar até o último centavo que eu tiver para processá-los”, garante Ana Rosa.
A reportagem entrou em contato com o GDF para comentar as falas da mãe de Júlia, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria. O espaço permanece aberto para eventual manifestação.
Ao Correio, a Marechal informou que lamenta "profundamente o acidente" e que "nossos assistentes sociais e psicólogos estão comprometidos em acompanhar de perto o caso, assegurando toda a assistência necessária às vítimas e seus familiares".
“Os rodoviários passam por treinamentos regulares, abrangendo diversos aspectos essenciais para a segurança e o bem-estar dos passageiros. Estes treinamentos incluem direção defensiva, relações humanas, primeiros socorros, e outros temas relevantes", acrescentou a empresa.
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