Lares mais tecnológicos são a aposta da arquitetura moderna na capital

Os arquitetos André Brandão e Flávia Nasr conversaram, ontem, com a jornalista Sibele Negromonte - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Eduardo Fernandes

Repórter Jr

Jornalista formado pela Universidade Paulista, estou no Correio Braziliense há dois anos. Antes, na Editoria de Cidades, agora, como Repórter da Revista do Correio.

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postado em 12/10/2023 06:00

Por vezes, a decoração pede um pouco de novidade. Trocar as antiguidades pelo item moderno é uma forma de cuidar do próprio ambiente, renovando os ares e atraindo mudanças. O Correio Talks, mais uma vez na na 31ª edição da CasaCor Brasília, trouxe o tema Inovações e tecnologia no lar: como combinar conforto e conveniência. Mediado pela jornalista Sibele Negromonte, a conversa contou com a participação dos arquitetos Flávia Nasr e André Brandão.

Criar um ambiente com significado, ainda que no contexto da automatização e tecnologia, é possível. Mais que isso, os dois podem se complementar perfeitamente. Arquiteta há 12 anos, Flávia está na quinta participação de CasaCor. Desta vez, trouxe para o evento o espaço Lounge Soul, que propõe um despertar da conexão, pensado para um grupo de lojistas. "Criei uma área com estúdio para gravação de podcast, pensada em um lugar onde as pessoas também se sentissem em casa", descreve a profissional.

Como se fosse uma sala de casa, não somente com um viés corporativo. Pelo contrário, ele foi feito para unir pessoas, projetos e ideias. Esse foi o caminho seguido por Flávia. Até agora, segundo ela, o resultado tem sido positivo. E mesmo com tanta novidade, ainda mais em um cenário que tem crescido e se tornado febre na era digital, mesclar tecnologia com história é permissível — e essencial.

"Tenho um sofá da década de 1960 que é um ponto alto do ambiente. Todo mundo que vai se recorda da casa da avó. Ele tem um peso muito grande. Também trouxe uma coleção de discos de vinil, que uma parte é da minha família, outras foram garimpados. Tudo isso traz uma memória afetiva muito grande para as pessoas que frequentam o espaço. Isso se reflete muito na arquitetura, que não advém só de criar lugares bonitos e sem significados, também podemos colocar o que é belo", detalha Flávia.

O mundo ideal. Casa aliada com tecnologia, seja nos revestimentos atuais, mobiliário ou em outros contextos. Não pensar nisso, hoje em dia, está fora de cogitação. Automação passou a fazer parte de algumas realidades e pedidos de clientes, de acordo com a arquiteta. No entanto, misturar um pouco do passado é, também, honrar o presente. Sem deixar, claro, de investir no que se tornou contemporâneo.

Arte em casa

Estreante na CasaCor Brasília, André Brandão passou pelo evento 14 vezes, em Goiás, e homenageia o advogado da capital do país Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay. Entretanto, não é da parte jurídica que o arquiteto pensou.

A arte, poesia e coleção de obras foram os objetos usados como pilares desse trabalho, já que Kakay é fã da escrita, em especial do escritor Fernando Pessoa."Queríamos mostrar um outro lado de Kakay. Um apaixonado pela arte, poesia e cultura popular. Além disso, é uma pessoa muito solar, central, que por onde vai é o centro das atenções", acrescenta.

Seguindo nesse percurso, os elementos que fizeram parte do espaço Casa Poesia foram muito bem selecionados. Uma área para reuniões circular, cores mais solares e um ambiente acolhedor. De fato, uma preocupação para representar a pessoalidade e singularidade de um ser tão único em seu território.

Livros, escritos de Fernando Pessoa, trilhas sonoras envoltas em letras poéticas e tudo o que possa remeter à arte. Inclusive, com obras colecionadas pelo próprio Kakay. Tudo isso com um design de qualidade em várias facetas. No mais, uma casa inteligente também tem tudo a ver com arte. Fundamental para atender todas as demandas e deixar o cenário ainda mais divertido.

Para descansar

Tanto Flávia quanto André acreditam que a casa deve ser um ninho. No pós-pandemia, esse ideal ganha mais força. Um lugar para descansar, recarregar as energias e ter uma história acolhedora e revigorante. Explorar essas personalidade com equipamentos eletrônicos, que conseguem se adequar a todos os públicos, é essencial para o futuro. "A arquitetura é maravilhosa por isso", enfatiza Flávia.

Ter um assistente pessoal virtual em casa virou objeto de desejo por parte de muitos. Iluminação, ar-condicionado, cortinas e todo o resto controlado por um botão, por uma voz, por palmas. Antes, talvez, isso fosse algo impensável. Hoje, porém, já é possível. Entretanto, não é tão acessível. Ao contrário, com tamanho déficit habitacional no Brasil, a camada que alcança esse formato ainda é limitada. Ainda assim, é algo que promete crescer daqui para frente.

"Vamos mostrar para o cliente como essa funcionalidade é importante. Que ele possa ter capacidade de absorver essa questão. Não importa a idade, se ela é avessa à tecnologia. Tudo isso tem que estar a cargo da necessidade da pessoa. Não adianta ter uma casa automatizada se você não conseguir utilizá-la. Temos que ver essa importância", finaliza André.

Ambientes premiados

Em sua 6ª edição, o Prêmio do Correio Braziliense, em parceria com a CasaCor Brasília, busca reconhecer os melhores projetos de decoração assinados por arquitetos, designers de interiores e paisagistas que participam da mostra. Além de destacar a criatividade, a premiação tem como objetivo prestigiar os talentos e incentivar os principais destaques e inovações do segmento.

Serão quatro categorias de ambientes com votação aberta do público: Sonho de Quarto, Sonho de Sala, Sonho de Cozinha e Sonho de Banheiro. Este ano, o Prêmio conta com o patrocínio da Quadra Interior Design e o apoio do Grupo Lig. Visite a mostra e vote nos seus ambientes favoritos até 22 de outubro.

Para conhecer os projetos, acesse aqui