AQUICULTURA

Brasília é o terceiro maior mercado consumidor de pescado do país

Ao CB.Agro, o coordenador do Programa de Aquicultura da Emater-DF, Adalmyr Borges, falou sobre o cenário da produção de peixes no DF

O panorama da produção de peixes no Distrito Federal foi tema do CB.Agro — programa realizado por meio de parceria entre Correio Braziliense e TV Brasília — dessa sexta-feira (29/9). Aos jornalistas Adriana Bernardes e Arthur de Souza, o coordenador do Programa de Aquicultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), Adalmyr Borges, falou sobre o cenário do setor e os caminhos para a produção local seja mais competitiva no mercado.

Qual é o cenário da aquicultura no DF?

A aquicultura no DF é caracterizada por uma atividade desenvolvida em pequenas propriedades. Temos atualmente cadastrados na Emater em torno de 750 piscicultores. A gente tem uma média em torno de 5.000m² de área inundada por produtor. Desse total de piscicultores, temos em torno de cem que exercem essa atividade como comercial, ou seja, que efetivamente estão comercializando a sua produção.

Qual foi a produção do último ano e qual é o cenário dessa produção ao longo dos últimos anos? Tem crescido a produção de peixes no DF?

Sim. A atividade de criação de peixes no DF se comporta como vêm acontecendo no Brasil como um todo. É uma atividade que está despertando muito interesse do público na área rural, vem despontando como uma atividade rentável para as propriedades rurais. No caso do DF, a nossa produção vem crescendo ano a ano. Os dados mais recentes da Emater-DF apontam para uma produção de 2.000 toneladas de peixes por ano no DF.

Essa produção atende ao nosso mercado interno ou ainda temos que importar produtos de outras unidades da federação?

Considerando Brasília, e sua região metropolitana, levando em conta outras regiões do Brasil, Brasília é o terceiro maior mercado consumidor de pescado. Há um potencial muito grande aqui. Na capital federal, o consumo é em torno de 45.000 toneladas de pescado por ano. É claro que parte desse pescado são peixes marinhos, camarões marinhos ou peixes que nem são produzidos no Brasil. Esses não temos condição de atender, mas, com relação aos peixes de água doce, principalmente a tilápia, ainda existe um potencial muito grande para ser atendido com a produção local.

O que a Emater tem feito para aumentar a produção no DF?

A Emater-DF possui 15 escritórios em toda a região rural do DF e trabalha com ações de assistência técnica e extensão rural, capacitando os produtores em novas atividades. No caso específico da Emater-DF, essa semana nós tivemos a oportunidade de inaugurar uma nova unidade de experimentação de produção intensiva de peixes. Esperamos, por meio dessa unidade de experimentação, a validação de novas tecnologias que foram apresentadas, de um formato que seja acessível para o produtor local.

Qual o potencial hoje do DF para a produção de peixes?

Esse potencial é relativo no sentido do ponto do mercado. Atualmente, temos essa produção local abastecendo em torno de 5% do consumo, se consideramos o entorno, Goiás e Minas Gerais entram com mais uns 10% a 15% dessa produção. A nossa ideia é capacitar os produtores para que eles tenham um produto de qualidade, porque a questão da competitividade é ligada à qualidade do produto, não só ao preço, mas à qualidade. Quem produz aqui no DF, pela proximidade dos centros urbanos, tem a condição de fazer chegar um pescado, um peixe fresco na mesa do consumidor.

O peixe do DF é competitivo no mercado externo?

Sim. O pescado produzido no DF apresenta alguns diferenciais. O produtor do DF consegue receber um preço médio pelo peixe produzido aqui que é maior do que o preço que é pago pelos peixes que vêm de outros locais. Por que esse diferencial? É que em relação ao peixe produzido aqui o consumidor, muitas das vezes, sabe a origem e tem certeza que aquele peixe é um fresco, e que é produzido aqui na região. Isso chama a atenção do consumidor, pois ele prefere o peixe fresco do que o peixe congelado. Esse é um grande diferencial que a gente tem. Porque de outras regiões para chegar um peixe fresco aqui você tem que ter um investimento em logística de transporte que, muitas das vezes, vai trazer um valor mais alto para esse peixe. E o produtor produzindo aqui, ele tem acesso a esses mercados mais próximos. Muitos dos produtores que a gente tem aqui no DF, eles acessam não só o Plano Piloto de Brasília. Nós temos as regiões administrativas em volta, onde a proximidade é muito grande do consumidor com o produtor, e isso facilita essa qualidade, frescura do peixe e um preço maior pago ao produtor.

*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso

 

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