Os desafios para os produtores rurais do Distrito Federal foram tema do programa CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília — de ontem. À jornalista Adriana Bernardes, o presidente do Parque Granja do Torto, Vilmar Ângelo, falou sobre as principais dificuldades na produção agropecuária da capital federal. Ele também deu detalhes sobre a 31ª edição da Expoabra, com ênfase nos negócios a serem fechados durante o evento (a expectativa é de serem movimentados cerca de R$10 milhões com os leilões lá realizados). Por fim, o dirigente ressaltou a importância da aproximação entre cidade e campo, na valorização da produção local.
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Este ano, o tema da Expoabra é "Agro DF: Desafios e Oportunidades". Quais são os desafios hoje para esse setor no Distrito Federal?
Nosso produtor rural ainda enfrenta uma série de desafios. Um deles, e talvez seja o principal, é a titulação das terras, para dar segurança e para que ele possa entregar essa propriedade em garantia, de modo a fomentar a sua atividade agropecuária. A comercialização também é difícil. Encontrar mercado e fazer escoar a produção é um grande desafio para o produtor do DF.
Essa questão da titulação é importante não só para que a pessoa consiga o registro de posse. Também afeta o dia a dia do produtor, porque dificulta o acesso ao crédito. Pode falar um pouco mais sobre isso?
Para os bancos há dificuldade [em razão] de o produtor do DF não ter a propriedade da terra. Isso gera para ele uma complexidade na hora de fazer grandes financiamentos. Mas o produtor rural daqui, mesmo com todas essas dificuldades e propriedade que não é tão grande, desenvolve com muita maestria e tecnologia a sua atividade. Produz muito em um menor espaço de terra.
A Expoabra traz também movimentação econômica para a cidade. Temos geração de empregos, leilões etc. Pode falar um pouco sobre essa dinâmica? Quantos empregos são gerados?
Teremos cerca de 1.300 pessoas pessoas envolvidas diretamente com o evento, ou seja, 1.300 empregos. Além disso, calculamos que aproximadamente 3 mil empregos sejam gerados indiretamente. Temos lá, além dos leilões, a comercialização interna da feira, que é aberta ao público das 10h às 17h, durante todos os dias da semana. E dentro da feira você tem a comercialização dos produtos dos nossos produtores rurais. Temos também uma parte gastronômica, que está relacionada a produtos da região, durante todo o dia. Criamos no meio da nossa exposição, a simulação de uma vila do interior. É muito bacana, as pessoas que vão, sempre tiram fotos. Quando você adentra na vila, encontra logo os produtores rurais fazendo a comercialização dos seus produtos.
Em termos de economia, o forte são os leilões, certo? Pode nos contar um pouco de como acontecem?
Os leilões são uma parte muito importante da nossa exposição. Tivemos, em termos de comercialização, cerca de R$ 5 milhões, em cinco dias de exposição. Temos expectativa de alcançar R$ 10 milhões. Vamos fazer o leilão do jumento Pêga. Algumas pessoas vêm de fora do Brasil para comprá-lo. Esse movimento faz com que muitos dos interessados viagem até Brasília, frequentem os hoteis da cidade e o comércio. E tudo isso movimenta a nossa economia. É muito importante para o Distrito Federal.
Começamos falando sobre os desafios dos produtores rurais, mas outro tema a ser tratado consiste em 'oportunidade'. O que o Distrito Federal tem de agronegócio que ainda precisa ser desenvolvido?
Estamos com a vinícola Brasília, na região do PAD-DF, para ser inaugurada. O vinho está se desenvolvendo no cerrado. Veja a importância disso para Brasília, ter aqui um um ambiente de comercialização e de rota cultural voltado para o vinho. Também temos a tecnologia, que é muito difundida na região da Granja do Torto. Temos ali o Parque Tecnológico de Brasília (Biotic). Fizemos um termo de cooperação técnica no qual todas as startups do agronegócio que procurarem a Biotic podem sediar eventos dentro do parque de exposição. Isso mostra que o Agro do DF sempre está buscando meios para produzir melhor e alcançar seus objetivos de exportação.
O senhor falou algumas vezes dessa aproximação entre cidade e campo. Por que isso é tão importante?
É fundamental. A cidade não conhece o campo. Se você olhar para o público em geral, ele não sabe de onde vem o nosso alimento. A Expoabra tem que ser um local onde a cidade, quando chegar, identifique como é a produtividade e quais são os desafios que o produtor rural enfrenta para entregar um alimento de qualidade. Isso é muito importante para que possamos valorizar cada vez mais nossos produtores e a nossa área rural.
*Estagiário sob a supervisão de Hylda Cavalcanti
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