O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, presta depoimento na manhã desta quinta-feira (26/10) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). É a reta final da CPI, que pretende encerrar os trabalhos em novembro.
Acompanhe o depoimento ao vivo:
Saulo já prestou depoimento no âmbito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, do Congresso. Na ocasião, disse ter alertado pessoalmente o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, sobre o risco de ataques às sedes dos Três Poderes.
Ele contou aos parlamentares que, às 8h de 8 de janeiro, enviou mensagem a G. Dias avisando que havia indícios de manifestantes se preparando para uma ação violenta. Segundo ele, o general respondeu com "acho que vamos ter problemas". O ex-diretor adjunto acrescentou que às 13h, após serem identificados carros de som incentivando a invasão dos prédios públicos, ligou para o então chefe do GSI e contou sobre a iminência da invasão.
O ex-diretor revelou, ainda, que G. Dias mandou excluir o próprio nome da planilha que mostra quem recebeu os alertas feitos pela agência nos dias anteriores aos ataques. Saulo afirmou ter obedecido ao ministro, que teria alegado não ser o destinatário das mensagens.
Alertas
Entre 2 de janeiro, quando Saulo Cunha assumiu o cargo, e o dia 8, a Abin enviou 33 alertas a órgãos como a Polícia Militar do Distrito Federal, o Ministério da Justiça, o GSI, entre outros. Os dados eram divulgados por meio de um grupo de WhatsApp, que continham representantes designados pelas instituições. "Eu entreguei essa planilha para o ministro, e ele determinou que fosse retirado o nome dele dali. Ele determinou, eu obedeci a ordem", frisou, ao ser questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
É este um dos pontos que parte da CPI pretende desvendar: a existência do grupo e quem, de órgãos do Distrito Federal, receberam a informação sobre o 8/1. Para isso, a comissão pretende ouvir, nessa reta final, o coronel Reginaldo Leitão. O oficial é chefe do Centro de Inteligência da PMDF, mas apresentou atestado e teve a oitiva adiada.
Outra ala de parlamentares, ligados a base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), utilizarão o depoimento de Saulo para reforçar a tese de que G. Dias e o governo federal foram omissos perante ao atos de 8/1.
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