As investigações sobre a morte do tatuador Diego dos Santos Ribeiro, 36 anos, atingido com um tiro em um clube de tiros de Planaltina (DF), vão determinar se houve omissão de socorro por parte dos responsáveis pelo estabelecimento e se o uso dos equipamentos de segurança foi exigido para a prática do esporte. A equipe da 31ª Delegacia de Polícia aguarda o laudo pericial para indicar a dinâmica dos fatos e levanta questionamentos cruciais para as apurações. Diego será sepultado nesta sexta-feira (15/9), às 16h, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. Não ocorrerá velório na capela.
Diego morreu na tarde de quarta-feira, ao praticar tiros no estande da área externa do clube. Imagens das câmeras de segurança colhidas pela Polícia Civil (PCDF) passam por análise pericial, mas indicam que o aluno foi ferido após a bala ricochetear (voltar) e acertar o peito do atirador. Na filmagem, Diego aparece em posicionamento ao alvo. A cena é acompanhada a poucos metros por um homem e uma mulher. Um minuto e meio depois, o tatuador atira, mas, em seguida, vira para os amigos, coloca a mão no peito e desfalece. Ele chega a caminhar por alguns segundos, tenta sentar e cai. Desesperados, os colegas correm em busca de socorro.
O tatuador era afiliado do clube e tinha o registro de caçador, atirador e colecionador (CAC). O homem que acompanhou a cena era amigo de Diego e não era afiliado. Segundo as investigações, a arma usada pelo tatuador para praticar o esporte, uma .40, era desse amigo. "Nós estamos fazendo diligências para determinar algumas questões. Se houve omissão de socorro por parte dos responsáveis do clube, como era o controle de acesso dos associados, o uso de equipamentos de segurança e a questão da arma de fogo, que era desse outro rapaz não afiliado", informou, ao Correio, o delegado-adjunto da 31ª DP, Veluziano Castro.
As investigações preliminares indicaram que Diego estava a cerca de seis metros de distância do alvo. O alvo era de metal e a proximidade teria feito a bala ricochetear e atingir o atirador. Diego foi atingido no peito e morreu na hora. "A distância influencia e pode ter sido a causa da bala ricochetear. O indicado seria ele estar, no mínimo, 10 metros de distância de um alvo de metal. Se fosse um alvo de papel, por exemplo, em torno de 3 metros", explicou o delegado.
Em depoimento prestado à polícia, o presidente do clube afirmou que soube do ocorrido por volta das 15h e se colocou à disposição para auxiliar nas investigações. O Correio entrou em contato com o Clube Sniper que, por mensagem, disse estar à disposição das autoridades.
Saudade
Morador do Paranoá, divorciado e pai de dois filhos, Diego trabalhava como tatuador e body piercing em um estúdio. Antes disso, era motoboy. Nas redes sociais, fazia questão de publicar o resultado do serviço. O homem também era apaixonado pelo ciclismo e fazia trilhas em grupo.
O Correio conversou com Luciano de Oliveira Ribeiro, 34, um dos primos de Diego. O homem lamentou a morte do familiar e afirmou que os parentes estão inconsoláveis. "Ele era querido por todos da família, um cara trabalhador, sonhador, muito gente boa. Sempre na data do Natal, ele vinha para Luziânia (GO) passar com a família. Para ele, não tinha tempo ruim", desabafou.
Luciano definiu estar vivendo uma "tragédia". Sobre o gosto de Diego em atirar, o primo contou que o familiar fazia por hobbie e sempre foi muito ativo. "Ele gostava de pedalar e ia bastante para cachoeiras", disse. Nas redes sociais, amigos lamentaram a morte do tatuador. "Estou sem acreditar. Fará muita falta.". Outro amigo escreveu: "Poxa, Diego, que notícia ruim que eu recebi logo cedo. Vai em paz, meu querido. Você fará muita falta".