A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) emitiu um comunicado rebatendo a carta da esposa de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, Cynthia Giglioli Herbas Camacho, que acusou a Penitenciária Federal de Brasília de fornecer comida estragada imprópria ao marido dela. De acordo com o órgão, o chefão do Primeiro Comando da Capital (PCC) faz seis refeições por dia, e todas de boa qualidade e bem preparada.
Cynthia diz que Marcola está passando fome em Brasília, e que a penitenciária é a única que fornece comida estrada e/ou imprópria para consumo, e quando a comida não chega estragada, “é escassa e de má qualidade, ocasionando por diversas vezes infecção intestinal nos presos”. Marcola teria chegado a perder 20kg, e teria sido levado a um hospital por esses motivos.
“Entendemos que tem diversas pessoas no mundo passando fome, o Estado está fornecendo comida, ainda que pouca, e de fome ele não vai morrer! Mas a verdade é que o dinheiro é do Estado e tem que ser fiscalizado, nesse caso, pra onde vai o dinheiro que seria destinado aos custodiados pelo Estado?”, questiona Cynthia na carta. “Nós familiares não queremos que sirvam lagosta, e sim, apenas uma comida possível de se comer”, reforça.
No entanto, de acordo com a Senappen, todos os presos custodiados no sistema penitenciário federal do país têm assistência material que, dentre outros, “prevê fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas”, além do fornecimento de água potável em quantidade suficiente para o sustento. “No mesmo contexto, as Regras Mínimas para Tratamento de Presos preconiza que todo preso deve receber da administração há horas determinadas, uma alimentação de boa qualidade, bem preparada, com valor nutritivo adequado à saúde e à robustez física”, citou a secretaria, em nota.
Segundo o órgão, o manual de assistência do sistema penitenciário consiste em seis alimentações por dia: desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia, atendendo a critérios nutricionais especialmente definidos para a manutenção da sua saúde. O diferencial ocorreria caso algum preso apresentasse restrições alimentares, seja por orientação médica, questões religiosas ou culturais.
“As penitenciárias federais celebram contratos com empresas especializadas na preparação e fornecimento de refeições, elaborados com base em Parecer Nutricional contratado pela Senappen considerando as necessidades calóricas diárias para um homem médio de 2000 a 2500 kcal /dia”, completou a secretaria.
Fome e solidão
Na carta escrita por Cynthia, ela cita que Marcola está sofrendo tortura na cadeia, e que está preocupada com a saúde mental de Marcola, já que o chefão do PCC “nunca sai da cela para o banho de sol, apenas para visita que ocorre uma vez por semana”. A esposa de Marcola detalha, ainda, que o marido foi isolado em uma cela só para ele no presídio. Na unidade, Marcola tem de “vizinho” outros três presos, mas que ele prefere não ter contato.
Cynthia relata que, quando detido na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), Marcola tinha a vivência de estar acompanhado de um outro preso na ala, cujo era chamado por ele de “pistoleiro”. No entanto, o próprio Marcola confidenciou à esposa que não queria ter contato com este indivíduo, evitando ter proximidade durante os banhos de sol. Indesejavelmente, Marcola relata que ele e "pistoleiro" foram transferidos juntos para Brasília, e que convivem em celas separadas, mas não distantes.
No texto, Cynthia também confessa que, quando vê o marido nas visitas, tem percebido Marcola pálido, com as mãos trêmulas. Ela relata que chega a enviar cartas dela e dos filhos ao marido, mas que ele não recebe nenhuma dessas correspondências.
Volta a Brasília
Depois de passar por um período em Porto Velho, onde ficou por 11 meses, Marcola retornou a Brasília, em janeiro deste ano, após a descoberta de um plano de resgate do chefão do PCC. O anúncio, na época, foi feito pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que justificou a medida como necessária para impedir a possível operação de comparsas para libertar Marcola.
"A transferência foi feita de um presídio federal para outro exatamente visando prevenir um suposto plano de fuga ou resgate desse preso. Portanto, essa operação se fez necessária para garantir a segurança da sociedade", afirmou.
O chefe da organização criminosa está condenado a mais de 300 anos de prisão. A transferência de Marcola de Porto Velho para Brasília foi coordenada pela Secretaria de Políticas Penais do Ministério da Justiça e realizada sob forte esquema de segurança.
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