O aumento da oferta de moradia no Distrito Federal e a expectativa do mercado imobiliário sobre a taxa de juros foram tema do CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — de ontem. Aos jornalistas Victor Correia e Ronayre Nunes, o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Roberto Botelho, explica que a realização de parcelamentos urbanos legais pode ajudar a resolver os problemas de moradia e mobilidade do DF e Entorno. "O grande sonho do mercado imobiliário é o equilíbrio da oferta, um mercado desequilibrado não é bom nem para o comprador nem para o vendedor", pontua.
Como anda o mercado imobiliário no DF hoje? Existe um déficit ou não?
A gente poderia dividir em faixas de renda: em alta/média renda, o mercado imobiliário está bem atendido, nós temos algo em torno de 5 mil unidades ofertadas. Na baixa renda, o Governo do Distrito Federal está procurando fazer um programa para 80 mil habitações. Com essas habitações, acho que vai atingir um equilíbrio também no mercado de baixa renda.
O que mais pode ser feito para combater esse déficit?
O governador Ibaneis Rocha tem buscado arduamente atender essa demanda, não é um problema só de Brasília, mas sim nacional. Está indo para Câmara Legislativa a Lei de Parcelamentos Urbanos, que é uma nova lei que vai facilitar a aprovação de novos parcelamentos urbanos. E também vai possibilitar criar uma maior oferta na faixa de baixa renda também. Acreditamos que, com tudo isso, o governador vai ser bem-sucedido nesse programa para atender essa população, que é muito carente e precisa da ajuda do governo para atingir o objetivo da casa própria.
Quais são os seus planos para a sua gestão?
O grande sonho do mercado imobiliário é o equilíbrio da oferta, um mercado desequilibrado não é bom nem para o comprador nem para o vendedor. Muitas vezes, você vê um apartamento sendo oferecido caro e tem a falsa imagem que o vendedor está achando bom aquele preço, na verdade não está. O ideal é que a oferta esteja equilibrada com a demanda.
Como é que está o mercado imobiliário no cenário nacional?
O cenário nacional também está bem aquecido, não temos notícia de dificuldades em nenhum estado. A expectativa de futuro é muito promissora, porque estamos em uma fase descendente da taxa de juros (Selic). A taxa de juros é o principal indutor do crescimento do mercado imobiliário, justamente porque os financiamentos são todos de longo prazo. A cada 1% que cai a taxa de juros, você diminui um percentual da prestação do financiamento dos imóveis, e mais pessoas podem comprar aqueles mesmos apartamentos. Você inclui dentro do mercado várias pessoas que estariam fora, se a taxa de juros estivesse elevada. Então você tem uma composição que aquece todo o mercado imobiliário.
Quais são as expectativas da Ademi para esse novo momento do setor imobiliário?
Entendemos que a reforma tributária é muito importante, a economia brasileira vive um sistema tributário um pouco caótico. É difícil de você saber quais impostos tem que pagar, é preciso contratar um consultor, um contador para poder ter a vida fiscal em dia. É muito complicado. O empresário, se ele não tiver num Simples, ou em algum programa que seja mais simplificado, ele tem uma série de problemas. A questão do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) é uma boa ideia, funciona em vários países, mas ainda vai passar pelo Senado. Vamos ver como essa questão será definida no Senado.
Como funciona a relação institucional entre a Ademi e o GDF?
O foco da associação é buscar a legalidade nos parcelamentos urbanos, esse é um dos principais objetivos nossos. Outro grande foco é a segurança jurídica, o aperfeiçoamento das legislações que existem, que apesar de serem bem feitas, sempre surgem dificuldades de interpretação, que, às vezes, é necessário mudanças para aprimorar algumas coisas. A aproximação que temos no GDF é com esse intuito de trazer uma segurança jurídica para o mercado imobiliário e para os nossos associados. Também de trazer uma melhora na qualidade de vida da cidade. Uma vez que realizando ocupações legais e planejadas, tiramos a metade dos transtornos que temos na cidade, relacionados à mobilidade e à moradia.
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E na outra ponta dessa relação estão os empresários do setor. Como é a relação com os empresários que o senhor representa?
A Ademi é formada por 90% de incorporadores imobiliários que atuam basicamente nos lançamentos de apartamentos novos ou lotes novos. Dificilmente um construtor associado vai fornecer casas, é mais focado em prédios, edifícios, comerciais, residenciais e loteamentos, que é uma coisa nova também em Brasília. Geralmente, em Brasília, os loteamentos eram feitos só pela Terracap, e agora existem vários loteadores privados que estão oferecendo lotes legalizados dentro do Distrito Federal. Vamos sempre tentar corrigir algumas legislações ou buscar um melhoramento do mercado, com ações diversas. Tanto com o Estado ou com a sociedade civil.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
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