O pastor Osório José Lopes Júnior, preso acusado de aplicar um golpe milionário em mais de 50 mil vítimas, foi recambiado ao Distrito Federal na tarde desta quarta-feira (4/10). O religioso foi preso em em um rancho da zona rural do município de Gurupi, no Tocantins, em 21 de setembro.
A operação foi feita pela Divisão de Operações Aéreas (DOA). Osório desembarcou no heliponto do Complexo da PCDF por volta de 12h40. O religioso deve cumprir a pena no Complexo Penitenciário da Papuda.
Prisão
A investigação no âmbito da operação Falso Profeta conduzida Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor), revelou um forte esquema de estelionato, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e falsidade ideológica comandada por Osório.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça do DF foram cumpridos na capital federal, em Goiás, no Mato Grosso, no Paraná e em São Paulo. Além disso, a Justiça mandou bloquear valores, redes sociais e proibiu a utilização de mídias digitais. Uma mulher foi presa em Jaraguá do Sul (SC). Ela ocupava o cargo de missionária em uma igreja evangélica e é suspeita de ser comparsa de Osório.
O golpe
Pelas redes sociais, como YouTube, Telegram, Instagram e WhatsApp, o grupo de religiosos angariava as vítimas, a maioria delas fiéis e frequentadores de igrejas evangélicas e pregavam uma teoria conspiratória apelidada de "Nesara Gesara" para convencer as vítimas a investir as economias em falsas operações, com a promessa de retorno financeiro imediato e rentabilidade estratosférica. A PCDF detectou, por exemplo, a promessa de que somente com um depósito de R$ 25, as pessoas receberiam de volta nas "operações" o valor de "Um octilhão de reais", ou mesmo se investisse R$ 2 mil ganhariam 350 bilhões de centilhões de euros. Em cinco anos, o grupo de criminosos movimentou ao menos R$ 156 milhões.
"O golpe pode ser considerado um dos maiores já investigados no Brasil, uma vez que foram constatadas, como vítimas, pessoas de diversas camadas sociais e localizadas em quase todas as unidades da federação, estimando-se mais de 50 mil vítimas", afirmou o delegado Leonardo de Castro, coordenador do Decor.
Como instrumento da fraude, os pastores constituíam empresas "fantasmas" e de fachada, simulando serem instituições financeiras digitais (falsos bancos), com alto capital social declarado. Na tentativa de "dar aparência" de veracidade e legalidade às operações financeiras, os investigados ainda celebraram falsos contratos com as vítimas, com promessas de liberação de quantias surreais provenientes de inexistentes títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Quanto às empresas de fachada, a polícia identificou cerca de 40 delas e mais de 800 contas bancárias suspeitas.
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