A rentabilidade do Banco de Brasília está em queda livre nos últimos quatro anos. A piora na performance financeira pode ser verificada na evolução do lucro líquido recorrente da empresa. Em 2020, o banco registrou um saldo líquido recorrente de R$ 455,7 milhões. No primeiro semestre de 2023, esse valor chegou a R$ 37,1 milhões, segundo documentos divulgados pelo próprio BRB. A evolução do lucro líquido apresenta uma acentuada curva decrescente, em um padrão que se mantém até o demonstrativo mais recente do BRB.
Na análise dos exercícios completos, de 2020 a 2022, o lucro líquido do BRB registrou uma queda de mais de 65%. A fim de compensar essas perdas, o banco lançou mão de ações não recorrentes — como venda de ações e dilapidação do patrimônio — para garantir um resultado satisfatório aos acionistas.
Para 2023, a situação financeira do banco sugere piora. Até 30 de junho deste ano, o lucro líquido registrado pelo banco foi de R$ 42,1 milhões. O lucro líquido recorrente, por sua vez, estava em R$ 37,1 milhões. Esses dois valores são muito inferiores aos registrados nos anos anteriores. Mesmo se o BRB dobrar o lucro líquido recorrente no segundo semestre, o valor representará menos da metade dos números apurados em 2022.
Em 2020, o balanço do BRB contabilizou um lucro líquido recorrente de R$ 455,7 milhões. Nesse período, ainda não há registro de venda de ativos ou outras ações.
Em 2021, o BRB lançou em seu balanço um lucro de R$ 592,9 milhões. Mas incluiu nesse montante a venda de ações das bandeiras Visa e Mastercard, no valor de R$ 360,6 milhões, entre outras operações. Sem considerar essa ação pontual, o lucro líquido recorrente neste período totalizou R$ 278,4 milhões, revelando uma queda brutal na comparação com o ano anterior, quando o banco obteve R$ 455,7 milhões de lucro líquido recorrente.
Em 2022, o BRB realizou nova operação para indicar boa performance financeira. Contabilizou R$ 306,2 milhões de lucro líquido, mas foi preciso computar R$ 182,5 milhões provenientes da venda de imóveis, como agências bancárias. Não fosse isso e outras iniciativas, o resultado positivo cairia para R$ 160,6 milhões — lucro líquido recorrente bem inferior aos R$ 278,4 milhões que constam no exercício de 2021. Entre 2020 e 2022, o lucro líquido recorrente do BRB caiu 65%.
A deterioração desse item no demonstrantivo do BRB se agravou no primeiro semestre de 2023. Os balanços divulgados até aqui apontam R$ 37,1 milhões positivos no período. Mas esse saldo inclui um crédito tributário no valor de R$ 71,6 milhões. Desconsiderando esse lançamento, chega-se a um saldo negativo de R$ 23,7 milhões. Pode-se dizer, então, que, em 30 de junho de 2023, o banco operava no vermelho.
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Inconsistências
Os resultados do BRB citados acima ainda podem sofrer alteração, pois o Banco Central exigiu a reapresentação dos balanços referentes a 2022 e 2023. A autoridade monetária tomou a decisão após identificar inconsistências nos documentos do BRB. Na análise dos demonstrativos, percebe-se novamente a tentativa de compensar perdas financeiras com artifícios contábeis, como lançamento de créditos tributários.
Entre os principais bancos do país, o BRB é a única instituição que apresentou prejuízo no primeiro semestre de 2023, considerando-se os números antes do lançamento do Imposto de Renda. Seguindo-se esse critério, o Banco do Brasil reportou um lucro de R$ 24,6 bilhões. O Itaú ficou em segundo, com resultado positivo de R$ 19,1 bilhões. Em seguida, aparece o Bradesco, que obteve R$ 9,3 bilhões. O Santander apresentou lucro de R$ 5,8 bilhões. Já a Caixa Econômica Federal, R$ 3,9 bilhões.
Instituição financeira de perfil regional, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) obteve lucro de R$ 480,3 milhões.
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