O deputado Daniel Donizet pediu uma autorização de desfiliação do Partido Liberal (PL), nesta quarta-feira (16/8). O parlamentar era alvo de um processo na comissão de ética do diretório regional da sigla, após pedidos de investigação de filiados, em decorrência de denúncias de supostos crimes sexuais por parte dele. O pedido foi acatado por unanimidade pelo membros do diretório regional, que suspendeu as investigações até o distrital pedir a homologação do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF). Caso a corte dê aval para a saída, Donizet terá o processo arquivado.
Segundo o secretário-geral do PL e também distrital Thiago Manzoni, a decisão do colega foi apresentada no tempo limite de sua defesa. Na última segunda-feira (14/8), o PL abriu processo disciplinar contra Daniel Donizet, por suspeita de assédio sexual contra uma ex-servidora. A decisão do colegiado foi ato contínua a falta de resposta do parlamentar aos pedidos de explicação, em 12 de agosto, sobre as denúncias feitas ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
De acordo com a ata da reunião, os membros da legenda entenderam que houve inércia de Donizet, ao não se manifestar, como havia sido pedido pelo diretório. Por tratar-se de possível ato que atenta contra o estatuto do partido, foi aprovada por unanimidade a abertura do processo.
Após ser notificado pelo presidente da comissão deputado Thiago Manzoni, Donizet aguardou até o prazo limite — que vencia nesta quarta-feira — para apresentar o pedido de anuência. “Notificamos o deputado Daniel, o prazo dele para defesa era de 48 horas. O processo ético foi aberto porque recebemos uma representação feita no partido. Em face dela e das matérias jornalísticas, abrimos o processo para ele poder se defender. Neste prazo, ele apresentou um pedido de (autorização de) desfiliação, hoje pela manhã, e a executiva do partido decidiu anuir. Suspendeu o processo até a homologação do TRE-DF”, explicou Manzoni, que é secretário-executivo do PL.
A assessoria do deputado Daniel Donizet informou que o pedido serviu para que o distrital tenha respaldo do partido para sua saída, o que lhe foi dado. Ela afirma ainda que o parlamentar não tem, ainda, prazo para sua saída.
MDB
Um dos destinos partidários que podem receber Daniel Donizet é o MDB, do presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz, e do governador Ibaneis Rocha. A sigla é a maior da CLDF, que atualmente com cinco parlamentares. “Essa possibilidade foi trazida por alguns colegas, mas não pelo próprio deputado. Caso a saída dele seja de forma acordada, qualquer partido teria interesse, afirma um membro do partido que preferiu não se identificar.
Por outro lado, outros membros do partido temem que uma possível ida de Daniel Donizet crie um problema com as mulheres filiadas à legenda. “Se ele procurar, não terá clima (para a entrada dele).”
Saiba Mais
O caso
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu, em 19 de julho, denúncias de supostos atos de assédio sexual do deputado distrital Daniel Donizet cometidos contra assessoras que trabalharam na Administração Regional do Gama e em seu gabinete na Câmara Legislativa (CLDF). Ao menos uma possível vítima esteve no MPDFT e relatou que o parlamentar tocou seu cabelo e seu corpo, durante uma festa, a chamando de "gostosa". As investigações seguem em sigilo.
Segundo a denúncia apresentada, a suposta vítima conheceu Daniel Donizet em 2021, apresentada por um amigo em comum. Logo, ela foi nomeada para um cargo na Administração do Gama. Em junho de 2022, se encontraram em uma festa. A suposta vítima afirmou que não bebe, mas que o distrital estaria muito alcoolizado. Em estado de embriaguez, ele teria passado a mão em seu cabelo, pego em sua cintura e falado ao seu ouvido: "Ali (no salão de festas) é igual a BBB (Big Brother Brasil), todas passam na minha mão" (sic), e fez gestos sinalizando que todas as apoiadoras estavam inseridas no contexto.
A mulher relatou ao MPDFT que o deputado dizia olhar o Instagram de todas as servidoras, enquanto continuava a passar a mão em seu corpo e a chamava de "gostosa". Constrangida, ela disse para a sua mãe que Daniel Donizet se comportava como um "animal no cio" e que estava com nojo dele. A suposta vítima disse que o deputado fazia o mesmo com outras assessoras comissionadas. Ela relata, ainda, que dias após esse encontro, teria recebido convite do distrital, por uma rede social, para sair. A suposta vítima informou que tentou negar sem dizer "não", por medo de ser exonerada do cargo.
A funcionária contou que ela e outra servidora da CLDF teriam ido almoçar com o deputado e um assessor, em um bar, no Gama, e, em seguida, foram convidadas para ir ao motel com eles, o que foi negado por elas.
Exonerada
Segundo a depoente, em setembro de 2022 ela foi à Câmara Legislativa para relatar os problemas ao chefe de gabinete de Daniel Donizet — o fez apenas oralmente. O deputado teria deixado de segui-la nas redes sociais e dois meses depois ela diz ter sido exonerada do cargo na administração.
Colaborou Pablo Giovanni