TRAGÉDIA

Jornalista conta como foi salva por médico de Brasília morto em acidente

Ao longo dos 45 anos de atuação médica, Roland se tornou referência na capital e inovou a medicina com técnicas para tratar pacientes com tumores no fígado e pâncreas

A morte do médico Roland Montenegro Costa, vítima de acidente aéreo no Amazonas, abalou a comunidade médica, pacientes e amigos. A jornalista Gláucia Guimarães, de 51 anos, conta que conheceu Roland há 10 anos, quando descobriu um nódulo na cauda do pâncreas. "A medicina mundial perde demais com a morte desse homem. Sim, ele era chamado para operar pacientes em vários países. O povo de Brasília, nem se fala. Roland Montenegro operou meu pâncreas, tirou meu baço e minha vesícula. Ainda na UTI, eu perguntava pra ele se tinha sobrado algum órgão. Ríamos juntos", relata, em postagem nas redes sociais.

 
 
 
View this post on Instagram
 
 
 

A post shared by Gláucia Guimarães Barbosa (@glaucia.guimaraes1)

Ao longo dos 45 anos de atuação médica, Roland se tornou referência na capital e inovou a medicina com técnicas para tratar pacientes com tumores no fígado e pâncreas. Em 2006, por exemplo, utilizou uma técnica incomum para extrair um tumor do fígado de uma mulher, de 52 anos, que havia sido desenganada por outros médicos.

Em setembro de 2005, Roland também impressionou ao retirar um facão de 25cm de comprimento do pescoço de um pedreiro. A lâmina estava próxima à aorta mas o médico conseguiu salvar a vida do paciente, em cirurgia que durou duas horas.

As habilidades de Roland renderam à medicina uma nova técnica para cirurgia no pâncreas, que levou o sobrenome dele. A técnica de Montenegro para anastomose pancreato gástrica foi descrita em 2005 e apresentada no Congresso Europeu da Sociedade Internacional de Cirurgia Hepato-Pancreatobiliar, em Heidelberg, na Alemanha.

O cuidado no atendimento fez com que Roland e Gláucia se tornassem amigos. "O médico cuidava de mim o tempo todo. O amigo me encorajava a conhecer o mundo, a não ter medo, a ter esperança, a enfrentar os desafios, a ser ainda mais corajosa. Quantas conversas, cafés, bolos. Ele não perdia a oportunidade de me acompanhar na TV, dizia que era meu fã e me enchia de elogios. Mal sabe ele que serei fã número um do Dr. Roland para o resto da vida. Vá em paz, amigo", disse a jornalista, que também prestou solidariedade aos familiares, amigos e colegas de profissão do médico.

Colaboraram Mariana Saraiva e Aline Brito

Mais Lidas