Trânsito

Aos 83 anos, idoso morto em faixa de pedestre dava aula de futebol para crianças

Adão Crispim, 83 anos, foi atropelado ontem em Taguatinga enquanto atravessava a rua, no espaço criado justamente para dar mais segurança à população.

Considerado uma espécie de líder comunitário, Adão Crispim  tinha 83 anos e era muito querido. Morreu justo no local criado para proteger os pedestres, por um motorista sem habilitação -  (crédito: Arquivo pessoal)
Considerado uma espécie de líder comunitário, Adão Crispim tinha 83 anos e era muito querido. Morreu justo no local criado para proteger os pedestres, por um motorista sem habilitação - (crédito: Arquivo pessoal)
postado em 30/09/2023 03:55 / atualizado em 30/09/2023 09:45

Querido pelos moradores da Chaparral, em Taguatinga, Adão Crispim era considerado um líder comunitário da região. O idoso, de 83 anos, morreu atropelado ao atravessar uma faixa de pedestre na QNL 11 de Taguatinga. O motorista, um jovem de 18 anos, não tinha carteira de habilitação e foi autuado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Adão exercia a profissão de treinador de futebol. Ontem, por volta das 8h30, ele estava a caminho de um campo para treinar as crianças. Na faixa, estendeu a mão e atravessou, mas foi atingido por um Meriva/GM prata, conduzido por um estudante de engenharia de software. Os serviços de emergência do Corpo de Bombeiros foram acionados imediatamente, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Socorristas constataram politraumatismo e traumatismo cranioencefálico grave.

O jovem se dirigia para a faculdade. Ao Correio, o delegado Josué Pinheiro, da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), informou que ele tinha passado na prova para tirar a carteira de habilitação, mas o processo ainda não estava deferido e, por isso, não tinha autorização para dirigir. O carro que usava é da mãe, que confessou ter emprestado para o filho, mesmo sabendo que não era permitido. Ela também foi autuada no artigo 310 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB).

Velocidade alta

Testemunhas relataram à polícia que o jovem conduzia o veículo acima da velocidade permitida da via (50km/h). A polícia aguarda o resultado do laudo pericial para constatar a alta velocidade. "Ele (motorista) foi autuado por homicídio culposo e, por ser na faixa de pedestre e por estar inabilitado, não houve fiança", destacou o delegado. O estudante passou pelo teste do bafômetro, mas o resultado foi negativo. Ele passará por audiência de custódia hoje. 

Após o acidente, o jovem não desceu do veículo e entrou em choque. O filho da vítima chegou ao local e instigou um linchamento, mas o estudante foi levado à delegacia pela Polícia Militar. De acordo com o Departamento de Trânsito (Detran), a faixa que o idoso usou para atravessar a via estava pintada e havia placas no local de indicação.

Procurado pelo Correio, o advogado Samuel Magalhães, que representa a família da vítima, entendeu que houve homicídio doloso (dolo eventual). "Quem dirige sem habilitação assume o risco de matar alguém. A punição tem que ser dura e exemplar. O idoso saiu de sua residência e terminou sendo assassinado, na faixa de pedestre, por esse irresponsável", afirmou.

A Polícia Civil (PCDF) e a  Polícia Militar (PMDF) ficaram responsáveis pela perícia do local do acidente, em Taguatinga, que chocou a população
A Polícia Civil (PCDF) e a Polícia Militar (PMDF) ficaram responsáveis pela perícia do local do acidente, em Taguatinga, que chocou a população (foto: Divulgação/CBMDF)

Outros casos

Na Epia, outro incidente assustou a comunidade. A vítima, identificada como A.J.D, não teve a idade revelada. Ela foi atingida por um veículo Kia Sportage, de cor branca, conduzido por um motorista identificado como M. A. D. F, de 58 anos. A vítima foi encontrada pelos socorristas caída na pista.

Por apresentar um corte na cabeça, várias escoriações pelo corpo e estar consciente, mas desorientado, o homem atropelado foi encaminhado ao Hospital de Base. O condutor saiu ileso. Uma das faixas de rolamento precisou ser interditada durante o atendimento. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) ficou responsável pelo local. Segundo o Detran-DF, de janeiro a junho deste ano foram registradas 37 mortes de pedestres no trânsito, provocadas por 36 atropelamentos.

* Texto produzido com a participação de Carlos Silva, estagiário sob a supervisão de Hylda Cavalcanti

 


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação