Robson Cândido, ex-diretor da Polícia Civil do DF, é preso

Robson foi afastado do cargo em 2 de outubro após ser denunciado por perseguir uma mulher e usar a estrutura da corporação para cometer o crime

Robson Cândido era delegado-chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, quando pediu saída do cargo após denúncias de stalking contra uma mulher virem à tona - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Ana Maria Campos +

Talita de Souza +

postado em 04/11/2023 08:11 / atualizado em 04/11/2023 16:08

A prisão preventiva do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal Robson Cândido ocorreu na manhã deste sábado (4/11), a pedido dos promotores do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP/MPDFT), com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPDFT) e do Centro de Inteligência (CI/MPDFT).

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Motivo: suposto uso da estrutura da Polícia Civil para perseguir uma mulher com quem o então delegado-geral teve um relacionamento. Segundo a investigação, a empresa COGNYTE, foi utilizada por policiais para inserir ilegalmente o número de telefone da vítima em interceptação telefônica em curso e que apura crime de tráfico de entorpecentes.

A prisão foi decretada pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Águas Claras. Além da prisão do ex-delegado-geral, os promotores cumprem dois mandados de busca e apreensão. Um dos alvos é a 19ª Delegacia de Polícia (DP), de Ceilândia.

As investigações tiveram início a partir da notícia da exoneração de Robson Cândido. Segundo a apuração do Ministério Público, os investigados utilizaram a estrutura da própria Polícia Civil, como viaturas descaracterizadas, celulares corporativos e carros oficiais, para fins ilícitos e particulares.

A ação desta manhã foi denominada pelos promotores de Justiça como Operação Vigia (uma alusão ao software de mesmo nome usado para interceptar o telefone da ex-namorada de Robson Cândido).

Além disso, de acordo com as apurações, os agentes públicos investigados promoveram de forma clandestina e criminosa a interceptação telemática de uma vítima, monitorando sua localização em tempo real no sistema VIGIA para, de posse das informações obtidas ilegalmente, praticarem o crime de stalking e a violência psicológica contra a namorada de Robson.

Segundo a investigação, o delegado-chefe da 19ª DP, Thiago Peralva Barbirato, valendo-se de operação de interceptação em curso em uma das Vara de Entorpecentes do Distrito Federal, teria inserido no sistema o prefixo telefônico da vítima.

Assim, foram colhidos elementos que apontam a existência dos crimes de interceptação telefônica ilegal, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, invasão de dispositivo de informática e descumprimento de medida protetiva de urgência.

O advogado Cleber Lopes, que representa Robson Cândido, disse ao Correio que acompanha o caso, mas ainda não tem todas as informações. Ele vai entrar com pedido de habeas corpus para relaxamento da prisão na segunda-feira quando encerrar o plantão do fim de semana e o juiz natural da causa puder avaliar as argumentações da defesa.

A Divisão de Comunicação da PCDF informou que a corporação não tem contrato ou acesso a qualquer sistema da empresa COGNYTE, apontada na investigação do Ministério Público como usada para incluir o telefone da vítima para interceptação telefônica.

Saída de Robson

Robson foi afastado do cargo em 2 de outubro após ser denunciado por perseguir uma mulher e usar a estrutura da corporação para cometer o crime. Com investigação em curso, a PCDF concedeu aposentadoria, decretada em publicação no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) de 17 de outubro.