Um ato cívico com olhar para o futuro. Ontem, no Dia Mundial da Limpeza (World Cleanup Day), aconteceu a 11ª edição da Semana Lago Limpo, no Pontão do Lago Sul. O evento que durou toda a manhã, contou com uma série de ações educativas sobre a importância de descartar o lixo corretamente, evitando a poluição de um patrimônio tão querido e frequentado pela população da capital federal, como o Lago Paranoá.
Félix Palazzo, diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Proteção Animal do Distrito Federal (Adasa) afirma que o espaço tem um valor inestimável. Por isso, ações como essa são fundamentais para preservar a área que, além da característica paisagística, também serve como recurso de captação de água, tratado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e distribuído para o consumo da população. "A limpeza desse nosso manancial é de muita importância. E mais necessário que limpar, é não sujar. A cidade mais limpa é aquela em que as pessoas não sujam", afirma o diretor.
Além da Adasa, a iniciativa contou com parcerias com a Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal (SEMA), a Caesb e o Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU).
A conscientização é o primeiro passo para uma mudança de chave concreta, segundo Félix Palazzo. Tamanha a crença neste pensamento fez com que o repertório educativo de ontem se encaixasse em todas as idades. Atividades ambientais espalhadas por diversos estandes, apresentações teatrais do SLU, aula de Zumba, além de uma programação infantil para animar a criançada presente.
E para retirar os resíduos, que poluem às margens e o fundo do Lago Paranoá, mais de 50 mergulhadores foram convocados para atuar nessa missão. Ao lado deles, o Corpo de Bombeiros (CBMDF), o Batalhão Lacustre e a Capitania Fluvial de Brasília, para dar mais suporte no trabalho realizado. "A gente pediu a cada órgão o que tinham de melhor", detalha Palazzo.
Em família
Tirar o sábado de folga para participar de ações, como a de ontem, é marcante, ainda mais quando feitas em família. Mergulhador há mais de uma década, Luidson Saraiva, 37 anos, esteve como voluntário ao lado do filho Pedro Saraiva, 13. "Realizamos vários trabalhos em outros locais, como rios e lagos, para retirar lixos e redes de peixe", descreve. Luidson afirma que o processo para coleta de resíduos é executado com o mergulho em apneia. "Usamos o ar do pulmão para descer, temos uma técnica de respiração e permanecemos no fundo, utilizando uma máscara de respiração. Aqui, a profundidade vai variar de três a sete metros, no máximo. A visibilidade está um pouco difícil, mas dá pra tirar muito material."
Para os visitantes, a poluição no local pode não aparecer tanto. Mas, para aqueles que estão no fundo do lago, a situação é um pouco diferente. Trazer essa consciência à população é crucial para o futuro, na visão do servidor público.
Estreante no mergulho, o filho de Luidson, Pedro Saraiva, se empolgou com a possibilidade de ajudar um patrimônio da capital do país. "Quero auxiliar na limpeza, esse é um lugar que frequento muito. Sendo assim, não gosto de ver sujo. É uma coisa que amo e quero cuidar", complementou o garoto.
O futuro
Miguel de Freitas é coordenador do programa Adasa na Escola, responsável por levar aos estudantes uma aula-espetáculo, com direito a palestra, música, diversão e contação de histórias. "Falamos sobre a destinação correta dos resíduos sólidos e o uso racional da água", explica o servidor, que vê nas crianças o futuro da preservação.
Em média, entre 50 e 60 escolas são atendidas por ano, em um total de 20 mil alunos, segundo Miguel. A iniciativa existe desde 2010 e visita colégios públicos e particulares. Durante todo esse período, mais de 350 mil crianças e adolescentes receberam conhecimento em sala de aula.
No Instituto Força Nacional de Proteção Ambiental (FNPA) o olhar é o mesmo, como explica o comandante João Batista de Andrade. "A nossa Força Mirim Ambiental, como chamamos, visa trabalhar nesse foco: 100% meio ambiente. São mais de 280 crianças com a gente. Estamos fazendo a nossa parte."
Saiba Mais
Mãe e filha
Fabiana Alves Pereira, 37, ficou contente com a ação desenvolvida. Ela diz que o projeto nasceu para beneficiar aqueles que adoram o Lago Paranoá. "Venho aqui com a minha família sempre que posso. Estou maravilhada com a disponibilidade deles em retirar todo esse lixo", conta a faturista.
Na companhia da filha Yasmin, 5, ela ressalta que ensina a pequena qual o lugar certo para descartar resíduos. E que, quando saem em família, levam um saquinho dentro do carro para não jogar lixo na rua.
Destinação
O presidente da SLU, Silvio Vieira, assegura que todo o lixo recolhido na ação será levado para o pátio da autarquia. "Vamos fazer a gravimetria, separar o que é plástico, pneu, vidro, dar esse quantitativo e reaproveitar o que for possível." Mais de 50 funcionários estavam presentes para auxiliar na coleta.
Silvio enxerga com bons olhos a iniciativa promovida em conjunto com a Adasa. No entanto, lamenta que tantos resíduos ainda sejam jogados às margens do Lago. De acordo com o presidente, ações como essa são essenciais para dar continuidade ao trabalho de limpeza no Distrito Federal, sobretudo, em áreas afetadas pela poluição. "Estamos fazendo o nosso papel. Infelizmente, ainda tem muita sujeira nesse local. A gente sabe o que o lago representa para Brasília", conclui Silvio.
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