O major preso pela Polícia Federal, em março, Cláudio Mendes dos Santos, suspeito de liderar o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, revelou que outros policiais presos que compartilham ala com ele, na Papuda, oram todos os dias em intenção ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O oficial está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, com outros policiais militares. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), o major explicou que oram para outras pessoas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu creio que sou conservador, mas para o bem (sic). Todos os dias a gente ora naquele presídio pelo Alexandre de Moraes e pelo Lula. Nós não queremos o mal dessas pessoas. Queremos que eles tenham sucesso (...) ”, disse. "Lá (na prisão) nós tivemos 12 batismos, várias conversões, e tem cultos todos os dias lá naquele presídio. Nós oramos não só pelo presidente Lula, mas também para Bolsonaro e Moraes. Nós não temos ódio. Esse país precisa de amor, de Cristo. Eu nunca fiz mal a uma barata", completou o major.
“Tenho outros dois presos lá comigo, um chamado de Cláudio Felipe e outro João Gama. São homens de 60 anos, que estavam lá pedindo para o pessoal não quebrar. Eles são pessoas das mais honestas e dignas que já conheci em toda a minha vida. Eles são de São Paulo, e estou preso onde está preso policiais”, disse.
Logo em seguida, o major pastor pediu para que os distritais olhem para pessoas que estão no acampamento, e direcionou o pedido ao deputado distrital Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar (CDDHCEDP). O oficial também pediu que Moraes, relator dos processos que apuram os atos antidemocráticos de 8/1, relaxe a prisão deles.
Oitiva
O depoimento do oficial aposentado estava marcado, inicialmente, para 18 de outubro. Preso no batalhão da PMDF dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, ele passou mal durante o trajeto à CLDF, se queixando de dores no abdômen. Santos foi levado às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião.
Na unidade, o médico deu três dias de atestado para o oficial e, por isso, a oitiva do major foi adiada, sendo remarcada para essa quinta-feira (9/11).
Nas investigações conduzidas pela PF, o oficial é suspeito de atuar na incitação de atos antidemocráticos, em frente do Quartel General (QG) do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). As investigações apontam ainda que o major teria ensinado táticas de guerrilha para os manifestantes do acampamento.
O major é investigado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
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