O dentista Gustavo Najjar, 37 anos, preso na terça-feira (12/9), suspeito de ter estuprado uma paciente em um consultório no centro de Brasília, é alvo de oito acusações de mulheres sobre abusos sofridos. Sobre o caso que levou o dentista à cadeia, os investigadores encontraram material biológico nas roupas apreendidas da vítima.
É esperado que o dentista seja encaminhado ao Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nos próximos dias, para comparação do material genético colhido no suspeito e nas roupas da paciente.
Apesar de terem procurado a polícia, quatro das oito mulheres decidiram não registrar boletim de ocorrência contra o dentista, por medo da repercussão na internet e com as famílias. Por isso, oficialmente, a polícia investiga o caso das demais, que registraram B.O. na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) contra Najjar. Os investigadores acreditam que existam mais vítimas do dentista, que ainda não procuraram a PCDF.
O dentista chegou a prestar depoimento nesta quinta-feira (14/9), mas ficou em silêncio. O Correio não conseguiu localizar a defesa de Najjar.
Os casos
Em depoimento à polícia, uma mulher de 31 anos afirmou que o dentista teria abusado dela em dezembro do ano passado, durante um curso ministrado por ele em Fortaleza (CE). Na ocasião, Gustavo teria pedido para a vítima permanecer na sala de aula durante o intervalo para o almoço, usando o pretexto de que ele avaliaria uma cirurgia que ela tinha feito nos seios.
Sozinhos na sala, o profissional de saúde perguntou se a vítima tinha ficado com flacidez nos seios após a cirurgia e pediu para que a vítima mostrasse o resultado cirúrgico para ele. A mulher negou o pedido a princípio, porém, após o autor insistir dizendo que o exame seria estritamente profissional, ela levantou a blusa.
Nesse momento, o dentista disse que realmente ela não tinha flacidez e pegou em um dos seios, passando a acariciá-lo. A vítima logo mandou ele parar e saiu em direção a porta para ir embora. O autor entrou na frente dela, a segurou e tentou beijá-la à força, dizendo que apenas soltaria a mulher quando ela se acalmasse. A vítima disse que estava mais calma, então Gustavo a soltou e ela saiu da sala.
Uma segunda mulher também depôs à polícia. Ela tem 44 anos e relatou que Gustavo teria a molestado no consultório dele, em agosto de 2020, durante a realização de um procedimento estético. Ela contou que foi a última paciente a ser atendida pelo dentista e que só estavam os dois no consultório. A vítima foi até o local para fazer uma avaliação para a aplicação de fios na face.
Após ser avaliada por Gustavo, a mulher decidiu realizar o procedimento naquele momento. A vítima disse que durante o procedimento passou a sentir dor e que o dentista deu um comprimido para que ela ficasse mais relaxada. A mulher então contou que, após tomar a medicação, ficou mais “lenta” e se recorda do autor passando as mãos no rosto dela como se o acariciasse.
Em seguida, o dentista perguntou se a vítima tinha feito algum procedimento cirúrgico e ela respondeu que tinha colocado silicone nos seios. Nesse momento, Gustavo a questionou se ela tinha flacidez e pediu para ver os seios da mulher. À polícia, a vítima disse que estava confusa por conta da medicação e não se lembra de como as coisas foram acontecendo, mas se recorda de estar em pé, em frente a um espelho, com o autor a abraçando por trás com as mãos nos seios dela.
Além disso, a mulher de 44 anos se lembra que tentou se livrar do autor e apenas conseguiu ir embora do consultório após a mãe dela passar a telefonar de forma insistente. Ela disse para o dentista que a mãe estava no shopping a esperando, quando percebeu que já passava das 22h e o centro comercial estava fechado.
De acordo com a polícia, uma terceira vítima prestou depoimento na quinta-feira (14/9). Ela também acusou o dentista de tê-la importunado sexualmente durante um atendimento no consultório dele. Os casos relatados podem ser enquadrados como crimes de importunação sexual e de estupro de vulnerável. As ocorrências serão apuradas em inquéritos policiais autônomos.
Prisão
O caso que levou o dentista para a prisão é referente a uma mulher de 33 anos. Ela contou a polícia que conheceu o dentista nas redes sociais e teria ido ao consultório para fazer uma avaliação, para ser submetida a um procedimento de harmonização facial. No local, após a vítima contar que realizou algumas cirurgias estéticas, Gustavo teria pedido para que ela retirasse a roupa, para que ele pudesse avaliar.
Acreditando na boa fé do profissional, a vítima deixou o dentista analisar o corpo. No entanto, o criminoso, quando estava olhando para os glúteos dela, disse que precisava “testar a sua sensibilidade”, e desferiu um tapa. A vítima relatou aos agentes que ficou totalmente desconfortável com a situação, e relatou que precisava ir embora. Nesse momento, o dentista a agarrou e a forçou a manter relação sexual.
A vítima tentou se desvencilhar, dizendo que queria ir embora. Ela relatou ter gritado, mas o criminoso puxou a vítima, tendo rasgado sua calça e afirmado que ninguém a escutaria, pois não havia mais ninguém no consultório. Em pânico, a vítima não conseguiu mais resistir e o autor consumou a prática sexual.
Após o estupro, o autor voltou a conversar com a vítima sobre os procedimentos estéticos, como se nada tivesse acontecido. A vítima, em choque, conseguiu ir embora e encontrou o ex-marido e a filha, que a aguardavam no shopping. Ela seguiu até a 5ªDP, para o registro da ocorrência contra o dentista.
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