Ao longo de dois dias, o juiz titular do Tribunal de Júri de Planaltina escutou 22 testemunhas, entre defesa e acusação, para a apresentação de provas e argumentos sobre a maior chacina do DF, que vitimou 10 pessoas da mesma família. Os réus Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Carlomam dos Santos Nogueira e Carlos Henrique Alves da Silva optaram por ficar em silêncio.
As audiências de instrução e julgamento ocorreram nessa quarta e quinta-feira, no período da manhã. Entre os depoentes, estiveram policiais, familiares da vítima e pessoas que tinham alguma relação com os acusados, como a ex-namorada de Gideon.
O quinto réu, Fabrício Silva Canhedo, não compareceu à audiência. O processo dele foi desmembrado e sua instrução irá ocorrer em data futura, a ser designada posteriormente. Os acusados respondem por mais de 10 crimes.
O próximo passo, após a abertura de prazo para as alegações finais do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e da defesa, será a sentença de pronúncia, onde o juiz decidirá pela pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária dos acusados. Caso os réus sejam pronunciados, o juiz marcará o dia do julgamento popular.
Ao Correio, o promotor Daniel Bernoulli, do MPDFT, afirmou que o silêncio dos réus é um direito previsto na Constituição Federal e depende da estratégia de cada defesa. “Essa prática, inclusive, tem se tornado bastante comum. É uma forma de não se adiantar as teses defensivas que serão trazidas no dia do julgamento.”
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Crimes
Na denúncia apresentada pelo MP, há o detalhamento de quais acusações os promotores pedem a condenação dos envolvidos de cometer a maior chacina da história do DF. Veja.
Gideon Batista de Menezes: é apontado como o mentor dos assassinatos. A motivação, segundo revelaram as investigações, foi em decorrência da chácara onde moravam Marcos Antônio Lopes, 54, a mulher dele, Renata Belchior, 52, e a filha do casal, Gabriela Belchior. Gideon foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, associação criminosa e roubo.
Horácio Carlos Ferreira Barbosa: responderá por homicídio quadruplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos), homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, associação criminosa, roubo e fraude processual.
Carlomam dos Santos Nogueira: responderá por homicídio quadruplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos), homicídio triplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, associação criminosa, roubo e ameaça com uso de arma.
Carlos Henrique Alves da Silva: responderá por homicídio duplamente qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime) e sequestro e cárcere privado.
Fabrício Silva Canhedo: extorsão mediante sequestro, associação criminosa, roubo e fraude processual.
Relembre o caso
A maior chacina do DF começou com o desaparecimento da cabeleireira Elizamar da Silva, 37, e dos três filhos, Gabriel, 7, e os gêmeos, Rafael e Rafaela, 6. A mulher saiu do salão onde trabalhava, na 307 Norte, na noite de 12 de janeiro, após ser atraída para uma emboscada na casa onde moravam os sogros, Marcos Antônio Lopes, 54, e Renata Belchior, 52, — os dois também assassinados.
Segundo revelaram as investigações, a motivação se deu por causa da chácara onde Marcos morava, avaliada em R$ 2 milhões. Também foram mortos o marido de Elizamar, Thiago Silva, 30; a ex-mulher e as filhas de Marcos, Cláudia Regina, 55, Ana Beatriz, 19, e Gabriela Belchior, 25.
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