Todos os dias, centenas de crianças se encontram na QE 40 do Polo de Moda, no Guará 2, onde fica localizado o Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria. Diane Galdino, 52 anos, diretora-presidente, mostra com orgulho as instalações da instituição de assistência social, que é mantida exclusivamente por doações. São salas para oficinas de teatro, desenho, leitura e dança, além de refeitório e toda uma estrutura que proporciona amor e bem-estar a cerca de 400 crianças e adolescentes com idades entre 4 e 15 anos, em situação de risco e vulnerabilidade que frequentam o espaço no contraturno escolar.
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"O objetivo é oferecer referenciais de vida para que essas crianças encontrem alternativas para superar a situação de pobreza, miséria e violência. Aqui são ensinados mais do que conteúdos, são vivências que transformam visões de vida. Eles aprendem a conviver, a se relacionar com o mundo, com os colegas e a cuidar de si e do outro", explica Diane.
Para a diretora da instituição, "dignidade" é uma palavra que virou quase uma obsessão. "Infelizmente, no nosso país, existe uma mentalidade de que as coisas da assistência social precisam ser pobres. Aqui não. As famílias são tratadas com dignidade. A mãe chega, tem horário marcado, espera no máximo 10 minutos, é servido cafezinho, biscoito", detalha. Passeando pelas instalações do centro, a limpeza impecável chama atenção. "Sou muito chata com a questão da limpeza", enfatiza.
Tudo é construído com material doado. Diane relembra que até a pandemia metade do lote era todo feito de madeirite. Hoje, o espaço conta até com quadra de esportes. "Não sei como ergui tudo isso. Só sei que estou muito endividada", revela. As maiores dificuldades, segundo ela, são as financeiras. Só de água e luz, ela calcula que a instituição tem mais de R$ 20 mil em dívidas. Diane assinala que há momentos em que pensa em desistir da iniciativa, que existe há 15 anos. "Mas quando lembro dos meninos, ganho ânimo para continuar. Pela transformação da vida de uma criança só, todo esse dinheiro já valeria a pena. Imagine por todas elas", destaca.
A assistência
Assim como os custos da estrutura e dos 28 funcionários registrados que ajudam o Centro Santo Aníbal funcionar, as refeições oferecidas para a meninada também são de doações, geralmente itens em bom estado que seriam descartados pelos mercados.
Após a oração, a criançada se organiza em filas e escolhe o que quer do menu. No lanche oferecido durante a visita da reportagem do Correio, as crianças puderam escolher entre uva, abacaxi, mamão e manga. Sucos naturais também fazem parte do cardápio. "Nunca permiti sucos em pó ou refrigerante. A saúde deles também é algo pensado pela instituição", ressalta Diane.
Aos 10 anos, Lara Rosa gosta das atividades de teatro, inglês e desenho. Ela é atendida pelo centro socioeducativo desde quando era bebê, quando ainda funcionava uma creche no local. "A tia Diane me trata muito bem, quase como filha dela. Também amo a comida daqui, é muito gostosa", diz a menina.
Para Miguel Soares, 9, o melhor são os brinquedos e as atividades promovidas pelas educadoras. Ele frequenta a instituição desde os 4 anos. "A tia Diane gosta muito de mim e aqui é muito criativo e legal", observa o garoto. Jennyfer Lima de Oliveira, 12, é assistida desde 2020. "Gosto de brincar, almoçar, interagir, ajudar a cuidar dos colegas e desenhar. É um lugar legal. Eu ficava muito na rua e aqui eu tenho todas as alimentações", conta a menina.
Motivação
Diane Galdino explica que pretende ampliar o centro. No pavimento superior há os espaços que são destinados para auditório, salas de dança e música. A preservação do local não é resultado apenas do trabalho dos funcionários. "As crianças também zelam pelo espaço. Elas são empoderadas, pois sabem que o espaço é delas. Quando comem no refeitório e saem, você não acredita que várias crianças acabaram de comer ali", orgulha-se.
Missionária da Igreja Católica, Diane afirma que a experiência religiosa permitiu-lhe uma visão diferente de mundo. "Eu vim de uma família cristã e venho construindo com o tempo esse ideal de um mundo mais justo, digno, humanizado, engajado politicamente em uma luta por um mundo melhor", diz a missionária. "Meu coração não tem fronteiras. Não importa se vem de outra religião, orientação sexual, de outro lugar. Se está em comunhão com a ideia de um mundo mais justo, eu acolho. Temos que ser cidadãos do mundo", completa.
Como ajudar
Bazar
Toda ajuda é bem-vinda no Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria. Além de doações, foi criado no local um bazar para levantar recursos financeiros e contribuir no custeio da instituição, que funciona sem convênio ou mantenedor. Na lojinha, interessados podem fazer doações e comprar peças com a etiqueta “Vista-se do Bem”. Mais informações podem ser obtidas no perfil @centrosantoanibal, no Instagram.
Doações em dinheiro
Banco do Brasil
AG: 2912-2
CC: 126481-8
Itaú
AG: 6244
CC: 09204-2
Caixa
AG: 1041 OP: 003
CC: 2245-5
Chave Pix
05508980000151
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