Os aprovados no concurso público da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) destinado aos cargos de escrivão e agentes de polícia fizeram uma manifestação em frente ao Palácio do Buriti na manhã desta terça-feira (24/10). O objetivo do ato é lutar pela nomeação dos 900 aprovados (300 escrivães e 600 agentes) e por melhorias na carreira.
Os aprovados alegam que o Governo do Distrito Federal (GDF) pretende nomear apenas 300 candidatos neste ano, alterando a previsão inicial, que era de 900 nomeações em outubro. Ainda assim, nenhum candidato foi chamado até o momento.
Além disso, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), o Fundo Constitucional prevê orçamento para a contratação de 900 profissionais. "Este concurso já vem se arrastando há mais de 3 anos, com muitas paralisações e problemas. O pessoal quer ser nomeado", afirma Valderlei Fernandes Malta, diretor de Benefícios, Cultura, Esportes e Políticas Sociais do Sinpol.
"A Polícia Civil está com baixo efetivo, com menos da metade, e precisamos desses policiais para prestar um bom serviço para a categoria e para a sociedade. A nomeação desses aprovados vem para fortalecer a Polícia Civil", diz Malta.
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Dentre os aprovados, alguns se mudaram de outros estados na espera de serem chamados para integrar a PCDF em outubro. Um desses casos é o de Jeferson Aragão, 32 anos, que saiu de Salvador deixando o trabalho e a família, na esperança de ser nomeado.
"Na formatura, a vice-governadora Celina Leão se comprometeu que, ainda em 2023, sairiam 900 nomeações. A própria PCDF, inúmeras vezes durante o curso de formação, garantiu também as 900 nomeações. Deste modo, diversas famílias se mudaram para o DF", relata.
Thiago Fernandes, 32 anos, também se mudou, junto com a esposa e o filho de 1 ano e 8 meses. "A gente tenta conseguir emprego, mas não conseguimos, pois os empregadores sabem que somos aprovados na PCDF, e ninguém quer dar emprego para uma pessoa que após alguns meses pedirá demissão", afirma.
"Eu e minha esposa estamos passando por dificuldades, pois as nossas reservas eram para até outubro, conforme tinha sido prometido pela direção da PCDF e pelo governo. Estou me virando e fazendo bicos aqui em Brasília, esperando a nomeação", complementa.
Saúde mental
Outro questionamento da categoria é o aumento de casos de ansiedade e depressão dentro do quadro de pessoal da Polícia Civil do DF. Dados do Sinpol revelam que 74,4% dos policiais em atividade e aposentados relatam ter sofrido sintomas das doenças. No entanto, apenas 42,7% procuraram atendimento psicológico ou psiquiátrico. O levantamento foi feito com 328 profissionais.
O Sinpol também alega que dados fornecidos pela Policlínica da PCDF revelam que anualmente mais de um terço dos policiais (cerca de 1 mil) buscam tratamento devido a questões de saúde mental.
"A carga de trabalho é muito grande. Com o baixo efetivo, a carga de trabalho fica enorme e favorece para o quadro de depressão", explica Vanderlei Fernandes. "Temos muitos casos de depressão, e até de suicídio, dentro da corporação, por conta do cansaço físico e mental", complementa.
"A categoria está esgotada, física e mentalmente. Precisamos urgentemente que essas pessoas sejam nomeadas, para que possamos ter um quadro maior, e que a gente possa atender a sociedade da melhor forma possível, sem que o policial fique doente e sinta a carga emocional que tem vindo por conta do baixo efetivo", finaliza.
O presidente do Sinpol, Enoque Venâncio de Freitas, se reunirá com a vice-governadora do DF, Celina Leão, para tratar sobre as nomeações e atual situação da PCDF. Até o momento, o Sindicato não informou as providências tomadas durante a reunião.
O Correio também entrou em contato com a Secretaria de Segurança do DF para comentar sobre as nomeações, mas ainda não teve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.
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