Segurança

Barcos que navegam no Lago Paranoá precisam de mais manutenção, dizem técnicos

Este ano foram registrados quatro acidentes com embarcações no Lago Paranoá. Apesar do número ser menor do que em 2022, os casos foram mais graves

Neste período aumenta o número de embarcações no Lago Paranoá, mas todas precisam estar em ordem -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Neste período aumenta o número de embarcações no Lago Paranoá, mas todas precisam estar em ordem - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Pablo Giovanni
postado em 08/09/2023 06:00

Não é só nas avenidas da capital federal que há perigo iminente de acidentes. No Lago Paranoá, existem registros de ocorrências sérias envolvendo embarcações diversas em 2023, o que aponta a necessidade de atenção redobrada dos condutores, sejam aqueles habilitados que fazem passeios com terceiros ou os que são proprietários de seus próprios barcos. Em paralelo a isso, assim como um veículo de quatro rodas, lanchas, barcos e iates precisam estar com revisão em dia — fator importante para evitar muitas tragédias.

Segundo dados da Marinha do Brasil, nesses nove meses de 2023, foram registrados quatro acidentes no Lago Paranoá. O número é menor do que foi registrado durante o ano passado — sete acidentes. Mas apesar do índice baixo, uma dessas ocorrências, em 13 de agosto, deixou três pessoas feridas — entre elas um menino de 9 anos, que ficou com 70% do corpo queimado, vindo a falecer no Hospital da Criança de Brasília sete dias depois.

No acidente, o motor da lancha explodiu e deixou, além da criança, o pai dela, um homem de 42 anos, com queimaduras de 2º e 3º graus no rosto, braços e pernas, totalizando aproximadamente 40% do corpo. Um idoso de 68 anos também apresentou queimaduras de 1º grau no braço esquerdo e estava em crise nervosa no momento do resgate. Na época, eles foram transportados para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Cuidados redobrados

Para o presidente interino da Associação Náutica, Esportiva e do Turismo de Brasília (Asbranaut), Marcos Macedo, o Lago Paranoá está entre os maiores lagos navegáveis do mundo, mas os cuidados precisam ser redobrados entre os navegantes. Macedo detalha que não dá para afirmar que o acidente ocorrido com essa família tenha sido provocado por falta de manutenção da embarcação, mas explica que a revisão desses barcos é similar a de um carro — apesar de existirem muitas embarcações que ficam semanas, meses e até anos sem serem usadas.

"Tal como em um avião, é necessário, de tempos em tempos, trocar os cabos, a fiação, as mangueiras e, a cada partida, testar se está tudo funcionando. Ao menor sinal de problema, a partida é abortada", explica ele. "Brasília tem um clima praticamente desértico. Passamos meses com baixa umidade e calor intenso. Esta baixa umidade e o calor fazem com que fios e mangueiras, que ficam nos porões desses barcos, sofram um desgaste muito maior do que em um automóvel que está sempre em uso", acrescenta.

De acordo com Macedo, a revisão é uma maneira segura de navegar, seja em qualquer embarcação, em qualquer lago, mas em especial no Lago Paranoá, por ser o maior do Distrito Federal. "Revisar é muito mais do que trocar óleo, filtro de óleo e limpar o portão. É sempre recomendável que os proprietários procurem oficinas especializadas e regularizadas. Caso fique constatada a necessidade de trocar algo, que seja algo original e da fabricante da embarcação", alerta.

Norma técnica da Marinha recomenda que após o abastecimento de gasolina, o compartimento do tanque de combustível e dos motores sejam ventilados por um período mínimo de quatro minutos para que seja evitada a explosão do vapor da gasolina no momento da partida.

Fiscalização constante

É o mesmo que detalha o Arthur Assis, mecânico especialista em embarcações do Lago Paranoá. De acordo com ele, com a evolução da tecnologia, os motores se tornaram mais seguros a fatalidades, mas a falta de revisão é um perigo que pode implicar em tais fatalidades. "Os custos elevados destas manutenções e a falta de conhecimento por parte de muitos, como o emprego de peças não originais ou homologadas para sua aplicação, são fatores de risco enorme e que contribuem em muito para as ocorrências", explica.

Segundo ele, um dos fatores para riscos é a falta de uso das embarcações por longo período de tempo, uma vez que materiais como borrachas perdem sua elasticidade quando não movimentadas. "As empresas fabricantes de tais equipamentos marítimos, possuem determinações para execução de manutenções preventivas, sejam elas por decorrência de uso ou por decorrência de prazo, o que objetiva manter os sistemas em perfeito funcionamento. É importante ressaltar que estamos chegando no final de ano, quando há férias escolares e a movimentação no lago cresce", pontua. "A importância de peças originais, bem como peças certificadas, garante o bem-estar da embarcação e da tripulação", completa o mecânico.

Informações oficiais da Marinha são de que as fiscalizações no Lago Paranoá são feitas, sempre, de acordo com as normas da autoridade marítima. Sendo assim, o condutor de embarcação que for pego dirigindo alcoolizado, terá essa embarcação apreendida. "A Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário estabelece que conduzir embarcação em estado de embriaguez é contravenção e tem como penalidade a suspensão da habilitação por um período de até 90 dias, podendo esta vir a ser cancelada, em casos reincidentes", ressaltam representantes da Força Armada.

Em paralelo à legislação da Marinha, existe uma lei distrital, de junho de 2021, que instituiu a política de estímulo à prática de atividades náuticas no Lago Paranoá. Nela, há artigos referentes às obrigações e deveres de atividades e motoristas que são licenciados para dirigir embarcações no lago. Os usuários não podem, por exemplo, estar sem colete salva-vidas e menores de 18 anos não podem frequentar essas atividades, mesmo que sejam curtos passeios, sem a autorização dos pais. 

Neste período aumenta o número de embarcações no Lago Paranoá, mas todas precisam estar em ordem
Neste período aumenta o número de embarcações no Lago Paranoá, mas todas precisam estar em ordem (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

 


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