A greve dos rodoviários e a possibilidade de adoção do passe livre no Distrito Federal foram temas da entrevista com o presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da Câmara Legislativa, Max Maciel (PSol), no programa CB. Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — dessa segunda-feira (6/11). Aos jornalistas Ana Maria Campos e Arthur de Souza, o deputado distrital frisou que os rodoviários avisaram sobre a paralisação em 28 de outubro. Ele criticou o atual sistema de transporte coletivo e afirmou que a conta sempre recai sobre a população.
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O senhor está acompanhando a greve dos rodoviários?
É importante dizer que o sindicato avisou no dia 28 de outubro, em uma assembleia, sobre a paralisação. Tinha deixado em estado de alerta, enquanto estava tramitando aquele crédito a mais para as empresas. Agora, cumpriu a promessa, que era fazer a paralisação pedindo o aumento da categoria e outros benefícios. A gente está acompanhando desde muito cedo (nessa segunda-feira), porque, de fato, os trabalhadores são os prejudicados. Saem todos os dias para fazer a cidade funcionar e não têm outras alternativas de mobilidade, ficam reféns. A parte oeste ainda tem o metrô, que pode ser uma sobreposição desse serviço. Mas o resto da cidade ficou ilhado. (...) Os trabalhadores (rodoviários) têm todo o direito de reivindicar, são eles que seguem precarizados, assistindo todo dia, todo ano, milhões e milhões de reais indo para as empresas e não tendo uma melhora na qualidade do trabalho. Os ônibus continuam sem o motor dianteiro. Algumas empresas com serviços precarizados, ônibus que quebram. Isso também coloca o profissional em risco, porque ele tem que responder para a população que o ônibus quebrou, e quebrou de novo. Quando têm obras que não facilitam o transporte coletivo, só o transporte individual. Agora, toda essa conta sempre recai novamente sobre o povo do DF e nunca aos empresários.
É possível pensar em passe livre no DF?
Nós acreditamos que sim. Criamos a subcomissão de tarifa zero. Os relatórios estão no site da CLDF, no link da Comissão de Transporte. Estamos estudando. São mais de 80 cidades que já implementaram a tarifa zero e, na maioria delas, não é o estado que é beneficente, é porque esse modelo que vigora hoje faliu. Quanto mais saem pessoas do sistema, mais você tem que aumentar os subsídios para as empresas, pois tem um contrato que garante a quantidade de passageiros. Isso vai ficando insustentável, pois caso aumente a tarifa, as pessoas irão comprar moto, carro. Nós achamos viável, de uma forma escalonada, assumir a tarifa zero. Eu digo de cara: primeiro, mantém o transporte de vizinhança nas cidades em que não existe transporte com as empresas. E o governo com as suas estatais, como o metrô e a TCB, assumem os corredores exclusivos com tarifa zero. Nós temos a vantagem de que todo mundo desembarca na Rodoviária (do Plano Piloto).
O senhor tem uma lei aprovada que estabelece o Dia do Hip Hop. O que vai ter de diversão e divulgação na Câmara Legislativa?
Um lado da mesa diretora institucionalizou a Semana Distrital do Hip Hop na CLDF. É um evento aberto à população, mas voltado para a Casa. Está tendo uma exposição do Rivas, o irmão do falecido DJ Jamaika, que conta a sua trajetória, a trajetória do irmão pelo hip hop, a partir do grafite. Nós temos uma linha do tempo mostrando um resumo sobre o que foram os anos 1980. Vai ter uma feirinha com produtos vinculados à cultura hip hop, filmes das 12h às 13h. No final da tarde, tem batalha de MCs, rodas de debate sobre hip hop e a mulher. Na sexta-feira, queremos homenagear mais de 700 nomes que fizeram parte dessa história no DF. Qualquer pessoa pode chegar, é tudo gratuito e aberto à população", conclui.
E sobre o projeto que o senhor apresentou para acabar com o elevador social e o de serviço.
É importante dizer que, na CLDF, isso já foi tratado outras vezes pela (então) deputada Maninha, exatamente para evitar esse tipo de preconceito. A lei que a gente está apresentando é para definitivamente excluir o termo "serviço". Alguns zeladores não podem dividir o elevador com seu patrão. Às vezes, têm que subir escada, descer. Isso virou cultural. Que bom que isso gera debate, pois isso faz com que as pessoas entendam a história.
Veja a entrevista
*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso
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