O Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (Ncap), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), instaurou procedimento para apurar a denúncia de stalking contra o ex-diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, que pediu para deixar a chefia do órgão na segunda-feira.
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A reportagem apurou que uma das linhas da investigação será avaliar se a estrutura da Polícia Civil do DF, com viaturas descaracterizadas destinadas ao serviço policial, foram usadas em interesse particular do então delegado-geral. Também há suspeita de que subordinados de Robson Cândido tenham se envolvido na questão por determinação do chefe.
Para que haja avanço no trabalho dos promotores, o MP pediu à Corregedoria da PCDF o encaminhamento de informações sobre eventuais procedimentos que estão sendo realizados no caso — o Ncap apura, também, as circunstâncias relacionadas à exoneração de Cândido. O ex-diretor-geral apresentou, ontem, uma licença médica na Corregedoria e ficará afastado das atividades como delegado até 2 de novembro.
O Correio e a TV Brasilia apuraram que dois promotores de Justiça do Ncap estiveram na Corregedoria nesta semana para obterem informações sobre o caso. Mais dados foram requisitados. O Ncap atua na fiscalização do trabalho de policiais civis, muitas vezes em parceria com a Corregedoria da PCDF.
Nesse período de afastamento, Cândido não poderá sofrer sanções — como o afastamento das funções públicas, por exemplo. O caso, investigado pelo Correio e pela TV Brasília desde segunda-feira, traz o ex-delegado-geral no centro de uma crise dentro da estrutura da corporação, com polêmicas sobre relacionamentos pessoais e traições amorosas.
O delegado teria pedido para deixar o cargo da corporação para evitar desgastes. A esposa de Cândido, além de uma outra mulher que mantinha relacionamento com ele, registraram boletim de ocorrência, em conjunto, por stalking, contra o ex-diretor-geral na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), no último domingo. Elas chegaram a solicitar medida protetiva, mas o plantão judiciário não deferiu. Ele é investigado por crimes com base na Lei Maria da Penha.
Por isso, oficialmente, a Corregedoria da PCDF abriu dois inquéritos policiais — um para cada vítima —, além de um procedimento administrativo disciplinar. O caso, por ordem da Justiça, tramita em sigilo.
Defesa
Com o caso na Corregedoria, Cândido terá a possibilidade de se defender das acusações. Tudo teria começado quando ainda o ex-delegado-geral estava no comando da corporação. A jovem que diz ter tido um relacionamento com o delegado e, por indicação dele, conseguiu um cargo comissionado no Metrô-DF, com salário bruto de R$ 13,2 mil. O Correio teve acesso a vídeos em que a vítima supostamente se sentiu ameaçada.
No entanto, o relacionamento chegou ao fim. O delegado não aceitou e a mulher, então, passou a evitá-lo, o bloqueou nas redes sociais e no telefone celular. Ele, então, teria começado a segui-la usando uma viatura descaracterizada da PCDF. A jovem fez vários vídeos aos quais o Correio e a TV Brasília tiveram acesso. Mas ela não quis conversar com a reportagem.
A confusão maior ocorreu no último fim de semana, quando a esposa de Robson Cândido soube da suposta perseguição e decidiu se unir à ex-namorada do marido para denunciá-lo às autoridades. Elas teriam sido incentivadas por adversários políticos do ex-diretor na Polícia Civil.
Desde que pediu exoneração, Cândido tem evitado contatos públicos. A decisão de manter nomes ligados a Cândido tem o respaldo do governador Ibaneis Rocha (MDB) e do secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, como forma de manter a estabilidade na instituição neste momento.
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