A saúde mental foi tema do CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (21/9). À jornalista Carmen Souza, a psicóloga e psicoterapeuta Valéria Brito falou sobre diversos aspectos deste tópico. A convidada deu destacou o cuidado dom os funcionários públicos, que são numerosos na capital. Ela também comentou sobre as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ambientes de trabalho mais saudáveis.
Valéria comentou que, quando se trata do setor público, os desafios requerem mais atenção. “A população precisa ficar atenta para que não cuidemos da situação quando está num nível que prejudique a qualidade de vida”, afirmou.
A especialista explicou que a capital passou por um processo de transição demográfica “muito brutal” que trouxe dificuldades de sustentabilidade. A mudança, segundo a especialista, afetou os profissionais do setor público.
“Isso tem uma repercussão sobre os funcionários públicos, que em princípio têm seus rendimentos garantidos, mas muitas vezes estão sobrecarregados com dívidas, em horários de trabalho difíceis, ficam muito tempo no trânsito etc”, enfatizou.
Nesse sentido, ela relatou que, em audiências públicas realizadas para discutir o tema, muitos profissionais da segurança pública relatam altos números de afastamento por transtornos mentais. “Quando tenho um quadro psiquiátrico instalado, é demandado um tempo muito grande de recuperação. Consideramos, hoje, alguns transtornos mentais como doenças crônicas. Os medicamentos não têm aspecto curativo no âmbito dos transtornos mentais, mas reduzem alguns dos sintomas e permitem que as pessoas façam essa mudança no seu estilo de vida e na forma de se relacionar que propiciem melhoria”, esclareceu.
Pandemia e boas práticas
Valéria também comentou sobre a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ambientes de trabalho mais saudáveis. Entre outros aspectos, o principal ponto dessa mudança é reforçar as relações presenciais.
“Estar com outras pessoas, fora das telas, vai melhorar a sua saúde mental de maneira muito pontual e rápida. Estar num ambiente mais agradável, em que você consiga conversar com o seu colega e conciliar com a convivência com a família também torna isso possível. Além disso, é preciso ter gestores que promovam a segurança psicológica nesses ambientes”, pontuou.
A psicóloga explica que esse cuidado com as relações pessoais é legado do período de isolamento social vivido durante a pandemia de Covid-19. Ela explica que não se trata de um repúdio completo às relações mediadas pela tecnologia, mas uma limitação a elas.
“Não é demonizar, mas lidar com as máquinas com sabedoria. Já temos evidência dos conflitos gerados por essas situações. Antes, isso ficava restrito a um grupo só, que são os operadores de telemarketing, que sabíamos que tinham inúmeros desafios, porque lidavam com esse trabalho dentro de casa, que não tem fim, etc. Precisamos discutir isso no âmbito legislativo e lutar para ter ambientes que cultivem a cultura de paz”, afirmou.
Se cuide!
Valéria Brito compartilhou algumas dicas para cuidar da saúde mental no dia a dia e evitar atitudes extremas. Ela enfatizou a importância de ações como o Setembro Amarelo, mas ressaltou que é preciso lembrar desses cuidados o ano todo, principalmente com relação ao suicídio.
“Nós da psicologia temos outra campanha, que é o Janeiro Branco. Ficamos nessa luta, para que essa seja uma mobilização contínua. Porque o suicídio é um desfecho trágico e queremos preveni-lo”, reforçou.
A psicoterapeuta também listou alguns recursos que podem fazer uma grande diferença na qualidade de vida e no equilíbrio emocional, como o atendimento feito pelo Centro de Valorização da Vida (188), a procura por profissionais de saúde e o encaminhamento a grupos de apoio.
“Devemos insistir na promoção e na prevenção. Quer promover sua saúde? Faça atividades físicas e prazerosas em grupo. Quer preservar e prevenir se já identifica alguma vulnerabilidade? Procure um profissional de saúde e tente entrar em algum grupo de apoio”, concluiu.
Confira o CB.Saúde na íntegra:
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado