Familiares, amigos e colegas de profissão se despediram na tarde deste domingo (19/10), do renomado perito criminal da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Celso Nenevê, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há alguns meses e estava com problemas cardíacos. Em seguida, ele teve um novo AVC, e não resistiu. Nenevê deixa a esposa Virgínia, os filhos Marcelo e Paulo e três netos.
Muito emocionado, o filho Marcelo Nenevê, de 38 anos, relatou que o pai era uma pessoa maravilhosa que espalhou amor por todos os lugares por onde andou. “Meu pai foi um perito criminal de importância internacional que contribuiu para o desenvolvimento da perícia no Brasil e para a elaboração da verdade sobre a ditadura militar desse país. Eu tenho muito orgulho do meu pai e de tudo que fez na vida ", diz o filho. “Ele vai ficar marcado na história da polícia do Distrito Federal e do nesse país”, concluiu.
A sobrinha Tatiana Carvalhedo, 46, conta que vai se lembrar do tio como um dos homens mais íntegros, corretos e amorosos conheceu na vida. ”Não é à toa que aqui tem pessoas de todos os lugares, gente do trabalho dele, gente que participou da vida íntima, amigos que conheceram um homem de muita fé que amava muito a vida, que gostava muito de música, que fazia tudo que podia pelo seus“, conta.
Os policiais de Operações Especiais da PCDF também estiveram no velório e no sepultamento do colega de profissão. Com três disparos de munição sem projétil, agradeceram pelos serviços investigativos que o perito criminal prestou para a corporação durante boa parte da vida. Nenevê foi diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Civil (PCDF) e presidente da Associação Brasiliense de Peritos em Criminalística (ABPC).
Nível internacional
Em 2020, os peritos Celso Nenevê e Mauro Yared apresentaram a série Investigadores da História, do canal fechado History Channel, sobre os mortos e desaparecidos durante o regime militar brasileiro, de 1964 a 1985. Nos programas, eles investigaram a fundo as mortes de Vladimir Herzog, Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Stuart Angel e Juscelino Kubitschek. Os peritos participaram do núcleo pericial da Comissão Nacional da Verdade, criada para apurar os crimes praticados pelo Estado brasileiro durante o regime militar.