primeira infância

18,9% das crianças do DF não tiveram atendimento médico na 1ª semana de vida

O dado se refere à crianças de até 5 anos. O indicador foi coletado a partir de dados de 13.435 crianças que participaram da Campanha de Multivacinação de 2022

Segundo dados do projeto Primeira Infância para Adultos Saudáveis (Pipas), divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (25/10), 18,9% das crianças de até 5 anos do Distrito Federal não tiveram atendimento médico na primeira semana semana de vida — índice maior que a média geral, de 14,8%, referente a 13 capitais brasileiras. Os cuidados médicos nessa fase da vida são recomendados por especialistas por serem fundamentais para a redução da mortalidade infantil.

O estudo, realizado com o apoio da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, foram apresentados no X Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância. Os indicadores do projeto foram coletados a partir de dados de 13.435 crianças que participaram da Campanha de Multivacinação de 2022. 

Ao Correio, a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde, Sônia Venâncio, avalia que o índice da ausência de atendimento médico nas primeiras semanas de vida de uma criança pode ter sido influenciado pela pandemia de Covid-19. 

"Muitas ações que as equipes desenvolviam rotineiramente foram suspensas de forma temporária. A pesquisa foi feita no ano passado, quando as equipes estavam retomando essas ações. Isso pode ter impactado nesses resultados. O que o Ministério pretende a partir de agora é apoiar a retomada dessas iniciativas", pontua.

A coordenadora frisa, ainda, que o contato dos familiares de bebês recém-nascidos com equipes de saúde é um dos eixos estratégicos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal explica que o acompanhamento da criança é feito tanto pelo médico quanto pelo enfermeiro de família. As primeiras consultas são feitas de forma intercalada e podem ser realizadas por qualquer destes profissionais.

"O modelo de Atenção Básica no Distrito Federal é o modelo de Estratégia Saúde da Família. Dentro da unidades básicas de saúde (UBS) temos equipes de estratégia Saúde da Família (eSF) que são compostas por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Dispomos, também, das equipes e-multi com especialistas como nutricionistas, assistente social, dentre outros, que auxiliam as equipes de estratégia Saúde da Família (eSF)", diz a pasta, ao Correio.

Ainda segundo a Secretaria, todos os médicos e enfermeiros das equipes estão passando por treinamento especializado, reconhecido mundialmente, voltado para atenção integrada das crianças. "Atualmente, todas as equipes de Saúde da Família da pasta possuem médico e a chegada de novos profissionais, através da homologação de concursos, promove o avanço da cobertura da população pela atenção básica", acrescenta.

Números por capitais

  • João Pessoa (PB): 28,6%
  • Fortaleza (CE): 27,6%
  • Aracaju (SE): 20,1%
  • Porto Velho (RO): (19,2%)
  • Distrito Federal: (18,9%)
  • Belém (PA): 17,4%
  • São Luís (MA): 16,7%
  • São Paulo (SP): 12,3%
  • Campo Grande (MS): 8%
  • Rio de Janeiro (RJ): 7,6%
  • Florianópolis (SC): 6%
  • Porto Alegre (RS): 5%

Pré-natal

O estudo também mapeou a quantidade de mães que realizaram pré-natal em seis ou mais consultas. No DF, o número foi de 85,4%. A capital que registrou melhor desempenho foi Florianópolis, com 90,7%. O intuito do acompanhamento médico durante a gestação é permitir um parto com menores riscos para a mãe e para o bebê. 

"O acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes é para assegurar seu seguimento durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos (mensalmente, até a 28ª semana; quinzenalmente, da 28ª até a 36ª semana; semanalmente, no termo), acompanhando-as tanto nas unidades de saúde quanto em seus domicílios, bem como em reuniões comunitárias, até o momento do pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento oportuno ao centro obstétrico, assim como para a consulta na unidade de saúde após o parto", ressalta o Ministério da Saúde.

Diversidade na dieta

Outro ponto analisado no estudo, e que está conectado diretamente à saúde das crianças, é a alimentação. A pesquisa analisou a frequência com que as crianças de 6 a 23 meses consumiram alimentos de seis grupos, categorizados em:

  • grãos, raízes e tubérculos;
  • leguminosas;
  • leite materno, leite não materno e derivados;
  • carnes e ovos;
  • hortaliças;
  • frutas

No quesito da diversidade da dieta em crianças na primeira infância, o DF obteve o melhor desempenho entre as outras doze cidades analisadas: a unidade federativa detém uma taxa de 66% de diversidade no que está no prato das crianças. São Luiz, no Maranhão, registrou o menor índice, com 43,2%. A média nacional foi de 59,2%.

"Garantir a nutrição adequada às crianças envolve ações que promovam a boa nutrição das mães, especialmente durante a gestação, e políticas de suplementação de nutrientes quando se façam necessário", pontuam o Ministério da Saúde e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

Desenvolvimento infantil

Para que uma criança tenham uma infância saudável, também é essencial que elas vivenciem atividades estimuladoras, como ler livros, contar histórias, brincar, cantar, passear ou desenho. No DF, 81,5% das crianças foram envolvidas nessas tarefas. O índice supera a média nacional, que é de 75,6%.

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