O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, é ouvido, na manhã desta quinta-feira (24/8), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). Cid está preso desde 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília.
Cid é ouvido na condição de testemunha pelos distritais, e a expectativa dos distritais é de que o militar conte o que sabe, principalmente após a mudança de advogado. Quem depõe nesta qualidade de testemunha se compromete a responder às perguntas formuladas e a falar a verdade.
Acompanhe a oitiva:
Antes de depor à CPI do 8 janeiro da CLDF, Cid prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, onde permaneceu calado, não respondendo nenhuma pergunta — o militar se recusou a informar até a sua própria idade.
O depoimento de Cid é tratado com otimismo pelos distritais, principalmente após as recentes declarações da nova defesa dele, o criminalista Cezar Bitencourt, dizendo que Cid iria “dedurar” o ex-presidente da República — mesmo que depois tenha voltado atrás. Será a primeira vez em que o militar aparecerá a público após essa repercussão.
O tenente-coronel está envolvido em várias investigações da Polícia Federal, como as joias sauditas, falsificação dos cartões de vacinação e o plano golpista para anular o resultado das eleições de 2022. O esquema de venda de objetos dado por autoridades ao então presidente teria começado ainda em janeiro deste ano, pouco dias após Bolsonaro chegar nos Estados Unidos (EUA).
90 dias e convocação de Delgatti
Os deputados distritais da Câmara Legislativa (CLDF) assinaram, na terça-feira (22/8), o requerimento que trata da prorrogação dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos por mais 90 dias. O texto foi assinado por todos os sete deputados titulares.
A medida foi adotada porque as sessões iriam encerrar em 8 de setembro. Após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir a prisão e oferecer denúncia contra a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o entendimento é de que seria necessário mais tempo para a comissão trabalhar — inclusive com a possível reconvocação dos oficiais já ouvidos pelos deputados.
Além da ampliação dos trabalhos, há previsto na pauta a votação de outros requerimentos, como o pedido de convocação do hacker Walter Delgatti Neto, na condição de testemunha. Ele já foi ouvido pela CPMI e detalhou que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) atuava como mediadora dos interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Walter, a parlamentar mandou ele invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e fez a ponte entre conversas com Bolsonaro.
Outros requerimentos, como a solicitação ao Comando Militar do Planalto (CMP) o encaminhamento de um ofício, além da solicitação para que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) esclareça sobre procedimentos adotados na segurança das instalações do Palácio do Planalto, incluindo documentos comprobatórios sobre a utilização do "Plano Escudo". No mesmo requerimento, pede que informações de inteligência recebidas pelo GSI por encaminhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ambos são de autoria do deputado Hermeto (MDB).
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