A quadrilha junina Arroxa o Nó, do Distrito Federal, levou a melhor e venceu a 8ª edição do concurso nacional de quadrilhas Arraiá Brasil. O festival foi realizado pela Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e entorno e contou com a participação de grupos de diversos estados brasileiros, nos dias 5, 6 e 7 de agosto, no estacionamento da Administração Regional do Paranoá. Em segundo e terceiro lugar ficaram as juninas Fogo no Rabo (PA) e Pizada da Butina (TO).
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Com as arquibancadas lotadas na madrugada da segunda-feira (7/8), a Arroxa apresentou o espetáculo “Quem souber o que acontece, diga logo, foi ou não foi?”. A encenação fez um mergulho na cultura popular pernambucana através da manifestação do “boi-bumbá”. O grupo trouxe um repertório musical marcante que transitou entre os ritmos ciranda, coco, xaxado, forró, caboclinho e frevo. “Mesmo com horário elevado, tivemos um grande público presente, emanando energia positiva. Foi, sem dúvidas, uma das apresentações mais marcantes que fizemos. Os sentimentos são de gratidão, realização, alegria e felicidade. A gente tá muito feliz de ter conseguido conquistar esse título de melhor quadrilha do Arraiá Brasil. Ainda mais que é um concurso de nível nacional”, disse o diretor de comunicação da quadrilha, Jadson Castro.
A noite da apresentação vai ficar marcada no coração de todos os quadrilheiros da Arroxa e principalmente da noiva do grupo, a quadrilheira Ingrid Lohani. “Falar sobre esse título me traz uma sensação muito boa. Entramos tão tarde e mesmo assim encontramos uma plateia lotada. Entrar e fazer uma boa apresentação foi muito gratificante. Esse título para a gente foi como uma recompensa de uma temporada leve e cheia de emoções. Tenho certeza que foi única para muita gente. Fechar a temporada com esse trabalho e ter ele reconhecido em tantos lugares me traz uma sensação de dever cumprido. Eu viveria esse dia um milhão de vezes”.
O boi mugiu alto no arraial
Não é fácil conduzir a estrutura de quase 20 quilos do boi, grande protagonista do espetáculo da Arroxa o Nó. Para o quadrilheiro João Paulo Cavalcante - que está no grupo desde 2012 - interpretar o personagem foi o maior desafio que já viveu no movimento junino. “Eu nunca imaginei que eu pudesse conseguir fazer isso. Eu achava que era completamente difícil e que o boi era pesado. Tem gente que acha que é fácil mas demanda muito trabalho. O desafio maior foi quando começaram os ensaios com o boi mesmo e com as apresentações. Eu não conseguia enxergar nada e precisava de alguém para me guiar. O processo de construção do personagem foi bem intenso. Como tive apoio de toda a quadrilha, a experiência se tornou incrível. Nunca vou esquecer e vou levar para a vida toda”.
Espetáculo rico em dança, coreografias e efeitos visuais
A quadrilha entrou no arraial com aproximadamente 100 pessoas, entre dançarinos, personagens e produção. A apresentação foi marcada por muita dança, jogos coreográficos, animação e efeitos visuais. De acordo com a produção do espetáculo, para a encenação foram utilizadas 38 bombas de papel picado, 16 de chuva de prata, 32 de fogos e 10 de fumaça. Tudo para surpreender o grande público junto ao espetáculo marcante.
“É uma mistura de sensações e sentimentos. O título veio para coroar uma temporada maravilhosa que tivemos com o grupo. Foi uma temporada de muita dedicação, muito esforço e muito comprometimento. A gente passou por várias dificuldades dentro do processo, mas no final deu tudo certo. Conseguimos fazer uma belíssima apresentação. Nem o atraso conseguiu ser um problema para a gente, muito pelo contrário, usamos isso como um combustível para nos motivar a fazer uma apresentação linda, cheia de energia e emoção. Pudemos mostrar para o Brasil a nossa identidade e a nossa forma de dançar quadrilha”, conta Walter Júnior, noivo da quadrilha.
“O céu está em festa”
O troféu conquistado foi dedicado à fundadora do grupo, Dona Lourdes, que morreu em 2019, vítima das complicações de um câncer. A pernambucana era apaixonada por quadrilha junina e criou a Arroxa em 1999 com a intenção de proporcionar aos moradores do Paranoá um espaço de acolhimento, sociabilidade e produção cultural. O filho dela, Wagner Teixeira, atual presidente, conta que o último desejo da mãe era que a quadrilha continuasse de pé. “Ser campeã do Arraiá Brasil, principalmente em nossa cidade, foi um momento único. Momento de honrar a memória e o legado deixado pela minha mãe, Dona Lourdes. Nos últimos dias de vida, ela pediu para o grupo não acabar e não vir feio. Pediu para manter a honra da quadrilha viva. Na hora que saiu o resultado, eu estava lá atrás ajudando a desmontar o cenário e lembrando exatamente dela. Eu meio que reclamando e lembrando de quando eu tocava na noite e ela tava lá mexendo no traje, sem reclamar e feliz por tá fazendo o que ela gostava. Ela me ensinou a comemorar, mesmo diante do cansaço. Com toda a certeza, ela estava lá. O céu está em festa e é festa junina”.
Mais de 40 mil pessoas estiveram no evento, que contou com apoio da da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECECDF), da Confederação Brasileira de Entidades de Quadrilhas Juninas (CONFEBRAQ), do Serviço Social da Indústria (SESI) e da Administração Regional do Paranoá. O presidente da Linqdfe, Márcio Nunes revelou que os grupos de outros estados saíram felizes com a receptividade e o acolhimento dos grupos da região. “Além de tudo isso, só pelo fato da gente tá proporcionando esse intercâmbio cultural e possibilitando que as quadrilhas levem seus regionalismos para o arraial já foi gratificante. O Arraiá Brasil é isso! É o encontro das tradições e da cultura de cada estado. Encerramos as temporadas das festas com a sensação de dever cumprido. Este ano, superamos as expectativas. Agora é se preparar para 2024”.
Álbum: Grupo celebra vitória com troféu
Classificação Geral do Arraiá Brasil
1. Arroxa o Nó (DF) - 419,4
2. Fogo no Rabo (PA) - 419,0
3. Pizada da Butina (TO) - 419,0
4. Mandacaru do Sertão (PI) - 418,9
5. Uai São João (GO) - 418,4
6. Encanto do Oeste (BA) - 416,3
7. Os de Fora (MT) - 416,2
8. São Mateus (MG) - 415,4
9. Junina Sai de Baixo (MA) - 415,3
10. Ubando (PB) - 413,8
11. Matutos na Roça (AC) - 413,4
12. Ribuliço (DF) - Desclassificada
13. Araquém (RJ) - Desclassificada
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