Diego Pupe, ex-assessor de Jair Renan Bolsonaro — filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e chamado pelo pai de filho "04"—, prestou depoimento ontem à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) dentro das investigações que estão sendo feitas no âmbito da Operação Nexum, que teve o filho do ex-presidente como alvo, em 24 de agosto. Diego Pupe admitiu à reportagem ter tido um relacionamento amoroso com Jair Renan por um ano.
Pupe ficou na sede da PCDF, em Brasília, por mais de duas horas, na manhã de quinta-feira (14/9). O ex-assessor preferiu não contar detalhes sobre a sua ida à polícia, mas disse que sua contribuição pode ter sido importante para as investigações. O filho '04' do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de busca e apreensão pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor).
“Contribuí com muitas perguntas feitas pelos delegados, e respondi de forma positiva o que eu sabia. Foi um longo depoimento, com pouco mais de duas horas. Espero tê-los ajudado, mas não posso contar porque é sigiloso”, relatou, ao Correio.
De acordo com as investigações, a operação (entenda mais abaixo), que mirou um esquema de estelionato, apura crimes contra a fé pública e associação criminosa, tendo como principal alvo Maciel Carvalho, que é ligado à família Bolsonaro e chegou a advogar para Jair Renan. Carvalho chegou, inclusive, a registrar um boletim de ocorrência em nome de Renan quando a casa em que ele morava, no Lago Sul, foi pichada.
Relacionamento amoroso
À reportagem, Diego Pupe contou ter conhecido Jair Renan em uma festa promovida por ele, em 2021. Logo após, começou a trabalhar com o filho '04' do ex-presidente da República. Segundo ressaltou, nunca recebeu nenhum valor por isso. "Ele foi em um evento meu e, logo em seguida, comecei a trabalhar com ele. Nunca recebi nenhum valor para exercer a função de assessor do Renan. Foi sempre algo de boa vontade minha", disse.
Com 211 mil seguidores no Instagram, Pupe interage bastante com as pessoas e não esconde ser homossexual e apoiador do ex-presidente. O ex-assessor cita que a relação de trabalho entre os dois [ele e Jair Renan] se encerrou em julho do ano passado, mas não quis explicar o motivo. Admite que, antes disso, os dois tiveram um relacionamento amoroso.
"Tivemos um ano de relacionamento amoroso, mas é algo que eu não quero expor muito. Desde a repercussão, ele não me procurou, porque sabe que o que vivemos foi real", disse, à reportagem. "Caso venha a público desmentir, posso comprovar tudo o que estou dizendo. Tenho prints, mensagens, tudo que possa quebrar a narrativa dele, mas precisaria consultar minha assessoria jurídica", complementou, por ligação telefônica.
O Correio procurou Jair Renan, mas não conseguiu resposta. Já o advogado do '04' preferiu não comentar sobre o caso. Sobre a operação que levou a busca e apreensão do filho do ex-presidente, disse que só comenta nos autos do processo.
"Eles estão investigados. (Mas) Não sei porque a 5ª Vara Criminal se recusa a nos fornecer o acesso aos autos, mesmo com determinação do Supremo Tribunal Federal", disse Admar Gonzaga. Jair Renan passa uma temporada em Santa Catarina.
Esquema
Através das investigações da operação em que Carvalho foi alvo, em janeiro deste ano, a PCDF conseguiu alcançar novos envolvidos. Para a polícia, existe um esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, com o objetivo final de blindar o patrimônio dos envolvidos.
Para despistar as autoridades, foi criada a identidade de Antonio Amancio Alves Mandarrari. Essa identidade, segundo a polícia, foi responsável por abrir contas bancárias para que fosse configurada como proprietária de pessoas jurídicas, na condição de "laranja".
Os investigados teriam forjado faturamento e outros documentos de empresas na mira da polícia, utilizando dados de contatos sem o consentimento deles, inserindo declarações falsas com o fim de alterar a verdade, além de manter movimentações financeiras, inclusive com envios de valores para o exterior. Maciel Carvalho segue preso, no Complexo Penitenciário da Papuda.
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