Monitoramento

Brasilienses investem em segurança eletrônica e roubos a residências caem

Especialistas e Secretaria de Segurança Pública (SSP) destacam a importância das câmeras de vigilância como provas nas investigações criminais. O sindicato de empresas do setor aponta crescimento significativo na venda de equipamentos eletrônicos

Os controles de acesso estão entre os equipamentos mais vendidos -  (crédito: Divulgação)
Os controles de acesso estão entre os equipamentos mais vendidos - (crédito: Divulgação)
postado em 25/10/2023 03:55 / atualizado em 25/10/2023 06:37

Sorria, você está sendo filmado. Essa é a sensação ao caminhar pelas ruas do Distrito Federal. De casas a condomínios e comércios, a população tem se preocupado em investir na segurança eletrônica, de acordo com o Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Siese-DF). Presidente da entidade, Perseu Costa destaca que tem observado um aumento significativo, ano a ano, da comercialização dos sistemas na capital do país.

"Nunca tem caído. Com o aumento das vendas, o custo de produção cai e o preço, consequentemente, também diminui. Isso facilita o acesso pela população", afirma. "A gente tem acompanhado os índices da SSP (Secretaria de Segurança Pública), que têm demonstrado diminuição na quantidade de roubos a residências. Isso mostra que a população tem investido em segurança", avalia. De acordo com dados da secretaria, na comparação entre janeiro e setembro de 2022 e 2023, houve uma redução na quantidade de ocorrências, passando de 195 para 168 — queda de 13,9%.

Tecnologia de portaria remota
Tecnologia de portaria remota, uma das opções para condomínios (foto: Bruno Bitteta/Divulgação)

Para o presidente do Siese-DF, a venda de sistemas de segurança fica cada dia mais popular, tanto das empresas locais quanto do comércio on-line. "Hoje, ao lado dos alarmes, as câmeras têm sido o principal desejo de consumo de quem quer ter alguma forma de segurança em casa", observa. "Isso porque, com elas, as pessoas conseguem acompanhar o que acontece em casa em tempo real, mesmo estando fora. Sem contar a qualidade das imagens oferecidas", acrescenta Costa.

De acordo com o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, o uso de imagens de câmeras de segurança tem sido essencial na identificação de criminosos e na resolução de diversos crimes de forma mais precisa e rápida. "As imagens cedidas por câmeras de estabelecimentos comerciais e residenciais são um complemento importante para as investigações realizadas pela Polícia Civil (PCDF) e, por meio de vias legais, podem ser parte importante de inquéritos de natureza criminal, tornando-se, na grande parte dos casos, provas decisivas em processos judiciais", observa.

Wahby Khalil, 43 anos, é síndico de um condomínio vertical em Águas Claras e investe na segurança eletrônica. "A gente utiliza a portaria remota e tive todo o cuidado de contratar uma empresa que, além do monitoramento, faz todo o controle de movimentação dentro do condomínio". destaca. "Com o serviço de monitoramento, se acontece alguma coisa na frente no meu condomínio automaticamente eu fico sabendo, porque a portaria sempre me avisa. Esse sistema inclusive, já serviu para auxiliar as forças de segurança, pois conseguimos ceder imagens de batidas e até mesmo de episódios de agressões que ocorreram nos arredores", afirma Khalil.

Os controles de acesso são os equipamentos mais vendidos, no caso dos condomínios verticais, segundo Clesley Gomes
Os controles de acesso estão entre os equipamentos mais vendidos (foto: Divulgação)

Otimismo

Um dos que percebeu esse aumento nas vendas foi o diretor comercial e CEO de uma empresa de segurança eletrônica, Sebastião Fernandes, 67 anos. "A procura tem aumentado bastante. Os condomínios mais antigos, por exemplo, nos procuram para fazer atualização de seus sistemas de segurança. No caso das residências, a maior demanda é de moradores dos lagos Norte e Sul", comenta. "O aumento no nosso faturamento, depois da pandemia, ficou entre 25% e 30%", calcula Fernandes.

O diretor comercial conta que a empresa faz pesquisas entre os clientes para saber por que o interesse pela instalação de câmeras. "A maior motivação dos nossos clientes é a insegurança. As pessoas estão se precavendo mais, na tentativa de evitar situações de perigo em casa, como roubos e furtos", ressalta. Em relação ao preço, Sebastião Fernandes aponta que tudo depende da metragem, tanto da casa quanto do condomínio que vai ser instalado. "O preço é totalmente diferente de um para o outro, por conta da quantidade de pessoas que estão sendo seguradas com o sistema. Também vai depender da robustez dos equipamentos que o cliente vai comprar. Estamos com um projeto de modernização em um prédio que vai ficar na faixa de R$ 80 mil, por exemplo", detalha.

Quem também enxerga com bons olhos o mercado é Clesley Gomes, 33. Até fevereiro deste ano, ele prestava serviço para uma empresa do ramo. Foi quando decidiu abrir o próprio negócio. "Apesar de sermos relativamente novos, estamos percebendo uma crescente nas vendas. Desde junho, tanto condomínios quanto casas têm nos procurado com maior frequência", pontua. "Além dos lagos Norte e Sul, Planaltina e Taguatinga são as regiões de onde os moradores mais nos procuram para instalar equipamentos", comenta.

Clesley Gomes  reforça que "muitos dos clientes percebem situações ao redor de sua casa e querem se precaver", instalando o sistema de segurança. "Além das câmeras, os controles de acesso (leitor facial e biometria) são bastante procurados, nos casos dos condomínios verticais. Nas residências, a procura maior é pelas câmeras, cercas elétricas e o sistema de vídeo-porteiro", enumera.

Prevenção

Especialista em segurança pública e residencial, Leonardo Sant'Anna aponta as principais vantagens de se ter um sistema de segurança em casa. "Eles são preventivos. Pelo que se conhece da 'economia do crime', todas as vezes que se tem qualquer objeto à vista, que coloque uma maior condição de risco para o criminoso, como as câmeras de segurança residenciais, ele procura outro espaço para praticar o delito", observa.

Sant'Anna destaca também as câmeras que são ligadas automaticamente a algum tipo de iluminação. "A pessoa passa por determinado espaço e, logo depois, tem o acionamento da câmera e da iluminação, promovendo o reconhecimento daquele indivíduo suspeito", argumenta. "Tudo isso faz com que aumente os riscos para o bandido", avalia.

Para quem quiser contratar serviços, o presidente do Siese-DF, Perseu Costa, alerta que é preciso observar se a empresa é certificada na SSP (confira O que diz a lei?). "Temos o Núcleo de Controle de Atividades Especiais (Nucae/SSP), que monitora essas empresas de segurança eletrônica. Antes de comprar, o cliente tem que observar isso, para que a instalação seja feita da melhor forma possível e de forma legal", ressalta. De acordo com o Nucae, atualmente, 30 empresas de segurança eletrônica estão credenciadas no DF.

Complemento

Além de sua função principal, os sistemas de segurança privados, principalmente as câmeras, auxiliam as forças de segurança, de acordo com Sant'Anna, "a partir do momento que elas conseguem documentar as características físicas daquelas pessoas que realizam o ato delituoso e as ferramentas que são utilizadas por elas".

Outros tipos de tecnologia também podem estar embarcadas, segundo o especialista. "Um exemplo é o chamado reconhecimento óptico de caracteres, programa acoplado às imagens que faz o reconhecimento de letras, números e, a partir daí, consegue, dependendo do cenário, até dar um alarme, por exemplo, de um veículo que tenha sido furtado ou roubado", descreve.

 


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