No dia em que o transporte do DF parou, ônibus piratas e transporte clandestino feito por carros de passeio e vans lucraram não só pelo transporte de passageiros, mas, principalmente, com a cobrança de até duas vezes o preço da passagem. O trânsito ficou caótico e muita gente chegou atrasada ou nem sequer conseguiu chegar ao local de trabalho.
Há quem precisou literalmente suar para chegar ao serviço, como é o caso da auxiliar de limpeza Maria Regina da Silva, 48 anos, que trabalha em Taguatinga Norte. Ela conta que precisou andar a pé de casa até a estação do metrô de Ceilândia Centro, de onde andou novamente, por cerca de 10 minutos, para chegar ao serviço. "Até passei mal, porque (o trem) estava cheio e não costumo andar de metrô", disse.
Morador de Vicente Pires, o auxiliar administrativo Arthur Felipe Sales, 21, chegou de carro, na carona com a mãe, a um ponto de ônibus da Praça do Relógio, no centro de Taguatinga, e foi pego de surpresa com a paralisação total dos rodoviários. Por volta das 7h, ele chegou a esperar 10 minutos por um transporte coletivo, mas desistiu de pegar a condução e de ir ao serviço, na Avenida Hélio Prates. "Avisaram muito em cima da hora a greve", criticou. "Querendo ou não, eles (rodoviários) precisam do reajuste deles, mas eu também precisava chegar no meu emprego", desabafou o jovem.
Rodoviária
O transporte pirata tomou conta da Rodoviária do Plano Piloto na manhã de ontem. A técnica em enfermagem Patrícia Moreira, 24, é moradora de Taguatinga Sul e saiu às 4h40 de casa para tentar chegar às 8h em Planaltina. "Consegui pegar o metrô até o centro, me espremendo no primeiro vagão que passou", relatou. Até a estação, havia pegado um carro por aplicativo, apesar de os valores estarem mais caros. Para Planaltina, porém, optou por uma lotação clandestina, com o mesmo valor das passagens de ônibus, R$ 5,50. "Sei que não é seguro, mas vou fazer plantão e tenho paciente me esperando", comentou.
Já Edivânia Alves, 30, veio do Riacho Fundo 2 e, até a estação de metrô, conseguiu uma carona, mas o trânsito estava intenso e mais lento que em outros dias. Necessitando chegar ao trabalho às 9h, onde é auxiliar de classe, na 308 Norte, pediu um transporte por aplicativo, cujo tempo de espera era longo, devido à grande demanda de corridas. Sobre a greve, opinou: "É complicado, pois tem tempo que os rodoviários não paralisam, então imagino que, agora, seja por um motivo compreensível. Ao mesmo tempo, nós, trabalhadores que dependem dos coletivos, saímos prejudicados."
Escolas públicas
Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) disse que acompanhou o impacto da greve dos rodoviários nas aulas da rede pública e assegurou que o estudante que não compareceu às aulas de ontem terá a ausência justificada e não sofrerá nenhuma perda pedagógica. A pasta, por meio de suas unidades escolares, disponibilizará atividades indiretas.
A Secretaria acrescentou que oferta o transporte escolar de modo suplementar ao transporte público. Mensalmente, são atendidos mais de 63 mil estudantes. Entre eles, 55,8 mil são de ensino regular; 6,3 mil, de educação integral; e 1,7 mil de ensino especial. "Dessa forma, quanto aos estudantes que são atendidos pelo transporte escolar, informa-se que não houve prejuízo ao acesso às escolas nesta segunda-feira", confirmou a SEEDF.
Em publicação nas redes sociais, a Universidade de Brasília (UnB) comunicou que, em virtude da greve dos rodoviários, recomendou aos professores que não realizassem avaliações ou outras atividades obrigatórias enquanto o sistema não voltar à normalidade. A nota foi assinada pelo vice-reitor, Enrique Huelva Unternbäumen.
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