O médico Roland Montenegro Costa, que morreu no último sábado vítima de um acidente aéreo no Amazonas, será velado será velado nesta terça-feira (19/9), em Brasília, em local e horário a serem confirmados pela família. Desde a notícia do acidente, que resultou em outras 13 mortes, autoridades, amigos, parentes, bem como colegas e pacientes de Montenegro não param de fazer homenagens e lamentar a perda do profissional, que tinha uma atuação de destaque no Distrito Federal e reconhecimento internacional. Ele era especialista em cirurgias no pâncreas e no fígado.
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"Um contador de histórias ambulante." Assim Luciano Olival, 38, descreveu o amigo, sócio e parceiro de cirurgias. O cirurgião do aparelho digestivo lembra que, sempre bem-humorado, o médico não perdia a oportunidade de contar algum causo, ora de quando ainda morava no Maranhão, ora das suas viagens pelo exterior, onde fez especializações. Luciano conheceu Montenegro quando ainda era estudante de medicina, através de um professor em comum. A admiração foi tanta (e imediata), que ele passou a acompanhar o experiente médico em todas as suas operações. A partir de 2015, viraram sócios, passando a operar juntos quase todas as semanas, já que dividiam o consultório; o contato, portanto, era frequente. "Nos falávamos todos os dias", disse.
Do amigo e parceiro, o jovem médico guarda um sentimento quase paternal. "Ele era como um segundo pai para mim, principalmente na área profissional. Foi quem me ensinou praticamente tudo que sei de cirurgia. Aprendi a técnica de reconstrução que ele criou para uma cirurgia de pâncreas e reproduzo isso sempre", recordou, emocionado. A admiração pela profissão também é um exemplo levado a sério por Luciano. "Parecia um recém-formado, empolgado com tudo", completou.
Pioneiro
Roland Montenegro Costa foi pioneiro em transplantes em Brasília, atuando no Hospital de Base, onde posteriormente se aposentou, e em clínicas particulares, onde ainda permanecia ativo. Sua especialidade era cirurgia hepatobiliopancreática. Em 1º de outubro, ele faria 71 anos. Quem também confirma sua excelência é o médico Gutemberg Fialho, 59, presidente do Sindicato dos Médicos do DF.
"Doutor Roland Montenegro era um excepcional cirurgião. Formou muitos profissionais. Foi médico do Hospital de Base por muito tempo, chefe da clínica-cirúrgica da instituição. Criou uma técnica que diminui as complicações em cirurgias no pâncreas. Extremamente dedicado, estudioso, vai deixar uma lacuna enorme na assistência à saúde da população do Distrito Federal e na classe médica", declarou Fialho ao Correio.
Para o cirurgião do aparelho digestivo Orlando Torres, 60, falar no amigo lhe remete a sentimentos de alegria, bom humor, sinceridade e bondade, atributos que admirava muito, além "do compromisso com os seus pacientes e da amizade verdadeira". Em suas redes, Torres, que é especialista em cirurgia hepatopancreatobiliar, compartilhou um vídeo do médico dançando ao som de um rap, em registro gravado em 2019, na Nova Zelândia. "Temos uma amizade longa, pois ele é maranhense, assim como eu. Considero-o um professor, viajamos juntos para vários países", comentou, mostrando fotos das viagens. "Tenho o sentimento de perda de um irmão mais velho, que me orientava na medicina e fora dela", lamentou.
Depoimentos
No Instagram de Roland Montenegro, dezenas de comentários lamentaram o ocorrido e lembraram o quanto o médico foi uma pessoa especial. A empresária Daiane Gressler, 33 anos, por exemplo, escreveu: "Se você soubesse quantas vezes eu e minha família falamos da sua sensibilidade, carisma, amor, do seu trabalho impecável. [...] Em uma das consultas após a cirurgia, disse pra eu não demorar a ter filhos. Seis anos depois, você foi o primeiro que soube da minha gravidez. Me tratou como filha. Você será sempre lembrado com muito carinho".
Daiana tornou-se paciente do médico em 2013, quando descobriu um tumor no fígado. Tudo começou após uma crise de gastrite e, de repente, o susto de que era algo a mais. Tratava-se de um caso raro, devido a ela ser muito jovem e, por indicação do seu gastroenterologista, foi encaminhada a Montenegro. "Na primeira consulta, eu já sabia que era ele o médico que iria me ajudar. Ele tinha gestos delicados, mas muito firmes, e soube conduzir tudo com muito cuidado", destacou. No fim das contas, o diagnóstico apontou para um tumor benigno, sem gravidade, mas a gratidão pelo tratamento humanizado do médico, a empresária nunca esqueceu.
Com a colaboração de Naum Giló
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