O ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido decidiu que irá se aposentar da corporação. O ex-chefe deixou o cargo na última segunda-feira, alegando motivos pessoais. Ele estava há quatro anos e nove meses na função.
Quando se desligou da função, Robson chegou a ser lotado, por determinação do atual chefe da corporação, José Werick, no Conselho Superior da Polícia Civil. Conforme decreto de 2022, todos os diretores-gerais que se ocuparam o cargo por mais de um ano e se desligaram da função, passam a ocupar o conselho — com exceção daqueles policiais que desejam ocupar outro cargo. Mas, por ter pedido aposentadora, o ex-diretor não terá mais o assento. O cargo é um direito automático em razão do cargo ocupado, mas sem caráter a função comissionada.
Ele é alvo de dois inquéritos policiais, além de um procedimento administrativo disciplinar. A mulher que diz ter tido um relacionamento com o ex-diretor-geral, que é casado, protocolou várias medidas protetivas na Justiça desde a divulgação do caso, e aguarda deferimento ou não do judiciário.
Ao se desligar da corporação, pedindo aposentadoria, Cândido, por meio de seus advogados, detalhou que chegou ao topo, e que cumpriu a função como delegado. "O ex-delegado-geral da Polícia Civil do DF vem a público, em respeito à sociedade, à imprensa e, sobretudo, à instituição que integrou e defendeu por 32 anos, depois de chegar ao topo da carreira, convicto de que cumpriu sua missão, dizer que tomou a decisão de pedir aposentadoria", escreveu o advogado Cleber Lopes, em nota enviada à imprensa.
O delegado teria pedido para deixar o cargo da corporação para evitar mais desgastes. A esposa de Cândido, além de uma outra mulher que mantinha relacionamento com ele, registraram boletim de ocorrência, em conjunto, por stalking, contra o ex-diretor-geral na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), no último domingo. O policial é investigado por crimes com base na Lei Maria da Penha.
Ao mesmo tempo, o Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (Ncap), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pediu à Corregedoria da PCDF o encaminhamento de informações sobre eventuais procedimentos que estão sendo realizados no caso — o Ncap apura, também, as circunstâncias relacionadas à exoneração de Cândido. Por ordem da Justiça, o caso tramita em sigilo.
Antes de decidir pela aposentadoria, o ex-diretor-geral apresentou uma licença médica na Corregedoria, se afastando das atividades até 2 de novembro.
O caso
Tudo teria começado quando o ex-delegado-geral ainda estava no comando da corporação. A jovem que diz ter tido um relacionamento com o delegado e, por indicação dele, conseguiu um cargo comissionado no Metrô-DF, com salário bruto de R$ 13,2 mil. O Correio teve acesso a vídeos em que a vítima supostamente se sentiu ameaçada.
No entanto, o relacionamento chegou ao fim. O delegado não aceitou e a mulher, então, passou a evitá-lo, o bloqueou nas redes sociais e no telefone celular. Ele, então, teria começado a segui-la usando uma viatura descaracterizada da PCDF.
A confusão maior ocorreu no último fim de semana, quando a esposa de Robson Cândido soube da suposta perseguição e decidiu se unir à ex-namorada do marido para denunciá-lo às autoridades. Elas teriam sido incentivadas por adversários políticos do ex-diretor na Polícia Civil.
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