Conselho Tutelar

Problema no sistema das urnas atrasa divulgação do resultado das eleições

Apesar do erro técnico, a equipe do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e as autoridades do DF garantiram a lisura da eleição

Em entrevista no salão branco do Palácio do Buriti, os órgãos envolvidos nas eleições para os conselheiros tutelares avaliaram as eleições ocorridas ontem, para definir os 220 conselheiros tutelares titulares — que irão exercer o mandato de 2024 a 2027 — e 444 suplentes. No entanto, não foi possível divulgar os nomes dos eleitos porque o sistema de totalização dos votos, fornecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições dos conselheiros tutelares do DF, apresentou defeito. Até o fim da noite de domingo, cerca de 18% das urnas tinham sido apuradas. 

O resultado foi divulgado na madrugada desta segunda-feira (2/10). Clique aqui e confira. 

Durante a coletiva, o desembargador e presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), Roberval Belinati, tranquilizou a população, garantindo a lisura do pleito e que todos os votos foram apurados. "As eleições foram realizadas com a maior tranquilidade. Tivemos um público muito maior em relação à última eleição, mas não temos os números ainda", explicou. No balanço conjunto, apenas seis urnas apresentaram problemas e tiveram de ser substituídas. 

Sem fraude

Para que a operação de encaminhar os dados armazenados nas urnas, que são chamados de mídias, tivesse êxito, o governo do Distrito Federal acionou as forças de segurança para que policiais militares transportassem os dados armazenados nas urnas eletrônicas ao galpão do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF). "Junto com o secretário Gustavo Rocha, da Casa Civil, pedimos a Polícia Militar para que levem essas mídias ao galpão do TRE, para a totalização dos votos. Impossível pensar em fraude", explicou o desembargador.

"Começamos a fazer a totalização com o sistema cedido pelo TSE. Logo em seguida, começamos a ter problemas técnicos. O sistema começou a travar. Várias mídias foram totalizadas, mas outras não", disse Belinati. "Acionamos a equipe técnica do TSE, que nos enviou uma nova versão para a totalização. Mas, quero reiterar novamente: nenhum voto será desperdiçado. Todos os votos já foram totalizados nas urnas eletrônicas, e serão encaminhados ao galpão para definirmos o resultado", completou o presidente.

A secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, elogiou o comparecimento da dos brasilienses nos locais de votação, mesmo sendo o voto facultativo. Apesar de não ter o número exato de eleitores que compareceram aos locais, a pasta crê que tenha sido maior do que o da última eleição. "Quando trazemos essa responsabilidade da população de cuidar dessas crianças, garantido que elas tenham seus direitos resguardados por profissionais decentes, conseguimos atingir o que queríamos no processo: o engajamento de senso de responsabilidade comum da sociedade", elogiou.

Os números não foram fechados, mas a análise do secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, é de que houve aumento de 150% de eleitores no Lago Sul. "Foi uma alegria ver os colégios eleitorais lotados e a população comparecendo. A sociedade notou a importância dos conselheiros tutelares. Todos os agentes desse processo nos ajudaram", disse.

Posse

A previsão do GDF é de que os eleitos tomem posse em 11 de janeiro de 2024, com o compromisso de garantir o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) dos que tiverem os direitos violados ou ameaçados.

Alguns integrantes do governo local e da Câmara Legislativa (CLDF) foram aos locais de votação. O governador Ibaneis Rocha (MDB), compareceu ao Centro de Ensino Fundamental (CEF) 06, do Lago Sul, pouco antes de meio-dia. Ibaneis cumprimentou simpatizantes e tirou fotos com apoiadores, antes de entrar na cabine de votação. O chefe do Executivo local ficou pouco menos de cinco minutos no local. "O trabalho dos conselheiros tutelares é um trabalho muito bem exercido, protegendo nossas crianças e ajudando as famílias no encaminhamento de diversas demandas", afirmou.

Na saída, o chefe do Executivo local revelou que está no radar do governo local a ampliação do número de conselhos tutelares no DF — atualmente são 40 atuando nas 35 regiões administrativas. "Vamos ampliar o número de conselhos tutelares. Temos de estar mais próximos da população, aumentando o número de participantes na atuação em favor das nossas crianças", anunciou. 

Atribuições

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e com a Lei Distrital n° 5.294/2014, são atribuições do Conselho Tutelar o atendimento a crianças e adolescentes com direitos violados ou ameaçados. O conselheiro tutelar é responsável por promover o encaminhamento de situações aos pais ou responsáveis, mediante termo de responsabilidade. Os conselheiros eleitos têm mais de dois anos de experiência com o cuidado de crianças e adolescentes.

O ECA também prevê a orientação, apoio e acompanhamento temporário. Os conselheiros atuam para garantir matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento de ensino, caso necessário; inclusão em serviços; e programas oficiais. Dentre as atribuições do conselheiro tutelar, também está o pedido de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial e a inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos, dentre outras competências.

Qualquer cidadão pode acionar o Conselho Tutelar e fazer uma denúncia anônima. Tomando conhecimento desses casos, os conselheiros têm o dever de aplicar e requerer das autoridades competentes as medidas necessárias para a proteção da criança e do adolescente.

 Brasilienses que fazem questão de participar

Ao Centro Interescolar de Línguas (CIL), na 907/908 Sul, a autônoma Rossieri Rodrigues, de 28 anos, se dirigiu com os os filhos Ana Luiza Rodrigues, 7, e Bernardo Rodrigues, 6, para votar. “Pelo que anda acontecendo com as crianças ultimamente, precisamos muito de uma pessoa para dar um amparo para nós, pais”, comentou a moradora da 509 Sul.
É a segunda vez que a autônoma ajuda a escolher os conselheiros tutelares da sua região. Ela acredita que é preciso influenciar e ajudar o Conselho Tutelar a ficar mais forte. “As pessoas acham que essas eleições não são tão importantes como eleições para presidente ou governador. Mas escolher os nossos conselheiros tutelares é essencial, principalmente para nós que somos mães e pais”, complementa.

O dentista Maurício Guimarães, 54, votou acompanhado dos pais Maria Gilza Guimarães, 77, e Marinaldo Guimarães, 78. O morador da 315 Sul criticou a desorganização das eleições, porque não sabia a seção eleitoral onde iria votar. “Tinha que ter sido feito uma campanha de massa, transparente, com a descrição dos locais de votação”, reclama o dentista.
Apesar do transtorno inicial, Maurício fez questão de escolher a candidata de preferência e apertar o “confirma” na urna. “É um cargo relevante e que faz um papel importante na sociedade. Por se tratar de um cargo eletivo, a população tinha que ter consciência para poder fazer o voto consciente”, avalia o eleitor.

A empresária Camila Cirqueira, 34, e o designer gráfico Rafael de Almeida, 33, foram escolher os conselheiros tutelares e levaram a cadela Azeitona.
Camila conta que começou a pesquisar os candidatos alinhados com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “É uma coisa muito importante para mim porque é o documento que os conselheiros precisam seguir para lidar com crianças e famílias fragilizadas”, diz a moradora da Asa Norte. Já Rafael contou que escolheu o mesmo candidato da companheira. “A gente viu que qualquer voto faz a diferença”, destacou. O designer gráfico pesquisou em um site o perfil dos canditados. “E olha a coincidência, escolhi a candidata sem saber que era amiga da Camila”, conta.

 

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