A 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) realizou, na manhã desta segunda-feira (30/10), uma coletiva de imprensa da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para esclarecer detalhes acerca da abordagem em blitz com tentativa de fuga e morte, na madrugada de domingo (29/10).
Segundo o delegado João de Ataliba Neto, foram instaurados dois inquéritos policiais, o primeiro relativo ao flagrante do motorista, Raimundo Cleofás, 41, preso pelos crimes de tentativa de homicídio contra um policial militar e por embriaguez ao volante; e o segundo para apurar as circunstâncias da morte do passageiro Islan da Cruz Nogueira, 24, causada pelo Estado. Em razão do alto grau de embriaguez do condutor, não foi possível interrogá-lo no momento do flagrante. Dessa forma, ainda não se sabe com certeza o que motivou a sua fuga.
Ataliba mencionou a falta de comunicação com a família da vítima, que alegou saber da morte do passageiro por terceiros e horas depois do episódio. “Acredito que foi um erro de procedimento do plantão, que deixou a responsabilidade de comunicação com os familiares para os parentes do motorista do veículo, que compareceram à delegacia e provavelmente não conseguiram comunicar-se prontamente com os entes de Islan”, disse.
Ainda não há confirmação se havia multas do veículo, que foi levado para perícia, e o laudo cadavérico da vítima não foi concluído. Todas as oito armas dos oito PMs que dispararam foram apreendidas para saber de qual pistola saiu o disparo que vitimou o passageiro. O motorista passou por audiência de custódia e teve a prisão convertida em preventiva. A PCDF tem dez dias para concluir o inquérito policial.
A PCDF ainda vai ouvir mais testemunhas, entre policiais, que serão identificados, e pessoas presentes no local do ocorrido. As câmeras de segurança da via serão analisadas para entender a dinâmica da fuga. “Hoje, a gente tem mais perguntas do que respostas”, concluiu o delegado.
O caso
Um jovem de 24 anos morreu após uma tentativa de fuga de blitz no Eixo Monumental. Islan da Cruz Nogueira era passageiro em uma BMW 350i branca, que fugiu da Operação Álcool Zero, na madrugada de domingo (29/10), no Eixo Monumental, perto do Complexo Brasil 21. Policiais militares deram ordem de parada, mas o condutor, Raimundo Cleofás Alves Aristides Júnior, 41, desobedeceu e acelerou em alta velocidade atropelando um PM.
Após a tentativa de fuga, agentes de segurança dispararam contra o veículo, atingindo Islan, morador de São Sebastião. Ele morreu no local, antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Segundo a corporação, a fiscalização era feita em três pontos de contenção na DF-010, perto das saídas de um bar movimentado na região. O veículo tinha cinco marcas de tiro nos vidros traseiro e dianteiro, capô e porta.
Durante a operação, o veículo de Raimundo Cleofás teria saído da fila para fiscalização, acelerado e atropelando um policial militar. Nesse momento, os agentes de segurança efetuaram os primeiros disparos em direção aos pneus. Chegando no próximo ponto de contenção, logo à frente, novos tiros. A PMDF afirma que o condutor desobedeceu às ordens emitidas pelos policiais, o que teria dado início à perseguição, até o momento em que o condutor parou, saiu do carro e deitou-se no chão, na via S1, perto da Esplanada dos Ministérios.
De acordo com a Polícia Militar do DF, a perseguição policial ocorreu porque o motorista estava com evidentes sinais de embriaguez. Após a morte do jovem, o corpo foi encaminhado à sede do Instituto de Medicina Legal (IML), da PCDF, onde chegou por volta das 3h de domingo (29/10). O Correio também apurou que o rapaz teve traumatismo craniano.
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