Após a W3 Sul, a W3 Norte também passará por obras de revitalização. Na consulta pública virtual, disponível no site da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Seduh), a comunidade pode apontar as melhorias necessárias e fazer sugestões de mudanças na avenida, que é uma das maiores concentrações de comércio do Plano Piloto.
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A reforma deve começar a ser executada após a consulta pública e a aprovação pelo Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan). O projeto inicial, que abrange o trecho das quadras 707 e 708, poderá ser replicado e adaptado para o restante da via. A Secretaria de Obras não forneceu a data de início das obras.
Diferentemente da W3 Sul, onde as modificações são concentradas nas quadras 500, na parte norte da via que corta as duas asas, as reformas vão ocorrer no lado das 700, onde fica o Setor Comercial Local Residencial Norte (SCLRN). "Lá, deve acontecer o mesmo que na W3 Sul: reorganização dos estacionamentos, implantação de praças em algumas das entrequadras, espaços previstos no projeto original do Plano Piloto, ciclovias, acessibilidade em todos os blocos comerciais e mudança no fluxo de veículos", detalha Vitor Recondo, subsecretário de Projetos e Licenciamento de Infraestrutura.
A mudança no trânsito a que ele se refere é na chamada Rua das Oficinas, paralela à W3 Norte. Atualmente, ela é uma via de mão dupla. O projeto apresentado pela Seduh prevê que o tráfego de veículos ocorra apenas no sentido sul-norte. "Também há previsão de quiosques. Muitos desses pontos já existentes atrapalham a circulação de pedestres. Além de arborização, já que muitos pontos não têm vegetação", antecipa o subsecretário.
Reclamações
O Correio foi para a região da 707/708 Norte para conversar com comerciantes e frequentadores sobre o que precisa melhorar por ali. No local, é possível perceber calçadas danificadas e desniveladas, um perigo para pessoas com dificuldade de locomoção.
A massoterapeuta Maria da Conceição Nunes de Oliveira, 35 anos, tem baixa visão e diz que já sofreu uma queda por conta das calçadas irregulares. "São quebradas, desniveladas e com obstáculos. Já caí por conta da raiz de uma árvore, onde a minha bengala enganchou", relata ela. A moradora lembra que, em alguns trechos, não há nem calçada. "Às vezes, tenho que descer o meio fio e dividir o espaço com os carros. Acabo tendo que enfrentar o perigo. Para cadeirantes, deve ser ainda pior", reflete.
Entre os comerciantes, a campeã de reclamações é a insegurança. "Aqui, na parte de trás, está tendo muito comércio de drogas. À noite, a área vira ponto de encontro. A frequência da clientela no período noturno é bastante reduzida por conta da prostituição. A W3 Norte não funciona à noite por causa desse problema", constata o gerente de restaurante, Rai Lucena, 65.
Mariane Lima de Souza Bezerra, 32 anos, é proprietária de uma loja de itens de pesca e a maior preocupação também é a violência. "Às vezes, a gente quer ficar até mais tarde para atender um cliente, mas não dá. Dá 18h, tem que ir embora. Difícil ver policiamento aqui. Ao anoitecer, fica deserto. Final de semana, é ainda mais perigoso. Fechamos às 16h", revela. A comerciante, contudo, confessa um temor com a obra: ela tem outro ponto de venda na Hélio Prates, em Taguatinga, e viu as vendas despencarem por causa das intervenções executadas por lá.
O responsável por um dos quiosques próximo ao ponto de ônibus da região, Henrique Xavier, 40, vê problema na forte presença de pessoas em situação de rua. "Costumava chegar mais cedo para vender comida para as pessoas que vão para o trabalho mais cedo, mas decidimos abrir mais tarde, pois eles incomodam pedindo coisas e tentando vender itens roubados. A gente perde vendas por causa disso", diz o comerciante, que também vê falhas na iluminação.
A terapeuta ortomolecular Izaltina Fontes da Paixão, 37, mora em um dos edifícios de frente à avenida e reclama das calçadas quebradas, bueiros precisando de ajustes, ausência de arborização e insegurança. "Aqui, costumava ser tranquilo, mas tem acontecido algumas coisas, como tentativa de invasão de comércios. E a polícia demora a chegar, mesmo sendo o centro da capital", observa.
Apropriação do espaço
O governo reconhece que a maior reclamação dos comerciantes da W3 Norte é a insegurança. Ele destaca os becos que ficam logo atrás dos blocos à beira da avenida. "É mais difícil para a administração pública propor algo nesses becos que ficam entre áreas particulares. A ideia do governo é promover a iluminação e a acessibilidade para que o comércio e a população possam se apropriar desses espaços", destaca o subsecretário de Projetos e Licenciamento de Infraestrutura, Vitor Recondo. Mais detalhes do projeto podem ser conferidos no formulário da consulta pública no site da secretaria.
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