O violonista e compositor brasiliense José Maria da Silva, mais conhecido como Bilia, morreu no fim da tarde de domingo, na casa de um amigo no Jardim Botânico. O artista foi dormir e não mais se levantou. Quando procurado pelos familiares e amigos, já estava morto.
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Rejane Pitanga, 66 anos, esposa de Bilia, lembra que o marido tinha profunda relação com a cultura, com a qual trabalhava como militante político. Ex-deputada distrital e ex-secretária da Criança no DF em 2010, ela conta que foi ao seu lado que o músico aprendeu a ligação entre cultura e ação política. Os dois estavam casados há 28 anos.
"A marca que ele deixa é da alegria. Artistas são pessoas diferentes. Criativos e inquietos", lembra Pitanga. A poeta Margô Oliveira também lamentou a perda do músico. "Era aquele amigo maluco, com jeito brincalhão. A gente não conseguia ficar sem rir perto dele. Tinha umas tiradas geniais", recorda a amiga de mais de quatro décadas.
Grupo performático
Nos anos 1990, Margô e Bilia fundaram o grupo musical performático Natyê. Entre as várias composições do artista, Saudade matadeira foi destaque em festivais do Distrito Federal, tocada por artistas como Carlinhos Piauí e Zelito Passos. "Ele tinha um coração muito acolhedor", complementa Margô, emocionada.
O corpo de Bilia será velado hoje, entre 10h30 e 12h30, na capela 7 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. A cerimônia de cremação será a entre 14h e 14h30, no Cemitério Jardim Metropolitano, em Valparaíso, no Entorno do Distrito Federal. Além da esposa Rejane, o artista deixa cinco filhas e cinco netos. A causa da morte do músico não foi divulgada.
O violonista e cantor Claudio Alencar, 54 anos, mais conhecido como Cacau, era amigo de Bilia da Silva desde a adolescência, parceria que também se estendeu para a música. "Um querido, extremamente carinhoso, otimista, animado, bom compositor, muito afetivo. Tinha muitos amigos. Todo mundo gostava dele. Num fila de banco ele saia conversando com pelos menos duas pessoas", recorda.
Seresta
Bilia estava na casa de Cacau desde o último sábado, quando tocaram, cantaram e cozinharam juntos. "Ele era um grande conhecedor de música, principalmente dos cantos de seresta", lembra o amigo. Foi Cacau que chamou a emergência quando foi percebido que Bilia não reagia aos estímulos para acordar e apresentava baixas temperaturas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) foram chamados, mas nenhuma das duas equipes conseguiu mais reanimá-lo.
Silva estava com o pâncreas comprometido há algum tempo e era diabético. Há cerca de três meses, chegou a ficar um período na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Para o cenário cultural de Brasília, Bilia deixa belas composições e parcerias. Deixa, também, grande contribuição para a música regional", avalia Cacau Alencar.
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