Crime

Defesa afirma que Jair Renan está tranquilo com investigação da PCDF

Megaoperação da Polícia Civil do Distrito Federal apura um esquema de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Jair Renan, filho "04" do ex-presidente Bolsonaro, de 25 anos, é um dos envolvidos

Uma operação deflagrada pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária (DOT), vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) expôs um esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Um dos alvos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) é Jair Renan Bolsonaro, 25 anos. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve objetos e documentos apreendidos. Uma pessoa foi presa e outra está foragida.

A ação, batizada de operação Nexum, prendeu Maciel Carvalho, 41 anos, ex-empresário do "04", em Águas Claras. Ele é apontado pela polícia como o mentor do esquema. Maciel foi instrutor de tiro de Jair Renan e da mãe dele, Ana Cristina Siqueira Valle. Apesar do histórico de formação nas áreas de filosofia, teologia, direito e administração, Maciel coleciona registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.

Neste ano, o instrutor foi alvo de duas operações coordenadas pela DOT e pela Coordenação de Repressão ao Crime Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (CORF), que apurou o uso de documentos falsos para o registro e comércio de armas de fogo e a promoção de cursos e treinamentos de tiro por meio de uma empresa em nome de um "laranja". À época, ele foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.

Os elementos colhidos nas respectivas operações fizeram a polícia descobrir um esquema de crimes contra a fé pública com o objetivo de blindar o patrimônio dos envolvidos. "Os suspeitos fabricam documentos falsificando dados para alterar a verdade sobre um fato juridicamente relevante e dão vida a pessoas físicas inexistentes, os chamados 'laranjas' e, dessa maneira, fazem a abertura de empresas ou sucessão delas para aferir indevida vantagem econômica", explicou o delegado Marco Aurélio, da DOT.

Nome falso

Maciel e um dos comparsas deram um nome falso de Antonio Amancio Alves Mandarrari para abrir uma conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de "laranja".

Os policiais civis descobriram, ainda, que os investigados forjavam relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas e utilizavam dados de contadores sem o consentimento deles, inserindo declarações falsas e fazendo movimentações financeiras suspeitas entre si, inclusive com o possível envio de valores para o exterior.

Nesta quinta-feira (24/8), a PCDF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em Águas Claras, no Sudoeste e em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, em desfavor de Maciel, Jair Renan e outro comparsa que está foragido.

Ao Correio, o advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga, afirmou que foram apreendidos na casa do filho de Bolsonaro um aparelho celular, um HD e papéis com anotações particulares. "Não houve condução de Renan para depoimento ou qualquer outra medida. A defesa informa que foi recém-constituída e que, por isso, não obteve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão. Renan informou estar surpreso, mas absolutamente tranquilo com o ocorrido", afirmou o defensor.

"Nas diligências, realizamos a apreensão de alguns objetos que serão importantes como meios de prova para a continuidade das investigações, principalmente os celulares apreendidos. Conseguimos apreender os telefones dos alvos principais e de alguns dos comparsas. Esses telefones serão levados à perícia para a extração de dados", detalhou o delegado Leonardo de Castro, diretor do Decor.

Na operação, Maciel foi detido e passou por audiência de custódia durante a manhã. Ele deve ser transferido para a Papuda hoje, segundo informou à reportagem o advogado de defesa dele, Samuel Magalhães. Ele esclareceu, ainda, que não teve acesso aos autos do processo e afirmou que os fatos serão esclarecidos em tempo oportuno. "Maciel Carvalho e sua assessoria jurídica acreditam no devido processo legal, no contraditório e na ampla defesa e, assim que tiver acesso aos autos irão demonstrar a sua inocência. Maciel Carvalho se resguarda ao direito de se manifestar no momento processual adequado sobre o que for necessário à elucidação dos fatos e demonstração da verdade", pontuou.

A terceira pessoa envolvida no esquema teve a prisão decretada, mas se encontra foragido e também é procurado por crime de homicídio, ocorrido em Planaltina (DF). Os investigados são suspeitos dos crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro. 

 


Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Jair Renan, filho "04' de Bolsonaro, é um dos investigados
Instagram/Reprodução - Maciel Carvalho foi empresário e instrutor de tiro do "04" e da mãe dele

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O nome da operação faz alusão ao antigo instituto contratual do direito romano, “nexum”, representando a passagem do dinheiro e transferência simbólica de direitos.