Por Naum Giló — O Distrito Federal teve uma redução expressiva no número de mortes violentas nos últimos anos. Entre 2020 e 2022, a incidência de crimes violentos intencionais por 100 mil habitantes caiu de 32 para 25, de acordo com o estudo divulgado nesta terça-feira (22/8) pelo ObservaDF, grupo de pesquisadores vinculados ao Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Eles usaram dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Por outro lado, o levantamento apontou um aumento, em 2022, do número de casos de estupros. A taxa, que já era alta, situada em 22/100 mil habitantes foi para 27/100 mil habitantes no mesmo período. A taxa nacional está em cerca de 37.
A notícia também não é boa em relação aos registros de violência doméstica, que se mantiveram estáveis, porém em níveis altos, com a taxa de 602 ocorrências/100 mil habitantes. Neste dado, chama atenção pela queda nos casos de violência contra a mulher nas regiões administrativas (RAs) mais pobres, passando de 911,7 para 880,9 a cada 100 mil habitantes. Nas regiões mais ricas, a taxa aumentou de 253,3 para 303,8.
Furtos e roubos apresentaram tendência de queda entre 2020 e 2022. Um dos destaques é o roubo a coletivos da capital, que caíram de 33 para 23 casos no período. Segundo a pesquisa, nas RAs de baixa renda, a diminuição foi ainda mais acentuada, de 70 para 30.
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Percepção
Além dos dados da SSP, a pesquisa também ouviu, em maio deste ano, 1001 pessoas residentes no DF, a fim de averiguar a percepção da população em relação à insegurança na capital. "Muito embora tenha havido uma queda acentuada em quase todos os indicadores de violência, é curioso que residentes de regiões ricas e pobres têm percepção semelhante sobre a insegurança", observa Frederico Bertholini, responsável pela pesquisa.
Outros dados revelam a contradição que, segundo Frederico, pode ser explicada pela exposição excessiva a notícias sobre violência. "A percepção de piora de criminalidade nos últimos 12 meses é bem menor quando os entrevistados foram perguntados sobre a vizinhança onde vivem do que no DF como todo", aponta o pesquisador. Para 62% das pessoas, a percepção da criminalidade nos últimos 12 meses no DF aumentou, porém apenas 30% tiveram a percepção de que a criminalidade aumentou em sua vizinhança.
"Isso pode fazer com que a pessoa se sinta segura em sua vizinhança, porque não recebe informações sobre a ocorrência de crimes em suas redes de proximidade, mas acredita que a criminalidade está aumentando no DF porque está exposta à ocorrência de crimes noticiados pela imprensa", aponta Bertholini.
A percepção majoritária da população em relação à atuação do governo do DF na área de segurança é de que nada mudou nos últimos 12 meses. No geral, a sensação de segurança da população ficou igual para cerca de 68% das pessoas, para 13% ela melhorou, e para 17% ela piorou. No caso específico da atuação do Poder Público na ocorrência de crimes, 33% das pessoas acreditam que piorou, ao passo que 9% das pessoas consideram que melhorou, enquanto 54% das pessoas creem que ficou igual.
A pesquisa também perguntou aos participantes sobre a sensação de insegurança ao andar nas ruas do DF. Para 39% da população há sensação insegura ao andar no bairro onde reside de dia, e 60% se sente insegura em andar no bairro onde reside à noite. Os locais de trabalho são percebidos como mais seguros, ao passo que 31% se sentem inseguros em andar nas ruas do bairro onde trabalha durante o dia e 45% se sentem inseguros em andar nestas ruas durante a noite. Mais detalhes do estudo podem ser conferidos no endereço observadf.org.br.
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