Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é alvo de operação da Polícia Civil do Distrito Federal na manhã desta quinta-feira (24/8). São cumpridos, com apoio da Polícia Civil de Santa Catarina, dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele, um em Brasília e outro em Santa Catarina.
- Polícia Federal investiga Jair Renan Bolsonaro sobre "bolsa móveis"
- Renan Bolsonaro é nomeado para cargo no Senado com salário de R$ 9,5 mil
A operação, que mira em um esquema de estelionato, também tem outro alvos e cumpre outros três mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva. De acordo com a corporação, a ação da polícia apura crimes contra a fé pública e associação criminosa.
A Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária (DOT), vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil, comanda a operação.
Operação Nexum
Chamada de operação Nexum, a ação da PCDF busca apreender bens e documentos relacionados à investigação policial, bem como colher outros elementos de convicção relacionados aos envolvidos. Os investigados são suspeitos dos crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.
No DF, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Águas Claras e no Sudoeste, contra o mentor do esquema, ainda não identificado, Jair Renan e outro envolvido, sendo que um deles era o “testa de ferro” usado pelo grupo para figurar como proprietário das empresas.
Um endereço na Asa Sul em que estão registradas uma empresa vinculada ao principal investigado e outra vinculada a um dos demais envolvidos também foi alvo. Outro ponto de cumprimento de mandado foi na residência de Jair Renan em Balneário Camboriú (SC).
Os mandados de prisão preventiva foram cumpridos contra o idealizador do esquema criminoso e outro investigado. De acordo com a PCDF, o suspeito está foragido e também é procurado por crime de homicídio ocorrido em Planaltina.
A operação teve a participação de 35 policiais do Decor e da Divisão de Inteligência Policial da PCDF, além do apoio da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina.
Investigação
De acordo com a polícia, o principal alvo da operação e mentor do esquema, coleciona registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.
Somente neste ano, ele já foi foi alvo de duas operações da PCDF, que apurou a ocorrência de crimes tributários praticados por um grupo especializado em emissão ilícita de notas fiscais e o crime de uso de documentos falsos para o registro e comércio de armas de fogo, bem como a promoção de cursos e treinamentos de tiro por meio de uma empresa em nome de um “laranja”, tendo nesta ação policial sido preso em flagrante por posse irregular de arma.
Com os materiais apreendidos nas operações anteriores, a DOT iniciou uma nova investigação. A apuração policial revelou um esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. O objetivo era blindar o patrimônio dos envolvidos na organização criminosa.
Para conseguir a vantagem econômica, a investigação apontou ainda a existência de uma associação criminosa com a estratégia de usar outras pessoas, os chamados “testa de ferro” ou “laranja”, para ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas “fantasmas”, utilizadas pelo alvo principal e os comparsas.
As provas coletadas pela polícia mostraram que o investigado e um comparsa criaram a identidade falsa de Antônio Amâncio Alves Mandarrari. para abrir conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.
As investigações apontam ainda que os investigados forjam relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, utilizando dados de contadores sem o consentimento deles. Os criminosos usavam declarações falsas e mantinham movimentações financeiras suspeitas entre eles, inclusive com o possível envio de valores para o exterior.
Ao Correio, o advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga, afirmou que foram apreendidos na casa do filho de Bolsonaro um aparelho celular, um HD e papéis com anotações particulares. "Não houve condução de Renan para depoimento ou qualquer outra medida. A defesa informa que foi recém-constituída, e que por isso não obteve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão. Renan informou estar surpreso, mas absolutamente tranquilo com o ocorrido", afirmou o defensor.