Greve

Com a greve, passageiros se aglomeram na Rodoviária em busca de alternativas

Com celulares na mão, trabalhadores aguardam por transportes por aplicativos, na tentativa de chegar ao trabalho. Devido à demanda, corridas estão mais demoradas

Na plataforma inferior, havia apenas ônibus em direção à Esplanada dos Ministérios -  (crédito: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press)
Na plataforma inferior, havia apenas ônibus em direção à Esplanada dos Ministérios - (crédito: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press)
postado em 06/11/2023 08:54 / atualizado em 06/11/2023 08:54

Na manhã desta segunda-feira (6/11), trabalhadores aguardavam, na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, por qualquer possibilidade de chegar ao serviço. Entre as alternativas, carros por aplicativos, caronas e lotações piratas. Na plataforma inferior, havia apenas ônibus em direção à Esplanada dos Ministérios. Para chegar a Brasília, muitos optaram pelo metrô, com vagões lotados e espera longa. Nas paradas, lotadas, somente coletivos do Entorno e de empresas particulares.

A estudante e atendente de telemarketing Geovanna Ribeiro, 21 anos, saiu de casa às 5h50 e, de metrô, veio à rodoviária, onde aguarda por um carro de aplicativo para chegar ao trabalho, na 508 Norte. O trajeto já foi difícil desde o início: não conseguiu entrar no primeiro trem devido à alta demanda de passageiros; no segundo, conseguiu, mas relatou ter pessoas passando mal pela quantidade excessiva de pessoas. Agora no Plano, enfrenta o cancelamento de viagens por motoristas de aplicativo.

"Muitos motoristas já cancelaram minha solicitação de corrida para a Asa Norte e preciso estar no serviço às 7h40", desabafou.

Motoristas de transporte pirata se aproveitaram da situação e estão cobrando até R$ 10 para deixar passageiros em regiões como Sobradinho 2, quase o dobro do preço da passagem de ônibus. "E tem demanda, viu? Saí de lá mais cedo com o carro cheio", disse o condutor que preferiu não se identificar.

Jonathan Rodrigues, 25, trabalha em um mercado na 213 Norte e veio de Ceilândia. Às 5h já estava de pé. Somente a partir do terceiro vagão, conseguiu pegar o metrô. Agora, aguarda um ônibus na parada em frente à rodoviária para chegar ao serviço, onde precisa estar às 8h. Conformado, relatou: "Se não tiver nenhum ônibus, voltarei para casa".

Em Taguatinga, metrô, carona e transporte por aplicativo

A busca por alternativas também é presente entre passageiros de Taguatinga. O analista de sistemas Gabriel Ferreira, 24,  chegou na estação de metrô de Taguatinga Centro de carona no carro do pai para chegar no serviço, no Setor Bancário Norte (SBN). "Acabei de fazer cirurgia no joelho e ficar em pé vai ser difícil para mim", acrescenta o morador de Taguatinga Norte.

Pego de surpresa pela paralisação total, ele costuma pegar ônibus das 6h50 até 7h20 na região, mas optou pelo metrô. Ele entende a greve, mas reclama dela ter sido anunciada em cima da hora. "Avisaram em um domingo e foi muito em cima para a gente, que ficamos sem ter o que fazer. Se a gente soubesse que iria acontecer na terça ou quarta-feira, e tem como a gente se programar", opina Gabriel.

Já a babá Lilian Regina, 46, esperava um transporte por aplicativo em um ponto de ônibus do centro de Taguatinga, para chegar ao trabalho, em Vicente Pires. Ela conta que não conseguia contato com a chefe para avisar que chegaria atrasada.

"Mandei mensagem cedo para a minha chefe avisando que não teria ônibus, mas não sei o que ela vai fazer. Do meu bolso eu não vou pagar", desabafa.

Em Taguatinga e em Ceilândia, a reportagem presenciou pontos de ônibus com pouco movimento de pessoas. Há, no máximo, 15 pessoas em média. O trânsito ficou engarrafado na Via Estrutural, desde a altura de Ceilândia.

Greve

Nesse domingo (5), rodoviários ocuparam o estacionamento do Conic, na área central de Brasília, para avaliar a proposta apresentada pelas empresas após negociações com o Sindicato dos Rodoviários do DF. Por ampla maioria, a categoria considerou a proposta das empresas de ônibus insuficiente e aprovou o início de uma greve por reajuste salarial, iniciada a 0h desta segunda-feira (6/11).

A diretoria do Sindicato dos Rodoviários do DF acrescenta que vai colocar diretores em pontos estratégicos e nas portas das empresas para garantir a maior adesão à greve. A entidade também destacou a importância das informações e atualizações divulgadas pelas diretoras e diretores da entidade para que não caiam em fake news de quem quer desmobilizar a categoria e deseja o fracasso da mobilização.

Ibaneis diz que Semob negocia fim da greve

Em publicação na rede social X, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, diz que o DF reconhece as reinvidicações da categoria e o valor dos rodoviários, que todos os dias transportam milhares de pessoas.

"Por tudo isso, é hora de responsabilidade. A sociedade espera que os rodoviários voltem à mesa de negociação com as empresas pelo bem de todos. Milhares de trabalhadores dependem deles para tocar suas vidas", publicou Ibaneis.

O chefe do Executivo local acrescenta que a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) tem envidado todos os esforços para colaborar com o fim do movimento grevista. "A sociedade apela para que as partes cheguem a um bom termo", finaliza o governador.

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