Com um calorão, temperaturas que chegam aos 31°C e umidade relativa do ar média de 25%, Brasília tem um verdadeiro clima de deserto nesta época do ano. A fim de aplacar a secura, milhares de brasilienses correm para os diversos pontos de lazer da capital federal, especialmente os que proporcionam refresco aquático. Mas é preciso adotar algumas precauções, para que a diversão não se transforme em algo indesejado.
- O que a astronomia e a astrologia revelam sobre a estação das flores
- Mês do Cerrado: artistas do DF fazem exposições e shows em defesa do bioma
- Dia da Capivara: conheça curiosidades e cuidados com o animal
O comerciante Raimundo Nonato, 42 anos, é um dos que não perde a chance de ir ao Lago Paranoá. Com a visita do filho, Ryan Nonato, 18, que mora em São Paulo, ele resolveu fazer um programa em família às margens do belíssimo ponto turístico. “Sempre que tem uma folguinha, nós estamos aqui. Às vezes, assamos uma carne, curtimos. Mas a água em si é a atração principal”, conta.
Raimundo afirma que, apesar do astral de sossego, é indispensável estar vigilante e ter em mente procedimentos adequados para evitar acidentes. “Fico de olho. Acho que grande parte da cautela deve partir de nós mesmos. Os bombeiros estão ali por perto, mas devemos sempre nos prevenir”, opina. Ele também reconhece que a presença dos militares do Corpo de Bombeiros (CBMDF) é essencial e dá maior tranquilidade durante o passeio. “Isso traz agilidade de socorro. Até podemos nos divertir mais, sabendo que estamos seguros”, avalia.
O morador de Santa Maria afirma que, por vezes, fica preocupado, porque já presenciou alguns visitantes ingerirem bebida alcoólica e, logo em seguida, aventurarem-se na água — uma combinação muito perigosa. “A pessoa bebe e perde a noção de si e do que está fazendo. Por mais que seja uma boa opção de lazer, a água pode ser traiçoeira e, nesses casos, pode ser pior ainda. Acho que é a maior causa de acidentes”, conclui.
De olho nas crianças
A cautela nas áreas de lazer aquáticas do DF é essencial a todos, mas, para aqueles que têm filhos, deve ser redobrada. Na quarta-feira, o empresário Matheus Reis, 29, foi se refrescar no Parque Nacional de Brasília — mais conhecido como Água Mineral — com a esposa, Gabriela Reis, 27, e as filhas Maia, 5, e Maria Luiza, 3. “Aqui temos contato com os bichos e a natureza, com trilhas muito boas. As crianças também gostam muito da água”, disse.
Para ele, o local é tranquilo e tem uma boa estrutura na parte das populares piscinas. Mesmo assim, a atenção para evitar problemas e, principalmente, garantir o bem-estar das pequenas é constante. “Elas só entram na água acompanhadas de um adulto, se possível, com equipamento de segurança. E estamos sempre em cima, afinal, não podemos vacilar. É só tomar cuidado que dá certo”, assinala.
Reis aconselha que medidas preventivas básicas são o melhor caminho para pais que querem frequentar o espaço, mas não sabem quais precauções devem tomar. “Tudo começa antes mesmo de entrar na piscina. A primeira coisa é ter protetor solar e água para hidratação. Também é preciso estar sempre atento à sua criança. Não pode soltar a mão. Tirando isso, é só lazer”, recomenda.
Precauções
O Corpo de Bombeiros é responsável pelo monitoramento de algumas regiões de lazer aquático do DF. O Lago Paranoá é uma dessas áreas. O cabo Brito, membro da equipe de salva-vidas da corporação, revela que, apesar dos esforços para assegurar o bem-estar dos frequentadores, grande parte da segurança dos visitantes é garantida por eles mesmos. “Isso também tem que partir da própria pessoa. Nós, como profissionais, aumentamos esse nível de segurança”, afirma.
A sargento Cole, colega de Brito, destaca que a segurança e a diversão podem andar de mãos dadas, desde que boas práticas sejam seguidas. “É preciso estar consciente de que, apesar de ser uma área de lazer, a água é muito perigosa. Por isso, segurança em primeiro lugar. Conheça seus limites. Tente curtir ao máximo, mas prezando sempre pelo seu bem-estar”, comentou.
Ela explica que algumas atitudes dos banhistas podem ser prejudiciais e relata que a ingestão de bebida alcoólica seguida de mergulho no lago é uma das maiores causas de ocorrências. “As pessoas, por vezes, trazem um cooler com bebidas. Muitas vezes, não têm autonomia na água. Acabam entrando (depois de beber) e tendo dificuldade. Então, precisamos resgatar”, comenta.
Além disso, a salva-vidas alerta acerca do risco de ações que podem levar a acidentes e sobre a necessidade do uso de equipamento apropriado. “Percebemos muitas brincadeiras perto da borda do lago. A pessoa acaba caindo e se machucando. Também é importantíssimo que os visitantes se atentem ao uso de coletes salva-vidas, em qualquer atividade na água”, enfatiza.
Por fim, ela fez um apelo: sempre que precisar, peça ajuda. De acordo com a sargento Cole, não são raros os casos de pessoas que se sentem acanhadas em procurar auxílio dos profissionais e acabam se expondo a perigos. “Muita gente tem dificuldade de aceitar que está necessitando de ajuda. A pessoa precisa estar atenta aos seus limites e ir somente até um lugar no qual consiga ficar em pé, não passar desse ponto”, finaliza.
Ocorrências
De janeiro a agosto de 2023, o CBMDF registrou 12 afogamentos em piscinas e oito no Lago Paranoá. Segundo a corporação, cerca de 75% das vítimas de acidentes no Lago Paranoá são homens adultos. Nas piscinas, o perfil muda, com predominância de crianças menores de 9 anos.
O tenente Lauton explica que, no caso dos homens, há estreita ligação com o não reconhecimento dos próprios limites e o consumo de bebida alcoólica. “Homens se sujeitam mais, muitas vezes motivados pelos efeitos do álcool. Superestimam a capacidade de natação, pensando que conseguem nadar até determinado local”, explica.
Quando se trata de crianças em piscinas, uma desatenção por parte dos pais ou responsáveis, por mínima que seja, pode ser determinante. “Crianças pequenas sem a supervisão do responsável se afogam e ninguém vê. O último local no qual a procuram é dentro da piscina”, exemplifica.
Dicas de segurança
Confira algumas orientações para evitar problemas no lago ou na piscina:
- Evite a ingestão de bebida alcoólica, caso for entrar na água;
- Não superestime sua capacidade de natação;
- Use colete salva-vidas;
- Não se afaste mais de um braço de distância de crianças;
- Evite locais em que haja desníveis acentuados;
- Não utilize flutuadores improvisados (colchões infláveis, isopor etc.);
- Não faça saltos;
- Utilize boias de sinalização ao nadar;
- Busque pontos com guarda-vidas de serviço;
- Cerque a área da piscina com grades verticais, de modo que impossibilite à criança escalar e de forma que permita visualizar o interior da piscina;
- Instale ralos antissucção na piscina e dispositivos de desligamento automático da bomba
Fonte: CBMDF
*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br