O coronel Paulo José Bezerra, ex-subchefe do Departamento de Operações (DOP), da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), afirmou que o coronel Marcelo Casimiro merece o troféu de “Pinóquio” de “cara de pau do ano”. O oficial afirmou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF) que a atribuição das manifestações de 8 de janeiro era de Casimiro.
À CPI, Bezerra citou que não era determinação dele abrir a Esplanada dos Ministérios, refutando a tese apontada por Casimiro em depoimento anterior à comissão. O coronel disse que não teria porquê abrir a Esplanada, já que nem é de atribuição dele tal função. “Teve uma reunião no sábado, com o delegado Andrei (da Polícia Federal), e ele manifesta preocupação com a eventual manifestação agressiva. Acho interessante, porque eu não soube dessa reunião”, disse.
“Inclusive, o Casimiro credita a mim a ordem de abrir a Esplanada. Eu chego de férias e não estava inteirado sobre possíveis manifestações. O Casimiro merece um troféu Pinóquio, de cara de pau do ano”, completou o coronel Paulo José.
Pedido de fechamento da Esplanada negado
Conforme mostrado pelo Correio, em julho, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, se encontrou com a subsecretária de Operações, coronel Cíntia Queiroz, e com o ex-secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira, às vésperas do 8 de janeiro, para tratar sobre o fechamento da Esplanada. O pedido da PF foi negado pela cúpula da SSP.
Antes, o coronel disse que esteve afastado da corporação de novembro a início de janeiro e que, quando retornou, toda a cúpula do DOP estava de férias, entre eles o coronel Jorge Eduardo Naime, preso desde fevereiro após ser alvo de uma operação da PF. “Me causou estranheza, porque quando retorno de férias, tinham três coronéis que eram do núcleo operacional. Mas eles saíram”, disse. “Estou afastado de novembro a 2 de janeiro e quando retorno, eu não encontro o núcleo do batalhão”, completa o coronel.
Bezerra disse que quando foi convidado por Naime a integrar o DOP, era para integrar a parte administrativa, e não a área operacional. O coronel é um dos policiais militares denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele foi preso ao lado de outros oficiais em 18 de agosto.
Denunciados
Ao ser preso, Paulo José Bezerra e outros oficiais do alto-comando da PMDF foram denunciados pela PGR pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM.
Dos sete oficiais presos na operação, seis tiveram os salários suspensos pelo comandante-geral da PMDF, Adão Macedo, cumprindo uma determinação do ministro Alexandre de Moraes. A única exceção, por ora, é o próprio coronel Paulo José Bezerra.