Uma selfie apresentada pela defesa do coronel Paulo José Bezerra, ex-sub-chefe do Departamento de Operações da Polícia Militar (PMDF), rebate uma declaração do coronel Marcelo Casimiro, ex-comandante do 1° Comando de Policiamento Regional (1° CPR), responsável pela segurança da Esplanada dos Ministérios, nos atos de 8 de janeiro.
À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), a defesa de Paulo José, que é ouvido pela comissão na manhã desta quinta-feira (21/9), mostrou uma foto enviada pelo coronel Casimiro, onde ele aparece fazendo a segurança de manifestantes, que desciam o Eixo Monumental, rumo à Esplanada dos Ministérios, quase duas horas antes da invasão nos prédios dos Três Poderes.
“Para o início é suficiente (o efetivo). Aciona alguém para ficar e deixar aquartelado um 1° Cia as 16h00 porque aí podemos usar a noite se estender ou precisar de mais afetivo. Esse horário de 16h00 a 17h00 que vamos saber o que vai crescer”, escreveu Casimiro ao coronel Paulo José Bezerra, pelo WhatsApp.
Logo em seguida, nas mensagens, Bezerra disse que atendeu o pedido de Casimiro, e perguntou se o 3° Comando de Policiamento Regional (3° CPR) estava presente. Na mesma hora, Casimiro enviou uma foto, fardado, acompanhando os manifestantes. No entanto, ocorre que em depoimento à CPI da CLDF, Casimiro disse que sequer estava na Esplanada, porque estaria de folga.
Aos distritais, em junho, Casimiro disse passou o controle dos trabalhos na Esplanada para o major Flávio Alencar, preso em uma operação da Polícia Federal, e que estava em casa “relaxado, de bermuda”. “No dia da operação (8 de janeiro), o major Flávio Alencar, era comandante da operação. Não era eu o comandante da operação. Eu estava em casa, de bermuda, relaxado, de bermuda, com a minha família, acompanhando, porque não sou uma pessoa omissa, acompanhando as notícias”, disse.
Para os distritais nesta quinta, Bezerra disse que Casimiro mentiu para os parlamentares, e reiterou que se for proposta pela CPI uma acareação dele com o companheiro de farda, duvida se Casimiro manteria a mesma narrativa. “Ele mesmo faz a selfie. Ele estava na Esplanada, e disse que estava descendo pela ERB. Como ele estava em casa, de bermuda, assistindo toda a manifestação, porque ele não tinha comprometido direto, mas ele está aqui (na foto na Esplanada)?”, questiona.
“Estou à disposição dessa CPI para fazer uma acareação com o coronel Casimiro para tirar todas essas dúvidas, caso os senhores acharem necessário. Se a responsabilidade de planejamento fosse do Departamento de Operações, ele teria que ter manifestado isso na reunião na Secretaria de Segurança Pública (na elaboração do Protocolo de Ações Integrados, de 6 de janeiro)”, completou o coronel.
Denunciados
Ao ser preso, em 18 de agosto, Paulo José Bezerra e outros oficiais do alto-comando da PMDF foram denunciados pela PGR pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM.
Dos sete oficiais presos na operação, seis tiveram os salários suspensos pelo comandante-geral da PMDF, Adão Macedo, cumprindo uma determinação do ministro Alexandre de Moraes. A única exceção, por ora, é o próprio coronel Paulo José Bezerra.
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