Pé chato, joelhos para dentro ou para fora, e a pisada plana das crianças são características que devem ser observadas pelos pais logo nos primeiros meses de vida. O alerta é de especialistas da Rede Sarah Brasília, que destacam algumas variações no desenvolvimento da parte motora infantil, que precisam ser avaliadas por um profissional especializado.
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O médico ortopedista Álvaro Massao Nomura, vice-presidente da Rede Sarah Brasília, explica que os pés das crianças estão constantemente mudando de forma. Quando nascem, os bebês têm os pezinhos com uma postura semelhante à posição de dentro da barriga da mãe, que ao longo do tempo vão se reposicionando.
"Geralmente entre 12 e 18 meses, as variações na morfologia das pernas, dos joelhos ou dos pés — quando o alinhamento ou o formato dos membros inferiores difere do esperado, podem representar uma simples questão estética benigna, mas, em alguns casos, pode trazer desconforto que afeta a qualidade de vida da criança ou, em situações mais graves, apontar um diagnóstico de patologias", destaca.
De acordo com o especialista, as variações da normalidade infantil mais comuns são o pé chato, pés e joelhos virados para dentro, ou para fora, e marcha interna e externa. Esses casos são os mais comuns atendidos nas unidades do Sarah. Ele ressalta que, ao longo dos últimos 12 meses, 64% das crianças de zero a 5 anos atendidas pela equipe de ortopedia do hospital procuraram o serviço devido a uma dessas variações da normalidade.
Nomura explica que, a morfologia diferente do esperado não é, necessariamente, um problema, mas deve ser investigada logo nos primeiros meses de vida da criança. "O diagnóstico precoce favorece qualquer tratamento. Se os pais têm dúvidas em relação à normalidade do quadro, vale a pena consultar um ortopedista infantil e pedir avaliação. É melhor sair da consulta com a certeza de que hipóteses de uma complicação foram descartadas, do que no futuro ser surpreendido com uma notícia inesperada", alerta.
Álvaro Massao lembra também que, mesmo na ausência de dor ou de dificuldade para caminhar ou correr, esse tipo de malformação dos membros inferiores da criança pode ter indicação de alguma doença congênita, que o bebê nasceu portando, ou adquiriu ao longo do seu crescimento.
"São variações que, na maioria das vezes, não são perceptíveis aos olhos da mãe, por exemplo. A marcha com os pés para dentro, pernas arqueadas com os joelhos afastados (genu varum) ou aproximados (genu valgum), pé equino, encurtamento de um dos membros e até mesmo a dor sem causa aparente, são algumas das variações da normalidade examinadas, diariamente no ambulatório de Ortopedia Infantil do Hospital Sarah Brasília. Geralmente a mãe chega aqui porque foi alertada por terceiros sobre as variações. Observar e estar atento aos momentos da primeira infância é fundamental para uma vida saudável", explica.
Simone Xavier, de 45 anos, e Leonardo Correia, 42, são pais do Theo, de 2 anos e 4 meses, que está sendo atendido no Sarah Brasília pelo ortopedista Oton Naziazene Lima. O casal procurou atendimento no hospital quando percebeu que o pezinho do filho era plano, assim que ele começou a dar os primeiros passos, com 1 ano de idade.
Depois, segundo os pais, Theo começou a pisar torto e a mãe, que tem outros dois filhos, conta que a preocupação foi inevitável. A irmã mais velha do menino, tem 26 anos, e quando criança, também apresentou esse quadro, aos 4 anos de idade.
"Marquei a consulta para a avaliação e espero sair com um diagnóstico preciso ou voltar para casa tranquila, sabendo que é algo que vai se resolver com o desenvolvimento do meu filho. Conheço o hospital, minha filha fez tratamento há 22 anos, recebemos o diagnóstico e as orientações na época. Ela foi totalmente assistida, hoje é uma mulher sem nenhum tipo de problema. Com o Theo não será diferente, tenho certeza", enfatiza Simone.
O pai Leonardo também está confiante de que o diagnóstico será dos melhores, apenas uma variação que será corrigida com o crescimento do pequeno. "Queremos ter certeza de que está tudo bem com meu filho. Ele nasceu com covid-19 e, apesar disso, é uma criança saudável sem problema algum de saúde. O modo de pisar dele nos preocupou e precisamos ter certeza de que está tudo bem".
Atendimento
Dados da rede Sarah Brasília mostram que em um ano, as duas unidades, tanto a do Centro, quanto a do Lago Norte realizaram 30.360 atendimentos gerais na Ortopedia Infantil. O Sarah Brasília Centro conta com 30 médicos ortopedistas; destes, 17 são especializados no tratamento infantil para variações da normalidade.
Para marcar atendimento infantil com um ortopedista da Rede Sarah, basta procurar, no portal da Rede o link para 1º atendimento, escolher a unidade desejada e preencher o formulário. Pedidos para atendimentos ortopédicos infantil, normalmente são agendados para até 30 dias.
Associação
A atuação da Rede Sarah é regida pela Lei nº 8.246/1991, que criou a Associação das Pioneiras Sociais, entidade gestora, na forma de Serviço Social Autônomo, pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública. Por meio da lei foi criado o modelo do contrato de gestão, que estabelece as metas de desempenho e as condições para os repasses de recursos orçamentários da União, sob supervisão do Ministério da Saúde e fiscalização do Tribunal de Contas da União.