Querido pelos moradores da Chaparral, em Taguatinga, Adão Crispim era considerado um líder comunitário da região. O idoso, de 83 anos, morreu atropelado ao atravessar uma faixa de pedestre na QNL 11 de Taguatinga. O motorista, um jovem de 18 anos, não tinha carteira de habilitação e foi autuado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
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Adão exercia a profissão de treinador de futebol. Ontem, por volta das 8h30, ele estava a caminho de um campo para treinar as crianças. Na faixa, estendeu a mão e atravessou, mas foi atingido por um Meriva/GM prata, conduzido por um estudante de engenharia de software. Os serviços de emergência do Corpo de Bombeiros foram acionados imediatamente, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Socorristas constataram politraumatismo e traumatismo cranioencefálico grave.
O jovem se dirigia para a faculdade. Ao Correio, o delegado Josué Pinheiro, da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), informou que ele tinha passado na prova para tirar a carteira de habilitação, mas o processo ainda não estava deferido e, por isso, não tinha autorização para dirigir. O carro que usava é da mãe, que confessou ter emprestado para o filho, mesmo sabendo que não era permitido. Ela também foi autuada no artigo 310 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB).
Velocidade alta
Testemunhas relataram à polícia que o jovem conduzia o veículo acima da velocidade permitida da via (50km/h). A polícia aguarda o resultado do laudo pericial para constatar a alta velocidade. "Ele (motorista) foi autuado por homicídio culposo e, por ser na faixa de pedestre e por estar inabilitado, não houve fiança", destacou o delegado. O estudante passou pelo teste do bafômetro, mas o resultado foi negativo. Ele passará por audiência de custódia hoje.
Após o acidente, o jovem não desceu do veículo e entrou em choque. O filho da vítima chegou ao local e instigou um linchamento, mas o estudante foi levado à delegacia pela Polícia Militar. De acordo com o Departamento de Trânsito (Detran), a faixa que o idoso usou para atravessar a via estava pintada e havia placas no local de indicação.
Procurado pelo Correio, o advogado Samuel Magalhães, que representa a família da vítima, entendeu que houve homicídio doloso (dolo eventual). "Quem dirige sem habilitação assume o risco de matar alguém. A punição tem que ser dura e exemplar. O idoso saiu de sua residência e terminou sendo assassinado, na faixa de pedestre, por esse irresponsável", afirmou.
Outros casos
Na Epia, outro incidente assustou a comunidade. A vítima, identificada como A.J.D, não teve a idade revelada. Ela foi atingida por um veículo Kia Sportage, de cor branca, conduzido por um motorista identificado como M. A. D. F, de 58 anos. A vítima foi encontrada pelos socorristas caída na pista.
Por apresentar um corte na cabeça, várias escoriações pelo corpo e estar consciente, mas desorientado, o homem atropelado foi encaminhado ao Hospital de Base. O condutor saiu ileso. Uma das faixas de rolamento precisou ser interditada durante o atendimento. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) ficou responsável pelo local. Segundo o Detran-DF, de janeiro a junho deste ano foram registradas 37 mortes de pedestres no trânsito, provocadas por 36 atropelamentos.
* Texto produzido com a participação de Carlos Silva, estagiário sob a supervisão de Hylda Cavalcanti