No segundo episódio do podcast Conversa com o Zé, o jornalista José Carlos Vieira recebeu o sommelier Tiago Pereira e o chef Gil Guimarães, para um papo sobre vinhos, gastronomia e Brasília. Além de contarem um pouco sobre suas trajetórias, os premiados profissionais abordaram a estreita relação que têm com a capital.
Gil, que é mineiro, veio cedo para Brasília, lugar que classificou como sua cidade do coração. "Por mais que eu seja ligado a Belo Horizonte e a minha família que mora lá, me sinto daqui, afinal, foi onde fiz minhas amizades, conheci minha esposa e onde meus filhos nasceram. Então, me sinto candango", comentou.
Para o chef, a falta de incentivo à gastronomia da capital, segmento muito ligado ao turismo, está associada à visão distorcida que os brasileiros têm daqui. "Muitos ainda enxergam Brasília só como uma cidade política e administrativa. Falta incentivo do governo local para mostrar que aqui é mais do que a sede do governo federal. Temos identidade própria e uma cultura gastronômica riquíssima e encantadora", destacou.
O responsável pelos empreendimentos Parrilha Burger, Frankie's Hot Dog e Baco Pizzaria reconheceu que levou um tempo para dar maior importância às iguarias do cerrado. Quando se abriu para essas experiências, encontrou-se. "É preciso ter orgulho da nossa terra. Os produtos artesanais daqui, por exemplo, são mais acessíveis do que em São Paulo, onde estive recentemente", pontuou. Hoje, a valorização da gastronomia de Brasília é uma missão para Gil.
Além de uma boa comida, o brasiliense não dispensa um ótimo vinho. Foi o que lembrou José Carlos, quando perguntou a Tiago o motivo de Brasília ser um dos principais mercados de vinhos do país. O especialista, considerado o melhor sommelier da capital, explicou que isso se deve à gastronomia da cidade e aos profissionais que sempre buscam se capacitar mais. "Na pandemia, as pessoas começaram a conhecer mais os produtos regionais da gastronomia, e o vinho se enquadra nessa categoria".
Mas, afinal, por onde começar no universo dos vinhos, dada a variedade de tipos e valores? Para o sommelier, o segredo está em adaptar o paladar e começar pelas opções mais leves. "Vinho não aceita desafios. Muitas adegas têm produtos com bom custo-benefício. Porém, é importante as pessoas conhecerem o próprio paladar, experimentando vinhos mais acessíveis para se acostumarem", disse. Aos poucos, o gosto vai se aprimorando e ocorre o que ele chama de harmonização.
Influências
Sobre a produção nacional, Tiago é enfático: "O Brasil faz vinhos maravilhosos". Em concordância, Gil lembrou que, quando abriu a Casa Baco, dizia se tratar de uma casa de cozinha italiana com influências brasileiras; hoje, reconhece-a como uma casa de cozinha brasileira com "influências da sua vida", que inclui lugares como Goiás, Minas Gerais e interior de São Paulo.
"Quando você começa a olhar para as suas origens, permite-se perceber maiores possibilidades de produtos e pratos", pontuou o chef. Sobre Brasília, ele ressaltou que "a gente precisa dar os presentes da nossa terra e mostrar o quão rica é Brasília."
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