Uma das joias da ciência produzida na Universidade de Brasília (UnB), o herbário da instituição completa 60 anos em 2023. Localizado no Departamento de Botânica, do Instituto de Ciências Biológicas, o espaço guarda 272 mil amostras, representando a principal coleção de espécies do cerrado em todo o mundo. "O herbário é uma coleção científica de plantas desidratadas organizadas de forma sistematizada. Aqui, guardamos material de várias pesquisas feitas no campo da botânica", explica a professora e curadora Regina Célia de Oliveira. Ela destaca que a coleção tem grande importância para o estudo e a preservação da biodiversidade.
Entre as várias utilidades de um herbário, a principal delas é a identificação de espécies de plantas e algas. "Outro dia, identifiquei uma planta para a Polícia Federal (PF), porque eles a haviam achado ao lado de um embrião morto. A suspeita era de que ela seria arbotiva", exemplifica Regina Célia de Oliveira. "Todas as políticas públicas que envolvem a flora são ancoradas nas informações dos herbários", complementa a curadora.
O espaço da UnB guarda, além de espécies do cerrado, exemplares de plantas e algas de diversas partes do mundo. Regina Célia de Oliveira conta que isso ocorre graças ao intenso intercâmbio entre herbários nacionais e internacionais. "Isso é para manter todo esse material em mais de um local para prevenir em caso de acidentes, como aconteceu com herbário de Berlim, na Alemanha, destruído durante a 2ª Guerra Mundial", detalha a docente.
Investimento
São milhares de amostras no herbário da UnB, acervo de valor inestimável para a produção científica. No entanto, o espaço vem enfrentando dificuldades, principalmente em relação à limitação de espaço, o que demanda mais investimentos. Novas coletas chegam a todo momento, e a estrutura atingiu o limite de capacidade. A curadora Regina Célia de Oliveira revela que alguns exemplares começaram a serem guardados fora do local adequado.
"Com a substituição dos armários por compactadores, seguindo o crescimento atual, a estimativa é de que teríamos espaço por mais 30 anos, em decorrência da otimização do repositório, sem precisar construir uma nova edificação", pondera a vice-curadora Caroline Andrino. "A UnB precisa ter um museu de história natural, que poderia juntar as várias coleções científicas que a universidade tem, como as da geologia, da zoologia, e da botânica", conclui a pesquisadora.
O herbário conta com exemplares de samambaias, briófitas (musgos), espermatófitas (plantas com sementes), algas, frutas e árvores como o pau-brasil. Atualmente, uma equipe do Departamento de Botânica da UnB está na Antártida colhendo espécies de musgos, que serão anexadas à coleção. "Usamos código de barras para unir as imagens da internet com as informações da planta", informa Regina Célia de Oliveira. Todo o banco de dados do herbário está disponível no site specieslink.net.
Celebração
Como forma de comemorar as seis décadas de existência, a equipe do herbário da UnB está lançando um livro sobre a história do espaço, com documentos e registros fotográficos. A obra foi organizada por Regina Célia de Oliveira e Caroline Andrino. A pré-venda vai até 21 de novembro, por R$ 60. A reserva pode ser feita pelo endereço bit.ly/livroub60anos.
Em 5 e 6 de dezembro, como parte da celebração, haverá atividades no Instituto de Central de Ciência (ICC) e no Instituto de Biologia, em que o público poderá conferir exposições científicas, participar de oficinas e acompanhar apresentações artísticas. No dia 6, está marcada uma cerimônia com a presença da reitora da universidade, Márcia Abrahão, e autoridades da área científica. Na ocasião, o livro Herbário UnB 60 anos será lançado.
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