CB SAÚDE

Mesmo sem endemia, cuidados com febre maculosa não podem ser descartados

O infectologista Henrique Valle fala sobre os recentes possíveis casos de febre maculosa e avalia o cenário de outras infecções como HIV, Covid e Herpes zoster

  14/09/2023 Crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press. Brasilia - DF. CB.Saúde recebe Henrique Valle Lacerda, infectologista do Hospital Brasília. Na bancada: Adriana Bernardes e Ronayre Nunes. -  (crédito:  Kayo Magalhães/CB/D.A Press)
14/09/2023 Crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press. Brasilia - DF. CB.Saúde recebe Henrique Valle Lacerda, infectologista do Hospital Brasília. Na bancada: Adriana Bernardes e Ronayre Nunes. - (crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press)
postado em 14/09/2023 16:11 / atualizado em 14/09/2023 17:40

A febre maculosa voltou a assustar brasilienses. A secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) está investigando 42 casos suspeitos da doença. Além disso, neste ano, a pasta recebeu 104 notificações de possíveis infecções. Para elucidar qualquer dúvida a respeito da enfermidade, o CB Saúde - programa realizado pelo Correio Braziliense, em parceria com a TV Brasília - convidou hoje (14/09) o infectologista que atende no Hospital Brasília, Henrique Valle Lacerda. Na entrevista, conduzida pela dupla de jornalistas Adriana Bernardes e Ronayre Nunes, o especialista explica como é feito o monitoramento do parasita, além de detalhar as possíveis maneiras de reconhecer a doença e discorrer sobre o perigo de outras enfermidades como herpes zoster, hiv e covid.

De acordo com a SES, o DF não é uma região endêmica para a febre maculosa. No entanto, Valle Lacerda orienta que ainda é cedo para abaixar a guarda. “Apesar de Brasilia e o Entorno não terem registros de endemia para a bactéria de gênero Rickettsia, podemos ter casos de fora. Como pacientes que têm sinais e sintomas de carrapato que vieram da região de São Paulo ou outros estados como Paraná”, afirma. Segundo o infectologista, os principais sintomas da doença são febre súbita e a dor no corpo ou cabeça associadas ao aparecimento de lesões avermelhadas.

“O melhor jeito de prevenir é, principalmente, não se expor a áreas endêmicas. Mas, se isso for inevitável, é sempre importante usar roupas longas e claras, as quais você possa fazer uma inspeção de tempos em tempos” discorre o infectologista. Esse cuidado pode ser feito em intervalos de 2h, pois o carrapato precisa manter contato com o corpo de 6 a 10 horas para que a infecção se instale. Henrique ainda chama a atenção para a forma correta de retirar o parasita. “A gente tem que, literalmente, tirar ele com muita delicadeza porque se o aparelho dentário dele ficar dentro da pele, a gente pode aumentar a inoculação da bactéria dentro do organismo e isso pode desencadear o problema”, ele explica.

Outras infecções

Além dos cuidados com a febre maculosa, o médico ressalta que os casos de reativação da herpes zoster têm sido mais comuns em decorrência da atenuação de reações imunológicas. “Hoje, a gente vê muito imunossuprimido. Pacientes que fazem terapias com imunobiológicos acabam precisando tomar a vacina para evitar a reativação do vírus da varicela, que causa o herpes zoster”, enfatiza. As formas graves dessa doença incluem paralisias faciais e infecções bacterianas na pele.

No caso do HIV, os quadros têm aumentado entre a população de 3ª idade. Para o infectologista, essa é uma doença que ainda persiste e pode ser uma das causas da piora no sistema imunológico de pacientes com herpes zoster. “É sempre interessante procurar o médico justamente para fazer exames de sangue laboratoriais, de forma a ter o diagnóstico de alguma doença que possa causar a imunossupressão e o HIV é uma delas”, completa.

Quanto ao covid, algumas épocas do ano são responsáveis por concentrar os casos, como também é o caso da gripe e outros resfriados. “Recentemente nós tivemos casos da última cepa, que foi uma variante de preocupação, a cepa Éris. Esse é um panorama importante para lembrar da vacinação, tendo em vista que a gente vai ter aumento de quadros em algum momento. A prevenção para a forma mais grave da doença é vacinando”, finaliza.

 

 

 

* Estagiário João Carlos Silva sob supervisão de Hylda Cavalcanti

 

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